Prof. Henrique José de Souza, uma Grande Alma

“Enquanto a Humanidade não reconhecer o Avatara, nunca será feliz. O Avatara é …Deus! É preciso que Ele seja reconhecido como Divindade. Isso precisa ficar bem batido, para que haja compreensão desse mistério. Eles aparecem na terra para diminuir seu peso. Para provar ao Mundo a existência Deles (os Avataras), veio ao Mundo Budha e, depois, Cristo. Deus veio duas vezes para o bem da Humanidade! Depois, virão os Dois Jovens, como confirmação da presença de Deus.”
28 de julho de 1963
JHS
“Deus é a energia cósmica universal que habita dentro de você e de tudo o que existe nos universos infinitos, dando-lhe vida e força. Confie nessa força inesgotável que está dentro de você. Mantenha a sua mente ligada a ela. Sorria diante das dificuldades e confie Naquele que fortalece e vivifica.”
JHS

“A arte vital, a arte da evolução humana, é bem superior a todas as artes, porque é a arte por excelência. O mundo é uma grande tela que o verdadeiro teósofo ou ocultista (vale dizer, o eubiota), como eterno criador, deve aperfeiçoar cada vez mais, a si mesmo se aperfeiçoando…”

JHS

“Conhecimento, liberdade e responsabilidade são essencialmente as características do Homem e também do caminho direto de seu progresso para outros estados superiores. ”

JHS

Pequeno Oráculo – Prof. Henrique José de Souza

 

 

A Terra Oca – Agharta

A teoria de uma terra oca foi primeiro formulada por um escritor americano, William Reed, em 1906, e mais tarde ampliada por outro americano, Marshall B. Gardner, em 1920. Em 1959, F. Amadeo Giannini escreveu o primeiro livro no assunto, desde o de Gardner, e no mesmo ano Ray Palmer, editou da revista Flying Saucers, ampliou a teoria, para fornecer uma explicação lógica para a origem dos discos voadores.

As teorias de Reed e Gardner encontraram confirmação nas expedições ao Ártico e à Antártica, do Contra-Almirante Richard E. Byrd, em 1947 e 1956, respectivamente, que penetraram por 2.730 quilômetros além do Pólo Norte e 3.690 quilômetros além do Pólo Sul, num novo e desconhecido território, sem gelo, não registrado nos mapas, estendendo-se dentro das depressões polares e nas aberturas que levam ao interior oco da Terra. A verdadeira significação das grandes descobertas do Almirante Byrd foi silenciada, logo depois que enviou seu relatório pelo rádio do seu avião, e não recebeu a merecida atenção até que Giannini e Palmer publicaram o assunto. Explanaremos abaixo a razão pela qual esta informação foi suprimida do público, muito embora diga respeito a uma das maiores descobertas geográficas da história, bem maior do que a descoberta da América por Colombo, pois enquanto Colombo descobriu um novo continente, Byrd descobriu um Mundo Novo, com uma área de terras igual ou maior do que a inteira superfície de terras do Globo.

A descoberta do Almirante Byrd é hoje um importante segredo capital internacional, e tem sido assim desde que foi feita, em 1947. Depois que Byrd fez a sua comunicação pelo rádio de seu avião, e depois de uma curta notícia da imprensa, todas as declarações subseqüentes sobre o assunto foram cuidadosamente suprimidas pelas agências governamentais. Houve uma razão importante para isto. Antes de partir no seu vôo de sete horas, de sua base ártica, sobre terra sem gelo, além do Pólo Norte (que ia para o interior da Terra), o Almirante Byrd disse: “

Gostaria de ver aquela terra além do Pólo. Aquela terra além do Pólo é o centro do Grande Desconhecido

O Almirante Byrd não cruzou sobre o Pólo Norte e viajou 2.730 quilômetros para o sul, no seu outro lado. Se o tivesse feito, penetraria em território obstruído pelo gelo. Ao contrário, penetrou numa terra de clima cálido, livre de gelo e neve, constituída de florestas, montanhas, lagos, vegetação e vida animal. Esta nova terra desconhecida, sobre a qual ele voou por 2.730 quilômetros, e que não constava de qualquer mapa, existia dentro da abertura polar, que leva ao interior oco da Terra, onde é mais quente do que no lado de fora, que é ali uma terra de gelo e neve.

Se o Almirante Byrd fez uma descoberta tão transcendental, indubitavelmente a maior da história, de uma área de terra desconhecida, de extensão indeterminada, sobre a qual a sua expedição voou por um total de 6.420 quilômetros, nos dois pólos, e cuja área é provavelmente tão larga quanto comprida, uma vez que Byrd regressou antes de alcançar o seu fim, ela é possivelmente muito maior do que 6.420 quilômetros em cada direção, e então seria do interesse do Governo dos EUA conservar esta descoberta em segredo, para que outras nações não soubessem dela e não pretendessem este território para si.

Desde a última parte do século XIX e principalmente na segunda metade do século XX que têm sido feitas muitas tentativas de comprovar a existência da “Terra Oca”, tal como o tinha demonstrado o Almirante Richard Byrd nas suas expedições aos Polos (Norte e Sul) onde penetrou pelos mesmos, respectivamente 2.730 e 3.690 Km numa extensão para o interior da Terra onde viu não gelo nem neve, mas sim vastas áreas de montanhas, florestas, vegetação, lagos e rios numa “Terra de Eterno Mistério” como dizia. Nas suas expedições feitas, respectivamente, nos anos de 1947 e 1956 ao Ártico e Antártica, Byrd teria penetrado assim (ou adentrado) um total de 6.420 Km pelas concavidades polares que se estendem para o interior da Terra.

Dado que por razões geográficas é impossível voar uma extensão de 2750 km além do Pólo Norte e 3700 km além do Pólo Sul sem ver água ou gelo, parece lógico que o vice-almirante Byrd deve ter voado adentrando o Planeta por enormes cavidades convexas dos pólos.

Era para provar tudo isto que estava preparada uma nova expedição conjunta ao Polo Norte no ano de 2007, chefiada por norte-americanos mas com russos fazendo parte da equipa.

A viagem estava preparada para o dia 4 de Julho a partir de Murmansk na Rússia, por mar, com retorno previsto para o dia 17 do mesmo mês, mas acabou por ficar adiada para 2008 por não terem sido reunidas as verbas necessárias para o efeito ou por outras razões. De resto nunca poderá ser bem sucedida se as intenções não forem de ordem espiritual, pois os dois paises em questão têm ambições desmedidas, mais de ordem material, havendo já disputas por causa do petróleo debaixo daquelas regiões geladas onde o Canadá também reclama seus direitos territoriais…

Enfim, já em 2006 a viagem tinha sido anulada pela morte repentina de um dos seus organizadores, o famoso expedicionista Steve Currey (EUA) no dia 26 de Julho desse ano.

Agora a equipa expedicionária seria constituida por 100 pessoas, abrangendo geólogos, geofísicos, geógrafos e biólogos, organizada pela Phoenix Science Foundation no Estado de Kentucky (EUA), e a North Pole Inner Earth Expedition – NPIEE, que utilizaria o navio nuclear russo quebra-gelos, de nome Yamal, fretado para essa mesma finalidade.

hollow_earth_complete_shell_model.gif Pictures, Images and Photos

“Acreditamos que esta possa ser a maior expedição geológica da História do Mundo”, dizia o Presidente Brooks Agnew, da Phoenix, quando foi entrevistado sobre o assunto, acrescentando ainda que: «Chegámos ao fim de todos os dados conhecidos sobre a estrutura do planeta e ainda assim persiste a teoria de que os planetas são esferas ocas… Estaremos formando uma equipa de cientistas e engenheiros para reunir e registar dados nunca vistos antes». A expedição contaria com 100 lugares no barco distribuidos do seguinte modo: 33 cientistas e engenheiros (é curioso o número pois é hermético); 15 cineastas e fotógrafos; 5 peritos de comunicação e técnicos em lincagem com satélite; 23 instrutores de Exopolítica e Embaixadores (para estabelecer que tipo de relações diplomáticas e com quem); e 24 membros da equipa original. Tudo isto induz a tirar três conclusões óbvias:

1º – Que o governo dos EUA sabe, sempre soube, da existência da “Terra Oca” e do Mistério dos Polos e da verdade dos MUNDOS SUBTERRÂNEOS, como também os demais sabem (Rússia, França, Irão, Israel, Inglaterra, India, China, etc.) inclusive Portugal onde nos anos de 1978-80 uma equipa científica franco-americana apetrechada com o melhor material técnico de então, esteve na Serra de SINTRA (lugar de profundos mistérios e enigmas de Portugal) tentando estabelecer contacto a adentrar a “Terra Oca”, sabendo-se de fonte segura que houve contacto e que o resultado de tudo isso quase redundou em tragédia para os participantes que, da noite para o dia, subitamente abandonaram o projecto saindo às pressas do país. «Sabemos o que aconteceu, mas não relataremos aqui. Tão-só adiantamos que “Não se penetra impunemente em casa alheia sem ser convidado”», diz a Directoria da revista “PAX” da C.T.P. (Comunidade Teúrgica Portuguesa), de cuja autoria é a maior parte deste artigo;

2º – Que o interesse da Fundação Phoenix e seus patrocinadores é (ou pode ser apenas) exclusivamente COMERCIAL, pelo que a tentativa de descobrir a “Terra Oca” a partir do Polo Norte terá um único motivo de conquistar ou usurpar talvez suas riquezas e recursos naturais. Por isso se vê quão louca está a América do Norte, dona imperial do Mundo conhecido, pretender agora também ter domínio próprio do mundo desconhecido. Se puder claro!;

3º – O Dr. Brooks não foi sincero na sua entrevista quando afirmou que “nunca houve dados de fonte alguma colectados desta área do nosso planeta”. Certamente sabe a verdade mas profere uma mentira consciente, impedido ou não de dizer claramente aquilo que seria um reconhecimento público sobre o assunto que o governo dos EUA não quer que se saiba, como de resto outras coisas que tem escondido em relação aos OVNIS e suas origens (ou parte delas).

Doutro modo, foi em 1947 que o próprio Richard Byrd começou a escrever suas memórias num Diário que conservou secreto até à sua morte (em 1958), impedido de falar sobre o assunto pelo próprio governo norte-americano que o forçou a fazer voto de sigilo. Esse Diário, porém, foi descoberto e publicado em 1992, sendo que nele se descreve o encontro do Almirante com tripulantes de naves, homens altos, louros, de olhos azuis, pertencentes a um povo altamente evoluido do Mundo Interno, conhecido há milhares de anos como o povo de Agharta.

No Diário, Richard Byrd escreveria mesmo no dia 11 de Março de 1947, o seguinte:

«Acabo de participar de uma reunião no Pentágono. Relatei integralmente o que descobri e a Mensagem que trouxe para os governantes do Mundo exterior. Tudo foi devidamente gravado. O Presidente dos EUA foi avisado. Fui detido por várias horas (seis horas e trinta e nove minutos para ser exacto). Fui exaustivamente interrogado pelas Forças de Segurança Máxima e por uma equipa médica. Foi uma grande provação! Fui colocado sob estrita vigilância pelo Serviço de Segurança e ordenaram-me que permanecesse em silêncio quanto a tudo o que descobri. E lembraram-me de que sou um militar e que devo obedecer ás ordens».

No dia 30-12-1956, Byrd faz sua última anotação, escrevendo no Diário o seguinte:

«Os últimos anos que passaram desde 1947 não foram bons… Faço agora a minha última anotação neste diário singular. Terminando, devo declarar que, fielmente, mantive o assunto em segredo, conforme ordenado, por todos estes anos. Foi completamente contra os meus princípios morais, mas agora parece-me pressentir a chegada da longa noite e esse segredo não morrerá comigo, mas, como deve ser com tudo o que é verdade, deverá esta triunfar. Ele poderá ser a única esperança para a Espécie Humana. Eu vi a Verdade e ela vivificou o meu espírito e me libertou! Cumpri com o meu dever para com o monstruoso complexo militar. Agora, a longa noite começa a aparecer mas não será um fim. Quando a longa noite do Ártico terminar, o Sol brilhante da Verdade voltará… e os que foram da escuridão cairão com a sua Luz… Pois eu vi aquela Terra além do Polo, aquele Centro do Grande Desconhecido».

Na verdade, muitos são os autores (ver aqui) que falam de uma civilização avançada no interior da Terra desde o tempo da lendária Atlântida. O próprio herói babilônio Gilgamesh teria visitado seu antepassado Utnapishtim nas entranhas da Terra. Na mitologia grega diz-se que Orfeu teria resgatado Eurídice desse mundo subterrâneo e os faraós do Egipto comunicavam-se com o mundo interior, onde desciam através de túneis secretos ocultos nas pirâmides. Os lamas tibetanos ou hindus budistas acreditam ainda que milhões de pessoas vivem em Agharta, um paraíso subterrâneo governado pelo Rei do Mundo.

A Cosmogénese (Criação do Universo) – Por Vitor Manuel Adrião

A Cosmogénese (Criação do Universo) – Por Vitor Manuel Adrião

 

Sintra, 1980

 

«No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Este estava com Deus, no princípio. Por Ele foram feitas todas as coisas; e nada do que foi feito, foi feito sem Ele. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens, e a Luz brilha nas Trevas, mas as Trevas não a prenderam.» – Evangelho de São João, Prólogo, 1:5.

O Verbo é a Divindade manifestada como Logos Solar; as Trevas, a Substância Absoluta donde o mesmo brotou à Manifestação cíclica que tomou forma como Sistema Solar; por Ele ou Nele este Universo sistémico foi formado através dos seus Sete Filhos Autogerados em seu Seio, os Luzeiros, Dhyan-Choans ou Logos Planetários – Sete para um Oitavo, o Gerador.

À Substância Absoluta, “Trevas Primordiais”, os hindus chamam de Svabhâvat, os judeus de Ain-Soph e os gnósticos de Ab-Soo; à “Luz Vital” de Prana e Alento de Vida; ao “desprendimento da Luz das Trevas” de Manvantara ou Manifestação Universal; ao “Verbo que é Deus” de Maha-Vishnu ou Cristo Universal em sua Segunda Hipóstase Amor-Sabedoria – o Amor acalentador dos elementos e a Sabedoria iluminadora das consciências.

Saído da Substância Absoluta o 8.º Logos toma Vida como Prana e toma Luz como Fohat ou Electricidade Cósmica, o dínamo fundamental da dinamização e agregação dos elementos ou átomos primordiais recém-diferenciados ou saídos da Substância Informe.

Por sua vez, do Seio iluminado desse 8.º Logos assim elevado a Logoi como Espírito Universal, irromperam 7 Consciências que paulatinamente tomaram forma as quais constituem os Corpos do Logos Solar, os 7 Mundos deste Universo, do mais subtil ao mais espesso, servindo-se de Fohat como dinamizador dos elementos que foram agregando-se cada vez com maior intensidade até «densificar» essa Energia Primordial que, como Luz, se tornou Fogo Criador, o agregador dos elementos da Matéria ou Prakriti saída do Espírito ou Purusha, ou seja, o Electromagnetismo Cósmico possuído do nome tradicional Kundalini.

Cada uma das 7 Consciências promanadas da 8.ª Maior constitui uma Veste do Eterno. Os hindus chamam-lhes Dhyan-Choans, os judeus de 7 Espíritos Diante do Trono, os cristãos de 7 Arcanjos – os quais são representados no candelabro de sete tramos inflamados ou menorah – e os teúrgicos e teósofos de Logos Planetários ou Luzeiros. Possuem os seus nomes tradicionais associados aos planetas dos sete dias da semana, de domingo a sábado: Mikael (Sol), Gabriel (Lua), Samael (Marte), Rafael (Mercúrio), Sakiel (Júpiter), Anael (Vénus), Kassiel (Saturno).

As “Sete Vestes do Eterno” correspondem a sete estados vibratórios distintos, do mais subtil ao mais denso, assumidos pelas respectivas Consciências Cósmicas que por eles tomam forma. De maneira que tais estados são chamados de Planos ou Esferas. “Planos” por serem localizações onde a Alma evoluinte se fixa temporariamente de acordo com a sua afinidade ao meio cósmico circundante (um ser emocional fixa-se no Plano das Emoções, tal como um ser mental fixa-se no Plano dos Pensamentos…). “Esferas” por esses estados energéticos distenderem-se esfericamente até dado ponto, preenchendo tudo com a sua tónica afim, graduada em sete tonalidades distintas às quais se chamam Sub-Esferas ou Sub-Planos.

Consequentemente, há 7 Planos cada qual com 7 Sub-Planos, o que perfaz um total de 49 Planos, do mais material ao mais espiritual, indo compor o Esquema de Evolução Universal. O Jacob bíblico vislumbrou-o num sonho profético como uma infinda “Escada ligando a Terra ao Céu”, o que deu vazão ao conceito dos “Sete Céus” do Cristianismo, mas que já o Hinduísmo e o Budismo possuíam como as “Sete Lokas” ou “Mundos”.

Os seus nomes tradicionais, são:

Português  –  Sânscrito

1.º) Mundo Espiritual – Nirvânico ou Átmico

2.º) Mundo Intuicional – Búdhico

3.º) Mundo Causal ou Mental Superior – Manas Arrupa

4.º) Mundo Mental Inferior ou Intelectivo – Manas Rupa

5.º) Mundo Emocional, Psíquico ou Astral – Kamásico ou Kama-Rupa

6.º) Mundo Etérico ou Vital – Linga-Sharira

7.º) Mundo Físico ou Denso – Stula-Sharira

Cada um desses Mundos recebe o impacto vivificador de um Raio Planetário emitido pelo respectivo Luzeiro, o que lhe confere tonalidade e vibração distintas dos demais. Mesmo assim, graças ao Raio Único ou Solitário de Fohat emitido pelo Eterno, depois diferenciando-se nas diversas correntes electromagnéticas unindo os 7 Mundos entre si, essa Luz Primordial ilumina a todos eles que, por sua natureza cada vez mais bioplástica por maior rarefacção, interpenetram-se a ponto parecerem uma só Esfera ultraluminosa trepidante, plena de vibração, motivo para Pitágoras a celebrar como “Música das Esferas” e os Iluminados hindus a consignarem “Shiva-Natarashi”, que é dizer em termos ocidentais, a “Dança do Espírito Santo”, ou seja, o 3.º Aspecto ou Hipóstase do Logos Único no acto universal de agregar os elementos atómicos para originar o Mundo das Formas em que tudo e todos evoluem como a manifestada Vida Universal.

Essa é a razão dos clarividentes menos aptos vislumbrarem o Mundo subtil como uma só Esfera, mas que os mais aptos verificam tratar-se não de uma mas de várias desdobradas a partir da Física densa e assim, apesar de interpenetradas, a Etérica sobressaindo da Física, a Astral da Etérica e a Mental da Astral. Os clarividentes bem desenvolvidos também apercebem que cada um desses Mundos possui a sua própria nota musical ou tom vibratório, a sua cor específica resultante do Raio Planetário, e a sua forma geométrica atómica dada pela órbita dos respectivos átomos.

Ao tipo de vibração específica de cada átomo primordial a Tradição chama tan-mâtra, e à sua vibração ondulatória ou móvel, de tatva. Cada um destes tatvas é animado pelo Raio Planetário de um Ishvara ou Logos, que lhe imprime a sua tónica. Por sua vez, o tipo de vibração específica (tân-mâtra) do átomo, podendo ser mais rápida, compassada ou lenta, é impressa pelas respectivas “qualidades subtis da matéria” chamadas gunas, que são: Satva (centrífuga), Rajas (rítmica, equilibrante) e Tamas (centrípeta). Estas “qualidades subtis” assistem às Três Hipóstases do Logos Único, da mais densa à mais subtil, como seja, da Terceira à Primeira Hipóstase ou Aspecto, sendo a Segunda o Mundo Intermediário que une ou desune, como Alma Universal, o Mundo Inferior da Matéria (Prakriti) e o Mundo Superior do Espírito (Purusha).

É assim que se obtém o número cabalístico do próprio Eterno: 137. Que é dizer, o Deus Único se triparte em Três Aspectos e manifesta-se através de Sete estados de Consciência, o que firma a palavra LEI como 137 transposto de números para letras:A soma e extracção do valor 137 dá 2, algarismo geminal do Pai-Mãe Cósmico manifestado como Fohat e Kundalini, para que do atrito de ambos nasça o Filho, o Universo físico, o Mundo das Formas, Ele que, amparado ou alentado pelos Progenitores, sendo o Terceiro Aspecto acaba figurando como Segundo, por ficar permeio ao Pai e à Mãe Cósmicos, como se pode observar na iconologia tradicional das várias Trindades (Brahma – Vishnu – Shiva; Osíris – Hórus – Ísis; Kether – Chokmah – Binah; Pai – Filho – Espírito Santo, etc.).

O esquema seguinte confere uma compreensão exacta do grande Plano Físico Cósmico (Prakriti) cujos 7 sub-planos – para nós, mortais, sendo grandes Planos, mas para os Deuses, os Excelsos Ishvaras, e muito mais para o Logos Solar, tão-só sub-planos – são os mesmos desde o Espiritual ao Físico:

TRÊS EM UM, O UNO-TRINO, O ABSOLUTO:

PAI (SATVA)

MÃE (RAJAS)

FILHO (TAMAS)

MUNDO ESPIRITUAL = SAKIEL – JÚPITER – ADI-TATVA (ATÓMICO)

MUNDO INTUICIONAL = RAFAEL – MERCÚRIO – ANUPADAKA-TATVA (SUBATÓMICO)

MUNDO MENTAL SUPERIOR – ANAEL – VÉNUS – AKASHA-TATVA (ÉTER)

MUNDO MENTAL INFERIOR – KASSIEL – SATURNO – VAYU-TATVA (AR)

MUNDO EMOCIONAL – SAMAEL – MARTE – TEJAS-TATVA (FOGO)

MUNDO VITAL – GABRIEL – LUA – APAS-TATVA (ÁGUA)

MUNDO FÍSICO – MIKAEL – SOL – PRITIVI-TATVA (TERRA)

Pois bem, para que um Logos Planetário se transforme num Logos Solar tem que encarnar ou manifestar-se sete vezes através de um Sistema de Evolução Universal, também chamado de Esquema Planetário, acompanhando-o nessa marcha avante todas as Vagas de Vida evoluindo em seu seio. A Tradição Iniciática informa que o nosso Logos Planetário já encarnou três vezes e agora estamos no 4.º Sistema de Evolução Universal. Que este Sistema comporta sete Cadeias Planetárias (Manuântaras ou Manvantaras, em sânscrito, Períodos de Actividade Universal em que há, entre o anterior e o posterior, o respectivo Período de Repouso Universal ou de assimilação das experiências colhidas, o que em sânscrito se chama Pralaya), cada uma com uma duração tão longa que parece uma eternidade, a ponto dos hindus lhes chamarem “Dias de Brahma” e que são os mesmos “Sete Dias da Criação”, assinalados logo ao começo da Bíblia. A mesma Tradição Iniciática das Idades informa que estamos no 4.º Dia ou Cadeia, nesta onde tudo e todos paulatinamente vão realizando a marcha triunfal da Evolução.

Por seu turno, cada Cadeia ou processo de encadeamento de um Logos Planetário ao Mundo das Formas em que se manifesta – para o comum dos mortais, como Deus Absoluto – compõe-se de sete Globos que girando sobre si mesmos perfazem sete Voltas ou Rondas que são, afinal de contas, o dínamo, a alavanca charneira interior do movimento evolucional da Cadeia. Estamos na 4.ª Ronda da actual 4.ª Cadeia do presente 4.º Sistema de Evolução Universal. Em cada Ronda manifestam-se sete tipos de Consciência indo caracterizar 7 Raças-Mães distintas, cada qual com as suas sete sub-raças, ramos, tribos, etc., as quais também se manifestam gradualmente. Hoje estamos na 5.ª Raça-Mãe em sua 5.ª sub-raça.

No final de sete Sistemas de Evolução Universal nos quais o Logos Planetário se desenvolve, acompanhado da sua Criação, gera-se um 8.º Sistema ou Universo, ou seja, nasce um Sistema Solar das experiências realizadas ao longo dos sete Sistemas Planetários, indo Ele ocupar o centro do mesmo tomando a forma de Astro-Rei ou Sol Central.Por ordem, tem-se:

– Um Sistema Solar nasce de sete Sistemas de Evolução Planetária.

– Um Sistema de Evolução Planetária é composto de sete Cadeias Planetárias.

– Uma Cadeia Planetária compõe-se de sete Globos perfazendo sete Rondas.

– Uma Ronda engloba sete Raças-Raízes ou Mães.

– Uma Raça-Raiz é o total de sete Sub-Raças.

– Uma Sub-Raça é o todo de 7 Ramos Raciais indo constituir-se 8.º Ramo Síntese.

Na ordem cósmica actual, a Evolução do nosso Universo está nas seguintes posições:

– O Sistema Solar está na sua 2.ª Encarnação ou Manifestação sistémica.

– O Sistema de Evolução Planetária está na sua 4.ª Manifestação.

– A Evolução dentro do 4.º Sistema ocupa a 4.ª Cadeia.

– A Evolução na 4.ª Cadeia está no 4.º Globo em sua 4.ª Ronda.

– A Evolução na 4.ª Ronda já passou a metade e está na 5.ª Raça-Raiz.

– A Evolução na 5.ª Raça-Raiz está se fazendo na 5.ª Sub-Raça.

Com o término do 3.º Sistema de Evolução iniciou-se o actual 4.º Sistema na sua 1.ª Cadeia, passando as Vagas de Vida triunfantes da sua evolução ulterior para a posterior, nessa mesma Cadeia que veio a chamar-se de Saturno, por a Evolução se processar no espaço ocupado actualmente por esse planeta. Terminada a Cadeia de Saturno, a Evolução prosseguiu depois nas proximidades do Sol, e chamou-se de Cadeia Solar. Cumprida esta, veio a Cadeia Lunar cujo desenvolvimento fez-se no espaço ocupado pelo actual satélite da Terra, tornando-se planeta morto quando a Evolução reapareceu na presente 4.ª Cadeia Terrestre, onde o nosso Globo e os sete Tipos de Vida ou Hierarquias se desenvolvem sob o impulso de Marte. Para que o 4.º Sistema de Evolução fique completo faltam ainda realizar-se três Cadeias, as de Vénus, Mercúrio e Júpiter, respectivamente ocupando os espaços desses planetas, também eles, como todos, desenrolando-se na marcha avante.

As sete Vagas de Vida que se transferiram do Sistema de Evolução anterior para a 1.ª Cadeia do Sistema actual, por ordem de entrada, foram as seguintes:

1.ª) Humana ou Jiva

2.ª) Animal

3.ª) Vegetal

4.ª) Mineral

5.ª) Elemental Aquoso

6.ª) Elemental Fogoso

7.ª) Elemental Aéreo

Tendo a dirigi-las três Hierarquias Espirituais, portadoras dos seguintes nomes tradicionais:

1.ª) Assuras ou Arqueus

2.ª) Agnisvattas ou Arcanjos

3.ª) Barishads ou Anjos

Por sua vez dirigidas por outras tantas Hierarquias Criadoras, como sejam:

1.ª) Leões de Fogo ou Tronos

2.ª) Olhos e Ouvidos Alerta ou Querubins

3.ª) Virgens da Vida ou Serafins

Acima de todas, o próprio LOGOS ETERNO, Deus Pai-Mãe, Fonte de toda a Vida e Consciência, meta última a alcançar por todas as vidas e consciências em evolução no Mundo das Formas.

Da 1.ª Cadeia de Saturno à 4.ª Cadeia Terrestre, a actual, a Evolução ou Iniciação Verdadeira das vidas e consciências manifestadas processou-se da maneira seguinte:

1.ª Cadeia → 2.ª Cadeia → 3.ª Cadeia → 4.ª Cadeia

Mineral → Vegetal → Animal → Humano

Vegetal → Animal → Humano → Anjo

Animal → Humano → Anjo → Arcanjo

Humano → Anjo → Arcanjo → Arqueu

Pelo que nas três Cadeias Planetárias que faltam cumprir-se, a Evolução deve prosseguir na mesma sequência:

5.ª Cadeia → 6.ª Cadeia → 7.ª Cadeia

Anjo → Arcanjo → Arqueu

Arcanjo → Arqueu → Serafim

Arqueu → Serafim → Querubim

Serafim → Querubim → Trono

Querubim → Trono → Logos

Trono → Logos → Absoluto

Se o Jiva, o Homem actual, começou a sua evolução no Reino Mineral no longínquo Manvantara saturnino até se tornar o que hoje é, então a sua meta presente é alcançar o estado de Barishad, de Anjo, o que equivale ao Andrógino Alado da futura Cadeia de Vénus, a da Exaltação da Divindade.

Antero de Quental, no seu poema Evolução, deixou muito bem e significativamente descrito o percurso da Mónada Humana pelos vários Reinos Naturais até ser o que hoje é, e aspirar a ter asas e voar como um Anjo no mar etéreo de uma nova Eternidade:

 

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo,

Tronco ou ramo na incógnita floresta…

Onda, espumei, quebrando-me na aresta

Do granito, antiquíssimo inimigo.

 

Rugi, fera talvez, buscando abrigo,

Na caverna que ensombra urzes e giesta;

Ou, monstro primitivo, ergui a testa

No limioso paul, glauco pascigo…

 

Hoje sou homem, e na sombra enorme

Vejo, a meus pés, a escada multiforme,

Que desce em espirais na imensidade…

 

Interrogo o infinito e às vezes choro…

Mas, estendo as mãos no vácuo,

Adoro e aspiro unicamente à liberdade.

 

OBRAS CONSULTADAS

 

Henrique José de Souza, Livro das Cadeias – A, Acervo Privado, 1953.

Henrique José de Souza, Livro das Cadeias – B, Acervo Privado, 1954.

Henrique José de Souza, Cosmogénese. Revista “Dhâranâ”, Ano LIII, Série Transformação, N.º 4 – 3.º e 4.º trimestre de 1978.

Helena P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, Volume I – Cosmogénese. Editora Pensamento, São Paulo.

Roberto Lucíola, Cosmogénese. Caderno “Fiat Lux” – 1, Dezembro de 1994, São Lourenço, Minas Gerais, Brasil.

Sebastião Vieira Vidal, Série Astaroth. Edição Sociedade Teosófica Brasileira.

Comunidade Teúrgica Portuguesa, apostilas reservadas do Grau Yama.

 

Subterrâneos de Sintra

Subterrâneos de Sintra

O MISTÉRIO INCRÍVEL DOS SUBTERRÂNEOS DE SINTRA

(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN “CORREIO DA MANHÔ, 13.10.1985)

Uma verdadeira cidade subterrânea, formada por túneis e grandes galerias, a partir do Castelo da Penha e construídos pelos Mouros e pelos Templários há cerca de oito séculos, faz com que a Serra de Sintra se pareça mais com um enorme queijo “Gruyère” do que com uma montanha a quem já Ptolomeu apelidava de Montanha da Lua, nome aliás repetido por Camões quando a ela se refere, em verso, nos “Lusíadas”.

Em tempos ainda mais remotos Festo Avieno chamou-lhe Ofiusa, palavra de
origem grega significando “terra da serpente”. Serpentes seriam, segundo vários
autores mais dados à História superficial, os ídolos das tribos indígenas mas
não se pode olvidar o facto de os Iniciados em determinada Via do Conhecimento
serem conhecidos por idêntico nome.

Por seu lado o cruzado Osborne, um dos voluntários estrangeiros na conquista
de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques e, quanto a nós, o primeiro repórter da História de Portugal, sobre a Serra de Sintra referiu, nas suas crónicas, que se tratava de uma região tão enigmática ao ponto das éguas ficarem prenhas apenas devido ao vento…

UM CASTELO ONDE ACONTECEM COISAS ESTRANHAS

Estes particularismos, narrados em velhos alfarrábios, não chegaram ao conhecimento do reformado Abílio Duarte, guarda em sistema de voluntariado do
secular Castelo dos Mouros, em Sintra, mas isso não impede que, em compensação,
não nos garanta:

– Aqui no castelo acontecem coisas estranhas. As pedras até parece que crescem, tal qual como as pessoas.

Mesmo dando de barato esta opinião, deveras polémica, não deixaremos de referir que Abílio Duarte nos adiantou pormenores sobre a existência dos túneis da Serra da Lua, existência esta igualmente garantida por documentos antigos, só que de impossível demonstração pois essas galerias encontram-se obstruídas, nas suas entradas, por grandes porções de terra e entulho de vária ordem, embora notando-se perfeitamente os vários tipos de acesso.

O Castelo dos Mouros e a entrada para um dos subterrâneos da Serra Sagrada de
Sintra

Guiando-nos até junto das entradas de diversos túneis, parte deles escavados
nas rochas, Abílio Duarte insiste:

– Tudo isto, aqui por baixo, tem subterrâneos. Um deles vai ligar ao Convento
dos Capuchos, que fica a oito quilómetros daqui, e um outro desemboca perto da
povoação de Rio de Mouro, mesmo junto ao ribeiro que passa naquela povoação.

Outras galerias, afirmam texto vetustos, descem pelo interior da montanha até
ao Palácio da Vila, edificação mais moderna mas não menos enigmática em certos
aspectos da sua arquitectura, para já não falar no Palácio da Penha, mandado
edificar por D. Fernando II, verdadeira jóia de simbologia oculta, igualmente
provida de longos subterrâneos que ninguém sabe onde levam.

OS TÚNEIS E POÇO DO MONTEIRO DOS MILHÕES

Outro local onde se descobriram túneis e passagens plutónicas foi na famosa Quinta da Torre, também conhecida por Quinta da Regaleira, situada na subida para Seteais.

Esta propriedade, adquirida em 1893 pelo dr. António Augusto de Carvalho
Monteiro, a quem deram a alcunha de Monteiro dos Milhões devido à sua enorme
fortuna pessoal, viria a provar a grande amplitude da rede de subterrâneos da Serra de Sintra quando o seu não menos rico e enigmático proprietário resolveu mandar abrir duas passagens do subsolo para ligar o palácio à capela e à casa do guarda.

Talvez sem surpresa do milionário, estas obras foram desembocar numa rede de
túneis antigos, surgindo numa das grutas assim postas a descoberto pequena imagem de pedra cor-de-rosa, representando um ser com aspecto feminino mas pisando um animal parecido com o mitológico dragão, só que exibindo certas formas humanas.

O “poço” iniciático e uma das grutas da Quinta da Regaleira da Serra Sagrada
de Sintra Monteiro dos Milhões veio a falecer oito anos após se terem concluído as
obras na quinta e no palácio, as quais levaram dezanove anos a fazer. Se tivermos em conta o que a Kaballah diz acerca do número oito seremos forçados a pensar que o mistério se adensa.

Considerado, por alguns, como o último dos alquimistas portugueses, o dr. António Augusto de Carvalho Monteiro seguiu, igualmente, a insólita tradição de fazer buracos profundos na Montanha da Lua pois, além das diversas galerias da sua autoria, ainda detectáveis na Quinta da Regaleira, ordenou a escavação de um “poço” com 30 metros de profundidade e 6 de largura.

Pelas paredes deste “poço”, cuja possibilidade de servir para captar água é posta de parte por quem nele penetra, desce uma escada em caracol com 139 degraus e apoiada em colunas.

No fundo depara-se com mais passagens subterrâneas reforçando a ideia de que tanto buraco não teria sido aberto por acaso…

UMA TRADIÇÃO MUITO FECUNDA QUANTO A SUBTERRÂNEOS

A Tradição portuguesa é fecunda quanto a referências sobre as grutas e túneis sintrenses, chegando a fazerem parte das lendas do povo de regiões afastadas da
Montanha da Lua.

A Serra de Montejunto, por exemplo, localiza-se a cerca de cinquenta quilómetros a Nordeste da Serra de Sintra mas os seus habitantes, segundo o livro de António Oliveira Melo, António Rodrigues Guapo e José Eduardo Martins, “O Concelho de Alenquer”, pensam e garantem:

– A terra e o mar interpenetram-se. De uma ponta à outra, da serra de Sintra à serra de Montejunto, a montanha está rota por baixo e o mar chega a entrar por ela dentro.

Será esta Montanha, às portas de Lisboa, uma das Cem Portas do mais fabuloso que mítico Reino de Agharta, onde “reside” o Rei do Mundo?

Helena P. Blavatsky, fundadora da Sociedade de Teosofia, falou nesse país subterrâneos em 1888, na sua obra “A Doutrina Secreta”, a “bíblia” de grande número de ocultistas. Mas foi alguns anos mais cedo que a lenda ou história verídica de Agharta teve a sua maior divulgação junto do público, com as obras insólitas de Saint-Yves d´Alveydre.

Nelas este estranho homem profetizou muitos acontecimentos de grande relevo
que vieram a suceder alguns cem anos depois da sua morte, entre eles a implantação do Comunismo na China e a união da Europa, ou Comunidade Económica Europeia…

Após contactos com uma personagem misteriosa, a quem chamou Instrutor, o escritor publicou a “Missão da Índia na Europa”, livro enigmático onde diz revelar os segredos desvendados pelo seu Mestre.

O Reino de Agharta seria, então, uma cidade subterrânea e iniciática onde viveriam milhões de pessoas, Igreja primitiva conservada em segredo, talvez a equivalência do Reino do Prestes João, conservando-se assim até à implantação da Sinarquia no Mundo.

Para os nossos leitores menos a par destes assuntos, para o aprofundamento sobre o tema Sinarquia aconselhamos o livro de Papus, publicado em Portugal pelas “Edições 70” sob o título “O Ocultismo”.

DA PROFECIA À SINARQUIA PASSANDO POR AGHARTA

Com a finalidade de analisar melhor o possível relacionamento entre a Serra de Sintra e o fantástico Reino de Agharta, interrogámos o kabalista português Vitor Adrião, investigador que desde há muito se vem dedicando a estes estudos.

– O Castelo dos Mouros, localizado no cimo da Montanha da Lua, tem sido assinalado, ao longo dos tempos, como uma das entradas para o lendário Reino de Agharta. Também foi local de existência de uma inscrição profética, que se encontrava à entrada do referido Castelo mas mandada retirar por D. João II.

Este rei, a quem grande número de ocultistas e investigadores atribui a paralisação do projecto universalista português, quando transformou a Ordem de Cristo numa ordem de clausura, pouco ganhou com a iniciativa já que o texto da inscrição premonitória ficou registado na “Crónica de El-Rei D. Manuel”, de Damião de Góis, achando-se igualmente assinalado na página 201 de “Cintra Pitoresca”, um livro de autor anónimo de 1838 mas que hoje se sabe ser o Visconde de Juromenha.

E prosseguiu Vitor Adrião:

– Trata-se do vaticínio de uma Sibila sobre o Ocidente e garantia: “Patente me farei aos do Ocidente / Quando a porta se abrir lá do Oriente / Será cousa pasmosa quando o Indo / Quando o Ganges trocar, segundo vejo… / Seus divinos efeitos com o Tejo.”

É caso para aconselhar que quem souber ler que leia mas sempre acrescentaremos dois pormenores importantes, possivelmente ligados a este vaticínio.

A Serra Sagrada de Sintra ligada ao Paraíso “Perdido” de Agharta

Um deles é o facto de vários dignitários budistas e outros religiosos orientais estarem a deixar o Oriente para se fixarem na Europa, incluindo Portugal. Um deles, antes de iniciar viagem na direcção do “movimento” do Sol, igualmente de Oriente para Ocidente, ter dito aos seus seguidores da Tailândia encontrar-se a Ásia espiritualmente falida, pretendendo por isso viver num país que estivesse redespertando para as coisas espirituais.

Outro foi a descoberta, por parte do kabalista por nós contactado na Serra de Sintra, de duas lápides importantes, facto por ele próprio narrado através das palavras seguintes:

– Existem, na Quinta da Penha Verde, restos de um Templo dedicado à Lua onde duas lápides, escritas em sânscrito – idioma nunca falado na Europa – e trazidas de Somnath-Patane pelo Vice-Rei da Índia D. João de Castro, contam a história da união do Oriente com o Ocidente, verdadeiro tratado ensinando a viver-bem segundo as regras canónicas do Espírito Santo, neste caso e a quem são dedicadas as lápides, Shiva.

Uma das estelas ou lápides sânscritas

na Quinta da Penha Verde de Sintra

Talvez não seja, pois, em vão tudo quanto se escreveu e disse acerca do possível Quinto Império de Portugal, desde que o entendamos não como um domínio terreno ou colonial mas como um Império espiritual e universalista.

Quando o compositor Richard Strauss visitou a zona da Montanha da Lua considerou-a a coisa mais bela que tinha visto. Referindo-se ao parque, mandado construir por D. Fernando II, comparou-o ao jardim de Klingsor enquanto apontando o Castelo dos Mouros, lá no alto, definiu-o como o Castelo do Santo Graal.

Para quem conheça a história de Parsifal talvez não seja necessário acrescentar mais na reportagem.

UMA JANELA NECESSÁRIA

Perto do Castelo dos Mouros existe o Palácio da Penha, cujo nome provém das grandes rochas ou penhas que tiveram de cortar para o fazer, não tendo o seu nome nada a ver com a palavra Pena, como erradamente se pretende.

Mandado construir pelo rei D. Fernando II, com projecto do Barão de Eschwege, no ano de 1840, o Palácio da Penha é um tesouro de arquitectura oculta e simbólica, apesar dos positivistas e enciclopedistas da nossa praça não o distinguirem de qualquer outra construção.

Esta situação pode verificar-se no que diz respeito à famosa Janela do Gigante, da qual os apenas entendidos em arquitectura consideram “composição monstruosa, com um gigante cujas pernas são caudas de sereias, assente em grande concha e sustentando pesada janela saliente, tudo com uma decoração excessiva”.

Mas, afinal, uma leitura mais atenta, por quem possua olhos para ver, verificará tratar-se do deus Neptuno, dominador dos elementos Água, Fogo e Ar – por isso a janela que sustenta possui três aberturas.

Segundo a opinião de entendidos na Kaballah, falta o elemento Terra, afinal aquele de que tratámos neste trabalho, levando a pensar ser desta janela que um observador atento, num momento propício, poderá descobrir o mistério dos subterrâneos da Serra de Sintra ou da Lua.

É de realçar o facto de D. Fernando II ter comprado, igualmente, o Castelo dos Mouros dando 761 mil réis por toda a zona, ficando com a obrigação de cuidar da sua conservação.

Depois da morte deste Rei Ocultista, em 1885, toda a propriedade ficou na posse da sua segunda esposa, a Condessa de Edla, que a vendeu ao Estado pela soma de 310 contos.

V. M.

A Missão de Portugal …

A Missão
de Portugal …

 

(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN “CORREIO DA MANHÔ, 12.10.1985)

Para a Comunidade Teúrgica Portuguesa, Confraria Monástica nascida em 1978 e alicerçada nos princípios da Tradição, a Missão de Portugal é a de dar Luz às Nações, instruir a Europa nos Mistérios Sagrados, mas essa Missão ainda não foi cumprida o que não quer dizer que os inícios desses tempos não esteja para breve. Essa e outras afirmações, pelo menos explosivas no contexto da crise nacional, foram-nos feitas durante uma entrevista concedida por um dos seus membros, em exclusivo ao nosso jornal, no ambiente telúrico de uma das muitas grutas misteriosas existentes na Serra de Sintra. Devido às características particulares e sensíveis do assunto abordado, e à profundidade metafísica da matéria versada, a presente entrevista é aqui publicada sem qualquer tipo de comentários,limitando-se o jornalista à missão de divulgar a conversa havida, na forma de pergunta-resposta. Ficam, pois, os leitores entregues, apenas, à variável capacidade própria do conhecimento e entendimento deste assunto, para admitirem ou não a validade das ideias expressas, algumas delas divulgadas pela primeira vez, em Portugal, ao grande público. O MISTÉRIO DA FUNDAÇÃO DE PORTUGAL CM – A Fundação do Reino de Portugal rodeou-se de aspectos a que poderemos chamar de, pelo menos, misteriosos. Porquê? RESPOSTA – A Fundação do Reino de Portugal, para além dos objectivos sócio-económicos, visava o iniciar de um Novo Ciclo Teúrgico no Ocidente, o expansionismo cultural e iniciático através da ligação das tradições Cristã e Cátara com a casta Moura (Morya, Mariz, Maria, Mareum…), vanguarda esotérica do Islamismo, a linha Sufi. Isto com o objectivo de, a partir de Portugal, se via a instaurar a Sinarquia dos > > > Povos no Ocidente medieval e daqui, provavelmente, alastrá-la ao Oriente longínquo. > > > > > > Os reis portugueses sempre foram muito liberais com o seu povo em relação ao poder do Vaticano. Só a partir de D. João III é que o clero romano se impôs “ad definitivus” nesta Nação ainda com forte presença Céltica e grande influência Cátara. > > > > > > Afonso Henriques, ou El Rike, Guerreiro e Sacerdote daquela Ordem do Prestes ou Pai João ou, ainda, de Melkitsedek, olhando o futuro com a clarividência que só os Génios possuem, chamou a si todas as Ordens Iniciáticas da Península Ibérica, inclusive Ramas do Sacerdócio Sufi, e fundou à margem do papado romano, cuja autoridade não reconhecia, a Ordem de Aviz, cuja vanguarda foi a Ordem de S. Miguel da Ala. > > > > > > O trabalho secreto, esotérico, de sapa da Ordem de Aviz foi prosseguido, magnificamente, ao longo das dinastias pela Ordem do Templo, pela Ordem de Cristo, pela Ordem Terceira de S. Francisco e os Capuchinhos e, mesmo, pela Ordem Espatária de Santiago Maior. > > > CM – Acredita a Comunidade Teúrgica Portuguesa existir, ainda e no futuro, um papel a desempenhar por Portugal no Mundo? Qual? > > > > > > RESPOSTA – Acaso já se cumpriu Portugal? Esta “Terra de Luz (Lux Citânia) é toda ela um magno Itinerário Lunisolar de Iniciação dum Povo, qual “rosto” reflectido da Europa que o deve coroar, a fim da estrutura harmónica geo-psíquica deste continente prosseguir na senda da evolução todos os sentidos humanos e mesmo espirituais. A Missão de Portugal é dar Luz às Nações, qual Sol Interino flamejando para todo o Mundo. A Missão de Portugal é instruir a Europa nos Mistérios Sagrados de partida do Nacional para o Cósmico. > > > > > > E também será da fusão do Sangue Ibérico com o Sangue Sul-Americano que nascerá, segundo a Tradição Teúrgica, o Homem Futuro de Aquarius. > > > > > > D. Diniz o Lavrador, misto de trovador e cavaleiro do Amor, aparelhado com Isabel a Cátara, devota profunda do Espírito Santo, sabia-o. O Infante Henrique de Sagres também o sabia, ou não mandasse ele as naus navegarem para Ocidente onde tudo, ao que parecia, estava descoberto… e demais exemplos não faltam na nossa fabulosa História. > > > Resta-nos citar uma lápide milenar da Montanha Sagrada de Sintra: > > > “Quem nasce em Portugal é por missão ou castigo”.

DESVENDANDO A SIMBOLOGIA OCULTA DE LISBOA

DESVENDANDO A SIMBOLOGIA OCULTA DE LISBOA
(I)
O
GRANDE MISTÉRIO DO TERREIRO DO PAÇO *
(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN
“CORREIO DA MANHÔ, 16.6.1986)
______________________
DESVENDANDO A
SIMBOLOGIA OCULTA DE LISBOA
(CONCLUSÃO)
AS HISTÓRIAS QUE
OS MONUMENTOS NOS CONTAM
(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN “CORREIO DA MANHÃ,
17.6.1986)
______________________
Jardim zoológico de lisboa
A IMITAÇÃO
DO PARAÍSO BÍBLICO
(REPORTAGEM DE FERNANDO DACOSTA IN MAGAZINE DO “PÚBLICO”,
N. 157 7/3/1993)
______________________
LISBOA DO QUINTO
IMPÉRIO
(REPORTAGEM DE MANUELA GONZAGA IN REVISTA 3 DE “O INDEPENDENTE”, 8 a
14.10.1999)

Entrevistas

DESVENDANDO
A SIMBOLOGIA OCULTA DE LISBOA
(I)
O GRANDE MISTÉRIO DO TERREIRO DO PAÇO
*

(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN “CORREIO DA MANHÔ,
16.6.1986)

A Praça do Comércio ou Terreiro do Paço foi construído segundo o sagrado Livro de Thot, mais conhecido pelo nome de Tarot, enquanto a Rua Augusta, ladeada pelas Ruas do Ouro e da Prata, com o arco monumental, constituem um conjunto arquitectónico mas iniciático capaz de nos abrir os olhos para o verdadeiro significado da cidade de Lisboa.

Estas e muitas mais afirmações de índole ocultista, sem dúvida a primeira vez trazidas a público nestes trabalhos de reportagem, foram-nos feitas pelo cabalista Vitor Adrião, elemento da Comunidade Teúrgica de Portugal, com ordem para divulgação, durante alguns dias em que deam- bulámos por ruas e praças da capital do País, aprendendo pelo nosso lado um pouco do muito que arquitectos e escultores
colocaram nas suas obras, para além da simples forma modelada das matérias
empregues.

E isto porque, para Vitor Adrião e para todos os teúrgicos, “Lisboa é a cidade da velha Mãe Lusina, companheira do deus Lug, a grande deusa dos Lígures e dos Celtas, a Boa Lusi ou Lusina, a Lusibona ou Lisibona”.

Como o que foi dito é, afinal, muito na forma e importante no conteúdo, aqui ficam, apenas, os diálogos havidos durante este nosso passeio pela cidade dos “Homens-Serpentes” e das sete colinas, num esboço de roteiro capaz de interessar, quem sabe, a alguns dos nossos leitores.

LISBOA DAS
SETE COLINAS É UMA CIDADE SAGRADA

P. – Existe alguma relação entre a cidade de Lisboa e o antigo culto ao deus Lug?

R. – Lisboa está internamente ligada ao ancestral culto do deus Lug, divindade suprema do panteão Lígure que, além de resistir à invasão dos Celtas, assimilou os ocupantes recém-chegados, le- gando-lhes os seus lugares (lug+ara, altar de Lug) de culto, as suas montanhas, rios e pedras sa- gradas. Lug, deus tão antigo e poderosamente enraizado que ainda hoje lhe surpreendemos o alento e os vestígios
na toponímia das Gálias e em todo o espaço da Península Ibérica onde os Árabes
não impuseram a sua presença e cultura.

P. – Entre esses vestígios quais são os mais os mais antigos ou possíveis de divulgar?

______________________________________________________


Devo declarar que boa parte das informações constantes nesta 1.ª reportagem
(aqui revista, corrigida e aumentada, assim como a 2.ª, para não haver quaisquer
imprecisões de ordem simbólica e historiográfica, pois que na altura as reportagens foram efectuadas no terreno e tendo eu como único recurso a memória imediata)  tiveram como autor consultado Olímpio N. Gonçalves (in “Lisboa à luz dos seus Arcanos”), e na altura da entrevista, por precipitação ou descuido, seja como for ignorando e assim podendo o lapso pessoal assumir-se relapso ao entendimento do  leitorado colectivo, não o citando, por culpa exclusiva do entrevistado, nunca do entrevistador, pelo que rectifico, como já o fiz em outras partes, devolvendo “o seu a seu dono”. Seja como for, esta foi a primeira entrevista de vanguarda sobre o Esoterismo de Lisboa que alguma vez apareceu a público e, os pósteros, que conheço, limitaram-se a copiar-me e, aí sim porque sei de fonte directa, a ostracizarem declaradamente o autor, a minha pessoa e pena, em que dei muito de inédito… mas não completo, por a LEI do Sigilo Iniciático proibir, para que a Sabedoria Divina não viesse a ser conspurcada por esses e outros que tais, a maioria  na ocasião não passando de “meninos de escola” e “curiosos de coisas fantásticas”. A verdade é que, mesmo assim, conspurcaram o pouco que ofereci, demonstração cabal de que cresceram fisicamente mas ainda não amadureceram consciencialmente. – Nota Vitor Manuel Adrião.
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R. –
São as marcas indeléveis da presença de Lug, os lugares “Lug”, como os de
Logroño e Lugo, no caminho de Santiago de Compostela e nos trilhos iniciáticos
da História Secreta da Península Ibez a Ibéria. Raízes ancestrais impregnando de
mistério a cidade da boa deusa Lusi e do grande  Lug, obreiro universal, demiurgo, mestre de artes e alquimista, músico, guerreiro e mago, o poderoso tutelar da Lusitânia que os Lígures e os Celtas transportaram consigo na sua marcha para o Sul, em direcção ao Grande Ocidente, pela rota da Via Láctea e da Estrela do Cão, isto é, de Ísis e de Osíris ou estrela Sirius, nos confins da Terra, “as finis-terrae”.

P. – Existe algum significado simbólico no facto de Lisboa ser uma cidade com sete colinas?

R. – Lisboa, como todas as cidades de sete colinas a exemplo das quais apontarei Jerusalém e Roma, dentre outras, é considerada pela Tradição Teúrgica uma urbe
sagrada.

Decifrando-se o seu próprio nome de Lisboa (Lis+Boa), teremos a sacralidade do lugar des- velada. A Flor de Liz, símbolo de Iniciação e Mistério, representa o Sol Tríplice ou Santíssima Trin- dade expressa na figura Pontifícia e Imperial de Melki-Tsedek, o Prestes João, o “Vicente, corvo-humano” nos Painéis de Nuno Gonçalves. O termo “Boa” além de designar a “água” designa também a coluna salomónica Boz ou Bohaz, pilar de Deus sito aos pés do Tejo, no Cais, portanto lugar representativo da cidade. Indicando a Beleza Universal, nela está a Força e o Rigor com que termina o nome de Lisboa,  e nessa coluna a Lisboa cidade aos pés do Tejo finda.

P. – Há quem afirme que Lisboa foi fundada por Ulisses e sua contraparte Ulissipa…

R. –
Ulisses e a sua contraparte Ulissipa são formas helénicas e antropomórficas do
“celtizados” Lug e Lusina, designando astrolaticamente o Sol e a Lua. Na realidade, quer uns quer outros, enco- brem realidades mais profundas remontando à própria Atlântida quando Lisboa foi fundado pelo Príncipe Lissipo e a Princesa Lissipa, filhos da Rainha Ulisi-Pa ou Ibez (donde derivaria o onomástico hebreu Ibéria) e do Rei Mani-Pura, Curavia ou Curata, Senhor dos Nagas ou “Seres Serpentários”, Ofiússas, do Patala (aqui, o “Ocidente”), segundo velhos textos do Oriente, Sacerdotes Iniciados de uma Ordem de santos e Sábios ou “Homens-Serpentes”, remontando daí a Tradição de que Lisboa é a cidade da “Grande Serpente” (Kundalini), e as sete colinas os “seus sete anéis”. Também a tradição, lavrada em textos velados, de que a Princesa Lissipa deixou cair ao Rio o seu anel com um pentagrama esculpido com pedras preciosas e que depois foi encontrado no buxo de um peixe acabado de pescar, é indicativo de que Portugal já na Atlântida estava sob a égide do signo de Peixes e que Lisboa já então se revelava pelo Feminino Iluminado, a Ofiússa ou Sibila, dando o seu contributo a uma longínqua mas pressentida “5.ª Coisa” a fazer. Enfim, para nós realidades inserta no que chamamos a História da Obra Divina, mas para outros factos, se é que alguma vez os foram, profundamente contestáveis, sem dúvida, e que as fábulas e contos locais se encarregaram de encobrir sob o véu da fantasia e do
fado que, mesmo assim, chora a saudade.

O TERREIRO DO PAÇO É A LÂMPADA DE
ALADINO

P. – Que simbologia pode conter a Praça do Comércio ou Terreiro do Paço?

R. – O Terreiro do Paço, na disposição linear do seu talhe, no alinhamento das suas artérias, no ritmo geométrico da sua arcaria é a lâmpada de Aladino (Allah-Jin, em persa) que franqueia a porta que conduz à gruta subterrânea, onde jazem os maravilhosos tesouros escondidos, até aqui, aos olhares profanos. A Praça dos Arcos é o átrio que nos conduz ao Santuário das sete colinas, o Templo da Sabedoria.

P. – E o famoso Arco da Rua Augusta?

R. – O Arco da Rua Augusta tem profundo significado esotérico. Todas as cidades alicerçadas sobre sete colinas possuem o seu Arco do Triunfo ou da Salvação. O de Lisboa é a síntese sagrada e também estética dos demais espalhados pela Europa e Médio-Oriente. Designa o Umbral dos Mistérios, a passagem das trevas para a Luz, da morte para a Imortalidade que a Sabedoria das Idades concede. Neste Arco encontram-se as figuras de quatro personagens importantes de nossa História: Viriato, chefe dos Lugsignan,  os Lusitanos,  que deram o sentido da Nacionalidade nascente; Vasco da Gama, almirante da Ordem de Cristo e que ligou a Ásia à Europa por Via Atlante, quer é dizer, Marítima; Sebastião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, que coadjuvado por operativos maçónicos ingleses, franceses, húngaros e portugueses, reconstruiu a velha Lisboa depois do terramoto de 1755 e ordenou reformas sociais as quais abriram um novo ciclo na nossa História; e o Santo Condestável Nuno Álvares Pereira (ligado à Casa de Bragança que, por Lei de Causalidade, veio depois a governar o Brasil, sendo o seu primeiro Governador Geral D. Tomé de Souza), o qual alguns teimam em associar à figura do Infante D. Henrique, também este vulto imponente na História Portuguesa que o torna deveras ímpar, indo a sua influência directa desde as conquistas militares à abertura de novas cadeiras universitárias, ao apoio às Ordens de Cavalaria e Religiosas, até chegou ao ciclo das Descobertas marítimas que já se habitou chamar de Período Henriquino, sob o signo do Prestes João, já indício da vindoura Era do Aquário de abertura e expansão universal.

Ladeando essas quatro personagens estão as estátuas alegóricas do Tejo e do Douro, pre- cisamente os divinos Génios de Lisboa e do Porto, as cidades-gémeas expressivas das colunas sa- lomónicas Bohaz e Jakin, precisamente expressadas nas cores negra e branca patentes na bandeira da sempre nobre e leal cidade de Lisboa.

P. – Quem foram os autores dos dois grupos escultóricos dos quais nos acaba de decifrar o significado?

R. – O grupo escultórico de que acabamos de falar é da autoria de Vítor Figueiredo de Bastos, enquanto o grupo alegórico que encima o Arco foi obra do pedreiro-livre e
escultor francês Camels. Ele representa aí Ibez ou Ibéria, aqui como Grande Mãe
Universal, laureando, coroando Apolo e Minerva, a Iluminação e o Entendimento.
Ela é a Laureada, a “Coroa dos Magos” da 22.ª lâmina do Tarot.

OS ARCOS
DO TERREIRO REPRESENTAM OS ARCANOS DO TAROT

P. – Se existem analogias com o Tarot, no Arco, haverá mais representações simbólicas do Tarot ou Terreiro do Paço?

R. – O Livro de Thot, mais conhecido pelo nome de Tarot é, como se sabe, constituído por 78 cartas ou lâminas, originalmente de ouro fino ou crisopeico e prata argiopeica, pertencendo as primeiras 22 lâminas aos Arcanos Maiores, ou Esotéricos, e as restantes 56 aos chamados Arcanos Menores, ou Exotéricos. Existe uma intencionalidade na própria arcaria do Terreiro do Paço ultrapassando, sem dúvida, a sua função estrutural da sua arquitectura. Os edifícios laterais contêm 28 arcos cada um, cuja soma total é de 56 arcos, ou Arcanos Menores.

Na fachada principal, entre as Ruas do Ouro e da Prata, contamos, por outro lado, 22 arcos, 11 em cada direcção, a partir da Rua Augusta. Ora 22 arcos correspondem, exactamente, ao número dos 22 Arcanos Maiores ou Iniciáticos.

Se aplicarmos a cada arco o arcano que lhe corresponde, possuímos a chave interpretativa de um ciclo completo de manifestação: relativamente aos 56 arcos, a manifestação profana, e quanto aos 22 arcos frontais, entre as Rua do Ouro e da Prata, a realização oculta.

Sobre isso, cito agora um trecho, datado de 30.7.1951, de uma obra impublicável do Prof. Henrique José de Souza, O Livro do Loto, e que tem a ver com tudo quanto vimos dizendo: “Repare-se como o Arco da Rua Augusta se parece com o do Palácio da Aclamação, na capital baia- na. VIRTUTIBUS MAIORUM (melhor dito, MAJORUM), é o lema da Rua Augusta. De cada lado do re- ferido Arco da Rua Augusta, figuram 11 portais. Ele é, portanto, o 23.º, como primeiro Arcano Menor. A estátua do frontispício, na sua parte mais alta, coroa um Homem e uma Mulher. Em baixo também se fala num DOCUMENTO P.P.D., que antes deveria ser L.P.D. Deve ser um lema latino referente a PORTUGAL”.

P. – Podemos considerar Lisboa como uma das cidades europeias mais ricas, sob o ponto de vista monumental?

R. – Lisboa é, de facto, a capital da Europa no contexto monumental, não esquecendo a arte vitral, a azulejaria e a pintura. Os painéis de Nuno Gonçalves quiçá sejam o maior exemplo, e certamente não estão devidamente lidos e interpretados, pois este Políptico encerra a génese e linhas gerais do desenvolvimento Lusitano e Ibérico no geral, muito além da interpretação vulgar que tão mal se é uso e costume dar-se-lhe.

Por isso e por toda a beleza e grandiosidade estética e esotérica de Lisboa, apelo
às respectivas autoridades para que concedam uma maior protecção ao nosso maravilhoso património na- cional, particularmente ao património lisboeta, afinal de conta, a nossa Memória, a Memória do Povo Português. É sumamente doloroso, e só arrancando lamentos d´alma, ver-se hoje tão maltratado o património monumental da capital, vítima da poluição motora e da inconsciência de partidários políticos ou desportivos, servindo-se dos monumentos como quadros para borrar os seus “slogans” e símbolos, sujando e destruindo a nossa estatuária ímpar. A perder-se será algo irrecuperável pois com ela se perderá muito da nossa Alma Lusitana, ademais, os Mestres Arquitectos e Canteiros há muito que se foram…

CAVALEIRO DA ESTÁTUA NÃO É D. JOSÉ I MAS S. JORGE

P. – No centro do Terreiro do Paço está a estátua que se diz ser de D. José, da autoria de Machado de Castro, templário e escultor da escola de Mafra. Será que também nela se manifesta um simbolismo oculto?

R. – Há que saber ver e ler, para além do simbolismo aparente, o verdadeiro significado da estatuária deste aro esotérico da Baixa Pombalina, tanto mais que todos os seus escultores houveram talhado o seu carácter, saber e arte no escrínio
iniciático de Confrarias esotéricas, fossem (Neo) Templárias, fossem Maçónicas.

O cavaleiro da estátua, empunhando o ceptro imperial mandatário e cobrindo-se com um manto, quiçá vermelho, semelhante aos que usavam os cavaleiros da ordem de Cristo e cuja montada branca esmaga as serpentes, sugere ser a própria imagem de S. Jorge, para a Tradição, o Vigilante Silencioso da Pátria Lusitana, expressando na Terra ao próprio e psicopompo S. Miguel, afinal, este o Metraton para aquele o Sandalphon.

O anjo da trombeta, junto do elefante, e o anjo da palma, junto dum cavalo, ambos esmagando o homem velho e a profanidade, designam as Tradições Iniciáticas
Oriental-Ocidental unidas, encontradas em Portugal, onde acaba a terra e o vasto
mar começa.

Atrás do cavaleiro, nas costas da estátua, encontra-se esculpida a alegoria da aparição do Menino Coroado,  sob o apadrinhamento de sua Santa Mãe,  sugerindo o futuro Reinado do Espírito Santo, tese já perfilhada pelo abade cisterciense da Calábria, Joaquim de Flora, no século XIII. A arca aberta de um tesouro está aos pés do Menino, e um arquitecto mostra-lhe o plano da Nova Lisboa. Ilustração semelhante a essa encontra-se numa tapeçaria no Convento de Mafra. Por falar em Mafra, símile do Templo de Salomão, as suas dimensões são exactamente as mesmas do Terreiro do Paço e onde se encontra, naquele, o seu altar-mor, está neste precisamente a estátua equestre de D. José I ou de S. Jorge, aqui nesta Praça dos Arcos ou Arcanos. Terrível coincidência, mais por causalidade do que por casualidade…

Mais uma vez, a sibilina profecia de Sintra faz eco: “Patente me farei aos do Ocidente / Quando a Porta se abrir lá do Oriente / Será cousa pasmosa quando o Indo / Quando o Ganges trocar, segundo vejo / Seus (divinos) efeitos com o Tejo”.

ARTÉRIAS DA
BAIXA FORMAM O CADUCEU DE MERCÚRIO

P. – Para terminar, gostaríamos de voltar às três ruas da “Baixa”. Qual o seu significado?

R. – Do Terreiro do Paço partem as principais artérias: Rua Augusta, Rua do Ouro e Rua da Prata.
Quando dizemos artérias aplicamos o termo próprio, pois é de artérias que se trata. As Ruas do Ouro e da Prata, com a Rua Augusta, representam o caduceu de Hermes, ou de Thot, e como é sa- bido, o caduceu compõe-se duma coluna central em torno da qual sobem duas serpentes, uma dourada e outra prateada, respectivamente uma solar e outra lunar.

Estas serpentes representam e são as artérias pelas quais flui a energia serpentina vital, desdobrada nos seus dois aspectos complementares: o lunar que é frio e passivo, enquanto o solar é quente e activo.

Na simbólica tradicional o ouro expressa o Sol e a prata a Lua. Torna-se claro que a Rua do Ouro corresponde ao aspecto solar do caduceu, a Rua da Prata ao lunar e que, finalmente, a Rua Augusta simboliza o bastão central, canal de fusão e síntese destas duas forças polares.

Através do caduceu pombalino temos acesso às sete colinas ou selos da Boa Liz: S. Vicente, em Alfama; St.º André, na Graça; S. Jorge, na Mouraria; S. Roque, no Bairro Alto; St.ª Catarina, a partir do Camões; Santana, sobre o Largo da Anunciada, e Chagas, no Carmo. Interpretar estes sete padroeiros é interpretar o enigma críptico de Lisboa, que aqui não nos cabe fazer.

DESVENDANDO A SIMBOLOGIA OCULTA DE LISBOA
(CONCLUSÃO)
AS HISTÓRIAS QUE OS MONUMENTOS NOS CONTAM
(REPORTAGEM DE VICTOR MENDANHA IN
“CORREIO DA MANHÃ, 17.6.1986)

Os monumentos de Lisboa, conforme referimos no nosso trabalho anterior, contam histórias incríveis, algumas delas encobertas por narrativas populares que chegaram até nós mais na forma de mitos e lendas, capazes de serem “decifrados” por quem se debruçar, atentamente, sobre este tema, nem sempre tarefa fácil mas deveras aliciante.
Prosseguimos, para terminar hoje, um passeio pela capital na companhia de Vitor
Adrião, um cabalista e teúrgico que a certa altura nos garantiu, sem pestanejar sequer: “Dizem certas tra- dições que a Taça do Santo Graal, a original, esteve na Sé de Lisboa, e em custódia, depois do ano 985 da nossa Era, sendo o seu culto mantido em segredo por uma misteriosa Ordem de Santos Sábios”.

Muitas histórias, tanto ou mais curiosas do que esta são aqui abordadas, em diálogo a que muitos poderão chamar de insólito, outros de irreal e alguns de verdadeiro atropelo aos possíveis segredos de várias organizações iniciáticas.

Mas o único objectivo que nos moveu foi o de informar, fornecendo ao leitor as pistas entregues nas nossas mãos precisamente para isso.

E entremos, sem mais demoras, no assunto que está a prender a vossa atenção.

DA CONCEIÇÃO VELHA AO CASTELO DE S. JORGE

P. –
Aqui, na Rua da Alfândega, existe a igreja da Conceição Velha, cujo pórtico é maravilhoso. Quais as figuras mais representativas do monumento?

R. –
Junto do Terreiro do Paço temos a igreja de Conceição a Velha, o que nos remete
à primitiva Concepção alquímica representada no Velho Testamento por Binah,
tanto que antes de D. Manuel I este templo fora a sinagoga dos alfamitas ou
residentes de Alfama. A sua fachada exterior, um misto de Gótico e Manuelino,
respira e transpira o Feminino transcendente, o Marianismo, ou seja, expressa o
aspecto matriarcal de Lisboa Oriental, representado pelo “Braço de Prata”, e também as várias fases da Grande Obra Teúrgica/Alquímica, noutros termos, Ergon e Paraergon. Sendo a leitura desta fachada longa e exaustiva, apontarei somente uma personagem, a da coluna central, suporte de todo o eixo escultórico, vestida de varina mas portando a espada e a balança: é a antropomorfização da própria Lisboa. A Bela Luz de Vénus que influi na nossa cidade sob a égide do signo zodiacal da Balança, profundamente ligada às origens histórica e teúrgica do Homem e da Cidade.

Penso mesmo que os motivos ornamentais do Arco da Rua Augusta acaso ter-se-ão inspira- do nas figuras herméticas desta fachada e do seu complemento no extremo oposto da cidade, na rota da “Costa do Sol”: a fachada de Santa Maria, no Ocidente do Mosteiro de Belém, a entrada principal que se ficou devendo ao cinzel do mestre-canteiro francês Nicolau de Chanterene, reinando D. Manuel I. Aliás, a imagem da Senhora da Estrela (donde, por corruptela, “Restelo”) ou dos Reis Magos, uma Virgem Negra, da devoção extremada do Infante Henrique de Sagres, foi trasladada da capela do Restelo para Conceição a Velha, em procissão triunfal, pelos freires da Ordem de Cristo, ainda durante o reinado do supradito rei “Venturoso”…

P. – Daqui, de onde estamos, vê-se o castelo de S. Jorge. O que nos pode dizer sobre essa construção?

R. – Pegando na geografia sagrada da cidade e transpondo-a, por analogia, à anatomia humana, teremos o castelo de S. Jorge como o Mental regente de Lisboa. Durante largos séculos, aí estiveram os paços reais. Foi aí que Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Cristovão Colombo, nome guemátrico em que se encobria o português Salvador Gonçalves Zarco, por exemplo, receberam a aprovação da Corte para a demanda de novos mundos para o Mundo Luso.

Sobre o castelo cintila o planeta Júpiter e sendo Júpiter, na Mitologia, o Pai dos Deuses, Deus ou Zeus, não é de admirar que a Península Ibérica esteja sob a égide do signo do Sagitário, este que expressa o Fogo Volátil purificador, o Pater Aether, que se torna Líquido ou purificado, na concepção alquímica, o que é personificado pelo Tejo deslizando manso e dolente às muralhas desta fortaleza.

E são exactamente os Peixes zodiacais do planetário deus Neptuno que regem Portugal, o Portugal da Divina Mãe, Marum, Mare, Maris, Mariz… o Portugal das sempieternas Águas renovadoras, purificadoras e purificadas, verdadeiro Fogo Líquido que se esparge lustralmente como Luz das Nações, dos Ciclos do Mundo, e que se centra em Lisboa, esta a pretendida Capital do V Império do Espírito Santo, aportando à memórias as profecias e lances vaticinadores do Padre António Vieira, de Gonçalo Anes o Bandarra, de Fernando Pessoa, de Guerra Junqueiro e mesmo de Camões quando cita em “Os Lusíadas”, no canto sétimo: “Via estar todo o Céu determinado / De fazer de Lisboa nova Roma / Não o podendo estorvar que destinado / Está de outro Poder que tudo doma”.

O SANTO GRAAL TERIA ESTADO NA SÉ DE LISBOA

P. – A Sé de Lisboa é alfobre de histórias incríveis. Edificada em três fases distintas, incluindo o páleo-cristão, o românico e o gótico, consideram-na um dos mais enigmáticos edifícios sacros da cidade. Tem a mesma opinião?

R. – A Sé Patriarcal de Lisboa, mandada edificar como templo cristão pelo rei D.
Afonso I de Portu- gal, já teve no seu interior, e segundo certas tradições muito reservadas, a Taça do Santo Graal, a original. Ela esteve aí em custódia durante cerca de quatro séculos e o seu culto foi mantido em segredo por uma misteriosa Ordem de Santos Sábios, à qual as Ordens de Avis e do Templo deram cobertura exterior. Isto aconteceu depois do ano 985 da nossa Era.

Diz-se mesmo existir uma ligação subterrânea entre a Sé, o Castelo e o Convento
do Carmo e que uma maldição fatal cairá sobre o profano e curioso que ousar afrontar esses misteriosos trilhos. Mais não posso dizer.

Na Sé encontram-se, desde o século XII, as santas relíquias do mártir S. Vicente, um dos padroeiros de Lisboa. No brasão da cidade figura a Nau, Barca ou Arca que
transportou os restos mortais do santo e que acabou por aportar à costa dos Algarves, mais precisamente ao Promontó- rio Sacro, a ponta de Sagres. Na barca, como elementos heráldicos, também figuram dois corvos, os quais e segundo a tradição, acompanharam, como fiéis e atentos guardiões, os despojos do mártir na sua estranha odisseia até esta Sé Metropolitana de Santa Maria Maior, depois convertida Patriarcal. O corvo, ave saturnina mas também solar, assimilando-se ao cisne negro e ao ganso negro, é o totem de Lisboa, o detentor da Sabedoria Divina e da Profecia “que perscruta o Passado e desvenda o Futuro”.

P. – Chegados que somos ao Rossio, neste passeio pela arquitectura esotérica de
Lisboa, depara- mos com a coluna dedicada a D. Pedro IV. Como interpretar as
figuras esculpidas?

R. – No topo desta coluna monumental avistamos D.
Pedro IV que segura, com a mão direita, a Carta Constitucional de 29 de Maio de
1826. Esta obra foi adjudicada ao escultor Elias Robert e ao arquitecto Gabriel
Davioud, ambos de nacionalidade francesa. Assemelha-se o monumento a um falo
desflorado, a um “linga” hindu ou “mundus” latino, e tem, no sopé, os Quatro Anjos do Destino de quanto vive e se desenvolve no Globo, esses “Fantasmas Cósmicos” de Forças Maiores, por isso mesmo “Jinetes Anímicos”, estando demarcando estrategicamente, a partir do “mundus” central”, o espaço da “Lisboa quadrada”, correspondendo a cada ângulo um símbolo e naipe do Tarot, o que aliás cada um deles ostenta. Se uns lhes dão o nome de Mikael, Gabriel, Rafael e Auriel, então o quinto, representado pelo monarca no topo, futuro Imperador do Brasil, a “Nova Lusitânia” de Pedro de Mariz, acaso também será ele representação régia do 5.º Senhor em formação desse mesmo V Império do Mundo que se está formando.

Um pouco acima estão as Tágides, os “espíritos naturais” do Tejo, as quais formam um cordão protector ou cadeia de união. É realmente, um monumento muito belo portador de um arcaico e transcendente simbolismo que nos reporta, mesmo, às batalhas celestes entre Mikael Solus e Samael Petrus, as quais se terão reflectido, em nossa História, nas lutas sangrentas entre os absolutistas de D. Miguel I e os liberais de D. Pedro IV. Estes acabaram vencendo e se assenho- reando da Terra Lusa.

ESTAÇÃO DO
ROSSIO ONDE SE PASSA MAS NÃO SE OLHA

P. – A frontaria da gare da estação do Rossio, terminal ferroviário que liga Lisboa a Sintra, está arquitecturada em gótico neoclássico. Qual o seu valor simbólico?

R. – Como o seu nome indica o gótico (da raiz gálica God, “Deus”) é um estilo que assinala a Ascese, a contemplação do Divino. Esta é a mais pura, sensível e estética expressão da arte arquitectónica de fixar na pedra antes bruta a polidez da Harmonia
Universal, o que expressa o Gótico puro, que é flamejante, estilo cuja apoteose vai dos finais do século XIII aos finais do século XV.

Na fachada da estação terminal do Rossio vêem-se duas arcadas cruzando-se à altura do nicho contendo a estátua de D. Sebastião, em tamanho natural, em atitude de defesa, a espada adiante do escudo inclinado 17 graus para a esquerda do possuidor.
Seguindo um certo sentido, as arcadas sugerem as ferraduras do cavalo branco do
Encoberto que não é o jovem sonhador de de- lírios funestos el-rei D. Sebastião, mas antes este o emblemático régio de um outro Rei muito mai- or que há-de vir, quiçá o próprio retorno do Cristo em Aquarius? Sebastião em hebraico é Sbhs ou “Serpente”, é o Grande Dragão da Sabedoria, e não foi por acaso que foi o santo mais querido dos Templários, assim como Santo André o Arquitecto, um outro dos padroeiros de Lisboa.

Repito: o jovem rei do mesmo nome apenas simbolizou algo muito mais elevado. Que se acabe de vez com a confusão que a temática sebastianista, não raro levada ao rubro de certas políticas reaccionárias, tem provocado. Já o Miguel de Nostradamus, profeta visionário e hermetista, leva-me a lembrar a sua centúria 32 aquando fito a estátua do Encoberto, dentro do nicho: “O grande império em breve terá mudado / Em primeiro Lugar, que cedo crescerá / Lugar bem ínfimo dum exíguo Condado / Em cujo meio seu ceptro pousará”. Ou mesmo a estrofe 70 das trovas de Gonçalo Anes, o
Bandarra: “Portugal tem bandeira / Com cinco quinas no meio / E segundo vejo e
creio / Esta é a cabeceira / E fora sua cimeira / Que em Calvário lhe foi dada / E será Rei da manada / Que vem de longa carreira”.

OS RESTAURADORES COM
PROMETEU LIBERTO

P. – Outro monumento, por sinal bem perto deste, que possui figuras escultóricas sobre o significa- do das quais poucos se debruçam apesar de passarem, muitas vezes, por perto é o Obelisco dos Restauradores. Poderá desvendar o significado destas figuras?

R. – O Obelisco dos Restauradores, situado na praça do mesmo nome, por sinal com 33 metros de altura, é decorado com dois anjos ongénios, sendo o masculino da autoria de Alberto Nunes e o fe- minino realizado por Simões de Almeida, enquanto o
obelisco se deve a António Tomás da Fonseca e foi erigido em 1886 por subscrição
nacional, promovida pela comissão central do 1.º de Dezembro.

O anjo masculino representa Prometeu Liberto, por seu Irmão Epimeteu ou Mercúrio; é Luzbel com os grilhões partidos, assim se assumindo na condição espiritual de Arabel e erguendo alto a Lança da Vitória, da Vitória da Libertação do Cáucaso ou “cárcere carnal”, representada objectivamente na restauração da
Independência Nacional do jugo Filipino, e tudo junto a Vitória dos Deuses que
restauraram os valores ancestrais de Lisboa e do Mundo. O escudo triangular a seus pés ostenta o trigo e a vide, logo, em referência em referência à Santa Eucaristia do Rito de Melki -Tsedek, este se assume, em linguagem teosófica ou iniciática, como o actual “Planetário da Ronda”, o Quinto dos Sete “Melki-Tsedek”, que é sobretudo uma função hierárquica directora su- prema dos destinos da Terra e de quanto nela vive e evolui.

O anjo feminino representa a contraparte do Senhor da Luz Restauradora, a Rainha do Mundo, Io, Ísis ou Algol, com outros nomes ainda, podendo-se corporificá-la também como a “Lusitânia Triunfante”,  a Entidade que coroa e abençoa Lisboa, Portugal e o Mundo com a Palma da Vitória. Na destra ela segura o laurel da mesma Vitória Nacional e Espiritual, a décima 13.ª grinalda expressiva de “A Grande Mãe”,
estando as restantes predispostas em grupos de três nos pontos cardeais do monumento.

As Armas nos lados deste assinalam as forças temporais da guerra e da morte derrotadas pelos poderes intemporais da razão e do espírito, estabilizados no pólo de atracção energética que é o Obelisco.

P. – mas Lisboa possui mais monumentos cuja descoberta do seu simbolismo esotérico muito daria que falar…

R. – Muito fica por dizer, de facto. Poder-se-ia falar, por exemplo, de quanto há de esotérico no antigo restaurante “Abadia” nas caves do Palácio Foz, nos Restauradores; da estátua portentosa do Marquês de Pombal, na rotunda que lhe leva o nome, cujo gradeamento em volta da mesma replete-se de alegorias maçónicas todas assentes sob o ceptro e o báculo, símbolos do Poder Temporal e da Autoridade Espiritual, e todo o monumento assente sobre a Barca de Portugal; do Convento do Carmo ou dos Carmelitas, descendentes daqueles cristãos primitivos, integrados aos Essénios, do Monte Carmelo, para as bandas da Palestina; da Basílica da Estrela, “símile” do Terceiro Logos, o Homem Cósmico Adam-Kadmon que na Terra é Adam-Heve; do Mosteiro dos Jerónimos e da Capela do Restelo, assim como da Custódia de Belém e da Virgem Negra Orago desses dois últimos templos. E mais, muito mais ficando por dizer e assinalar, a memória falha ante a far- tura da Lisboa Artística e
Monumental, nisto, repito, já hoje Capital da Europa.

Lisboa, debruçada sobre o Tejo, abriu as portas do grande Ocidente; o Oceano alargou as fronteiras de Portugal conferindo os limites de suas épicas demandas
missionárias, sob a égide do Santo Graal e da Boa Liz, Mátria de Lusina, aliás, a Senhora da Luz.

Vindas do Oriente as Ordens Secretas, guerreiras e templárias, passaram de Malta a França e à Espanha, e desta a Portugal, o Porto do Graal ou do Sangue Real de todos os Missionários sacrificados em prol da Pax Universal, no qual encontraram as condições propícias para divulgar e dirigir a sua Mensagem iluminadora ao Ocidente Eterno, integrando-o no caminho do Novo Ciclo.

A Obra ciclópica das Ordens Jinas, logo verdadeiramente Iniciáticas, continuou e continua a conduzir Portugal e o seu Mental regente, Lisboa, ao seu alto e promissor destino, embora hoje se tenha perdido por egolatria a consciência disso. É Portugal o Gigante adormecido que se faz mister despertar para a realização plena da Grande Obra Teúrgica, logo, Universal.

Quem, despido de preconceitos, recuar no decurso da nossa História  e acompanhar “por dentro” os grandes lances fundamentais da formação e evolução da nossa Nacionalidade, há-de convir a existência de uma predestinação imanente que nos protege de males maiores, a ponto de, cantando ou rezando, conclamarmos que Deus é Português… à luz da Teurgia.

JARDIM
ZOOLÓGICO DE LISBOA A IMITAÇÃO DO PARAÍSO BÍBLICO

(REPORTAGEM DE FERNANDO DACOSTA IN MAGAZINE DO “PÚBLICO”, N. 157 7/3/1993)

Os que, há mais de um século, decidiram construir um jardim zoológico em Lisboa,
não quiseram construir apenas um jardim zoológico, isto é, uma reserva de animais exóticos ou bravios; ambicionaram mais, edificar um espaço que sintetizasse o Paraíso da Bíblia e o Éden pagão. Erguido na Quinta das Laranjeiras em 1905, depois de ter estado em Palhavã, tornou-se desde então um dos mais belos e estranhos zoos de que há referência.

Pessoas excepcionais na época, os seus promotores – caso do rei D. Fernando II, do
escritor Camilo Castelo Branco, dos médicos Van der Laan e Sousa Martins (alvo,
hoje, de invulgar culto religioso), do barão Hessler, de Carvalho Monteiro e dos
condes Farrobo e Burnay – atribuíram-lhe um significado simbólico marcante.

A sua matriz teria, assim, sido inspirada no Jardim das Delícias, nos Paraísos bíblico, hindu e caldeu, onde os quatro reinos da Natureza, mineral, vegetal, animal e humano, se religam, se harmonizam.

O mineral está representado pelas águas e granitos da zona, o vegetal pela variedade da flora, o animal pelas espécies zoológicas conseguidas, e o humano pelos visitantes, sobretudo crianças, que o procuram em número crescente.

Segundo alguns estudiosos, como o dr. Vitor Manuel Adrião, que o investigou durante anos e sobre ele preparou o livro “Regaleira de Sintra”, em lançamento, a singularidade que apresenta deve-se ao facto de “todos os que estiveram na sua génese terem sido iniciados e membros de Ordens Secretas, Maçonaria (conde de Farrobo), Rosa Cruz (D. Fernando II), Ala do Templo (António Carvalho Monteiro)”.

Para eles, um jardim zoológico devia ser um lugar de reencontro com o mistério, com a espiritualidade. Os arquitectos chamados imprimir-lhe-ão esses signos e sinais, a que o Romantismo, emergente na altura, dará, em termos públicos, bom acolhimento.

Investigações recentes permitiram apreender os significados contidos nas estátuas, nas colunas, nas pontes, nas fontes, dispostas de acordo com as fases das viagens do Conhecimento.

A chave para a sua decifração encontra-se no Roseiral, espaço delimitado por sebes e pavilhões, onde se entra por uma lindíssima e minúscula ponte de pedra, símbolo da passagem para o Superior, para o Perfeito. Obra de extremo bom gosto, semelhante aos tabuleiros suspensos do Nilo, está delimitada por quatro colunas, ostentando cada uma um artífice egípcio, guardião das quatro direcções envolventes.

O Roseiral parece o jardim de um templo aberto, com as suas fontes, recantos,
labirintos, vértices, esferas, grinaldas graníticas, com as suas esfinges andróginas (rostos de homem e seios de mulher), os seus dragões assírios, os seus gansos, os seus delfins, as suas figuras mitológicas. Lugar da rosa, constitui a síntese final de todo o zoo.

Este encontrava-se sobranceiro a uma zona de sete rios que desembocavam no rio de São Domingos, do qual saíam quatro riachos que percorriam o vale das Laranjeiras. “Tal como o Paraíso terrestre, que era banhado por um rio dividido (palavras de Manuel Adrião) em quatro braços: Pison, Gion, Tigre e Eufrates.”

Quatro séculos atrás, D. João de Castro surpreendia o país e a Europa ao falar no
projecto de um jardim zoológico onde se concentrassem as espantosas diversidades
de animais e plantas que os portugueses, nas suas viagens, haviam descoberto pelo mundo. O clima ameno e o património de conhecimentos que detínhamos sobre
as raças dos bichos e as maneiras de com eles lidar, tornava-o à partida viável.
A herdade da Penha Verde, que possuía em Sintra, podia, afirmava, ser um bom local para o projecto. O antigo vice-rei das Índias não foi, porém, levado muito a sério. Mas o fascínio pela fauna das paragens longínquas tomar-nos-ia, desde então, para sempre.

Os grandes do reino passaram a ter exemplares dela nas suas quintas, seres de maravilha e espanto, a impressionarem fortemente os estrangeiros que as visitavam. Plantas e animais raros venciam oceanos e reproduziam-se em jardins aristocráticos, climatizados para o efeito. Metrópole de impérios africanos, sul-americanos, asiáticos, Portugal fazia-se referência decisiva.

Dominando a cultura, as artes, a ciência, a economia, notáveis ligados ao rei D. Fernando II marcam a vida criativa de então. Lugares especiais são-lhes objecto (Sintra com o Palácio da Pena e Sete Rios com a Quinta das Laranjeiras) de realizações surpreendentes.

Pela sua localização, pelo seu microclima, pelas suas águas (“águas boas” as designaram no tempo das pestes), pela sua arquitectura, pelos seus edifícios, pelos seus bosques, a herdade de Sete Rios apresentava-se desde logo como o espaço ideal para um jardim zoológico.

Comprada aos franciscanos pelo conde de Farrobo, que lhe construiu um palácio e um teatro, o Tália, tornou-se um centro cultural de invulgar prestígio. Com capacidade para 560 espectadores, o teatro (actualmente entregue ao Ministério da Juventude) foi o primeiro edifício a ser, entre nós, iluminado a gás, Nele representaram-se óperas, peças e bailados famosos, com a presença frequente da corte.

Dificuldades surgidas levaram, no entanto, a que o primeiro zoo fosse instalado
em Palhavã, nos terrenos onde se encontra hoje a Fundação Gulbenkian. Aí esteve
desde 1883 até 1904, altura em que o Governo alugou o Parque das Laranjeiras (em
1940 expropriou-o) e para lá o transferiu, dando-lhe a envolvência ambicionada.

As obras de adaptação, como as realizadas nos finais dos anos 20 por Raul Lino, não lhe feriram o equilíbrio nem lhe desvirtuaram a estrutura. A sua excepcionalidade tem sido, com efeito, preservada sobre as carências, os revezes sofridos. O maior dá-se quando, a seguir ao 25 de Abril, se instala a ideia de que ele é uma obra da burguesia, parasitária e contra-revolucionária. Chega a ser proposta a sua destruição e o abate dos animais e das árvores.

“Hoje atravessa uma fase de expansão. Os bichos estão felizes”, especifica Manuel Adrião. “Os tratadores são excepcionalmente dedicados. Júlio Isidro deu-lhe, através da televisão, um apoio decisivo. Empresas privadas ajudam-no, o número de visitantes aumenta. É fundamental que todos tenhamos consciência do seu valor.”

Do lado de lá dos muros fica o caos de uma Lisboa desespiritualizada, dessacralizada, com ruídos, trânsitos, edifícios (um deles, o da antiga escola da PIDE), poluições, a cercá-lo.

A cortina do tempo que separa os dois mundos faz-se frágil, frágil como o olhar dos bichos cativos, a transparência das águas, a reverberação das plantas, os risos das crianças, como o sonho dos que criaram esta obra singularíssima da nossa utopia, do nosso engenho, do nosso domínio dos outros – os animais, no caso presente.

LISBOA DO QUINTO
IMPÉRIO

(REPORTAGEM DE MANUELA GONZAGA IN REVISTA 3 DE “O INDEPENDENTE”, 8 a 14.10.1999)

Quando a terra tremeu, o mar e o fogo correram sobre as ruas antigas, a devorar casas e palácios, igrejas e albergues, lojas, teatros, fortalezas, campanários e pórticos, até o chão ficar ensopado de cinzas e lama, e corpos aos milhares, para que uma cidade nova crescesse sobre estes escombros, clara e apolínea, racional e ampla.

Mas a Lisboa pombalina, pós-terramoto, traçada a régua, esquadro e compasso, é, também, herdeira de António Vieira, de Bandarra e de Camões, assumindo-se capital do Quinto Império que Pessoa escavava, depois, nos arcanos da Astrologia e da
Gnose. O Marquês impôs as regras. Mas os códigos são muito mais antigos, e esse
património abrange todo outro Saber.

Página a página, na pedra das estátuas, no traçado e na orientação do eixo que define ruas e avenidas, ainda hoje é possível encontrar, na repetição do símbolo, na linguagem cifrada de números e formas, a ossatura do sistema, a ordem latente onde assenta o Mito.

Viajámos pela Lisboa do Quinto Império na companhia de um historiador que escreve sobre estes temas. É um homem pálido, de fato e gravata, cabelo comprido e olhos encovadíssimos, autor e apaixonado do mistério que circunda a “cidade mais bonita do mundo”. E é ele, Vitor Manuel Adrião, quem estabelece o percurso:

“Vamos ao Rossio e aos Restauradores, aí faremos a leitura ícone-simbólica, no que me for possível, de algumas estátuas e do obelisco. Vamos ao extinto restaurante “Abadia”, nas caves do Palácio Foz. Vamos espreitar as entradas para os subterrâneos de Lisboa, segredo de Estado nas mãos do Exército. E às Ruas do Ouro, da Prata e Augusta. Ao Terreiro do Paço, concebido de acordo com a numerologia das lâminas do Tarot. Vamos ler e tentar decifrar um pouco da iconologia patente no pórtico da igreja da Conceição-a-Velha e visitar a de S. Roque, no Bairro Alto. Vamos tentar ver a lápide do alquimista, num túmulo no Convento do Carmo.”

Estava um calor magnífico. Passámos por entre turistas e remámos contra a maré de gente apressada. E parámos junto à Gare Central do Rossio, neogótica, de sabor
manuelino. Entre as duas portas, em forma de ferradura, ali está ele, o Desejado, em estátua de pedra de dimensões naturais, com a mão segurando a espada, com a sinistra pousada no terceiro castelo do escudo e a ponta da lâmina apontando o quinto:

“Indica a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que há-de governar o Quinto “Castelo” ou Império, o dos Lusitanos. Este monarca controverso e delirante, no final de contas, é apenas a representação do Filho, a figura ou expressão régia do Encoberto, daquele que há-de vir, um símbolo de Humanidade Perfeita de uma Nova Era. Quando o Padre António Vieira evocava o Rei-Encoberto, o Rei-Desejado, não se referia tanto a D. Sebastião concretamente mas ao Arquétipo deste Reino. Ainda relacionado a este escultório, correm à “boca pequena” as vozes de certas tradições pretendendo que a espada aponta para um ponto específico, a alguns quilómetros abaixo do chão, onde existirá uma estrada subterrânea que liga a Sintra.”

Vitor Adrião discorre sobre símbolos e temas, apontando pormenores: as vides, que remetem para Dioniso, o deus do vinho, da exaltação, forma apaixonada do conhecimento, que tem a sua representação em Shiva no panteão oriental. Deuses da Sabedoria Oculta. Omnipresente, o cordão de marear, ex-líbris do Manuelino, consagração deste povo de navegadores que tinham por timoneiro o Infante Henrique de Sagres, Grão-Mestre da Ordem do Templo, dita de Cristo, cujas cruzes estavam inscritas nas velas das naus que buscaram e deram novos mundos ao mundo. É a outra História, a das lendas e mitos, depurada do sangue e da cobiça, do aqui-e-agora,
mas não menos real por menos evidente.

Estátuas e obeliscos, cavalos. Baixos-relevos que contam histórias. Praças de dimensões justas. Ruas que formam um traçado geométrico. No dia glorioso, o sol ainda queima. À direita, ao alto, as ruínas magníficas do Carmo. Em frente, a Rua Augusta, que desemboca no Cais das Colunas. Nuvens cerradas de pombos pousam ou levantam voo das praças.

“A estátua de D. Pedro no Rossio equivale ao `mundus´, o ponto axial, centro para onde convergem todas as direcções da cidade e – porque não? – do País, já que Lisboa dele é capital. Aqui temos o monarca imperial de Portugal e do Brasil, apadrinhado pelos Guardiões das quatro direcções do Mundo, assinaladas nos quatro naipes do Tarot: paus, espadas, ouros e copas. No Cristianismo, são conhecidos como Rafael, Mikael, Ariel e Gabriel”, explica Vitor Adrião.

E rodeando a estátua, vai indicando, naipe a naipe, Guardião por Guardião. Taças, ou copas, apontando para a Rua de Santo Antão, o “Anacoreta do Deserto”, “a qual inclina 17 graus para a direita”.

Ouros aponta para a Gare Central do Rossio, “o Caminho Alquímico, o Ouro Vivo, a Pedra Filosofal, onde está a estátua do Encoberto, aquele que cavalga o cavalo branco,
o Avatara, o Cristo de Aquarius, o Senhor do Quinto Império”.

Paus, ou báculo, aponta em direcção ao “Carmo, o lugar donde se propagou oficialmente o culto matriarcal à Mãe Divina, o convento onde morreu e repousou o féretro de Frei Nuno de Santa Maria, antes o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que às armas juntou a devoção e assim se tornou Santo (os seus restos mortais repousam hoje na igreja a si consagrada, em Campo de Ourique). Convento, ainda, que a tradição mais velada afirma habitada ao tempo por adeptos herméticos senhores das mutações alquímicas, e aí ainda se pode ver, num dos lados do túmulo de D. Fernando, a ilustração escultória dum alquimista operando no seu laboratório
debaixo da terra, sob o convento, a que se desce por uma escadaria longa.”

Finalmente, espadas. “A Espada da Lei e da Virtude, a que premeia e salva, a que protege ou castiga, que aponta em direcção à Sé Patriarcal de Lisboa, a quinta Catedral Graalística do Ocidente, por onde depois do ano 985 da nossa Era a Taça do Santo Graal passou e ficou até finais do século XV”, diz ele.

E insiste: “Para onde olha D. Pedro, o Imperador do Brasil? Em direcção ao Cais das Colunas, onde, diz a Tradição, cantada, glosada e prosada por Fernando Pessoa, para não falar de Sampaio Bruno, António Sérgio e outros, haverá de desembarcar, alegoricamente falando, o Enco- berto. O Salvador das Nações. Para essa concretização todos terão de dar o seu contributo mental e moral da melhor maneira que souberem fazer, em prol da edificação de uma Sociedade Humana mais justa e perfeita. Nisto bem se enquadra a Profecia de Sintra: `Quem nasce em Portugal é por missão ou castigo´. Seja por missão.”

CONVENTO DO CARMO

Portugal, país sob o biorritmo do valor 17, o Arcano da “Estrela dos Magos”, astrologicamente regido por Peixes e Júpiter (enquanto Lisboa a é por Balança e Vénus), que por sua vez tem na água o seu símbolo supremo. É essa que encontramos no cruzamento da Rua de S. Nicolau com a Rua Augusta, na esquina configurando o Nascimento, assinalado em Nicolau (o bem conhecido Pai Natal), para a Luz Augusta, indicadora do Androginismo Perfeito ou da Perfeição Humana.
Na quadrícula da Baixa, sete ruas longitudinais cruzam-se com sete ruas transversais, intersectadas por três praças: assim se encontra, de novo, 17, o número da “Estrela dos Magos”. E os nomes das ruas remetem para a terminologia alquímica – Rua do Ouro, Rua da Prata – que tem o seu desfecho na arquitectura da Praça dos Arcos.

Sob o Arco do Triunfo por onde se desemboca no Terreiro do Paço, a Cruz de Santo
André, com a Rosácea ao centro. Uma porta gradeada, sob um dos arcos, dá para a
entrada dos subterrâneos. E aqui estamos, turistas na nossa própria cidade,
deambulando neste espaço magnífico… Alguém toca flauta. Alguém ri. Muita gente
fala, a toada que persiste é uma mistura de línguas.

“A Praça da grande Obra, Malkuth, o `Reino´, sintetiza toda a tradição mítico-sagrada de Lisboa. Os arcos frontais: os 22 Arcanos Maiores, e os restantes são os 56
Arcanos Menores. É o `Livro de Thot´, o Tarot egípcio. A passagem pelos claustros da arcaria chama-se `Os Passos Per- didos´. Perdidos para o profano, achados para o Iniciado que chega ao fim adquirindo o Conhecimento”, explica o nosso guia.

No centro do Terreiro do Paço, a estátua deste cavaleiro D. José I, obra de Machado de Castro, vestido à romana, com a capa curta da Ordem de Cristo, não será antes – ou também – São Jorge de Portugal, o vencedor de dragões, esmagador de serpentes, de Tarascas em que salva donzelas virgens e inocentes, aqui as `flores da maternidade´ de uma Nova Era? As deusas atlantes, fundadoras da cidade – primeiro Ofiússa, mais tarde Ulissibona e Lissabona. Símbolos, símbolos. O Leão. O quinto signo do Zodíaco, o sinal do Quinto Império. O esquadro e o compasso, insígnias da Grande Obra, assinatura maçónica. Os tesouros escondidos, para descobrir.

A mó ligada a São Vicente, Orago da cidade, que tem dois corvos no seu brasão. Aves proféticas, uma sabe do Passado, a outra sabe do Futuro. Lisboa velha, velha, ligada por subterrâneos que comunicam, o Castelo com a Sé, a Sé com o Convento do Carmo. Vias ocultas, atravessando toda esta quadrícula, cujas portas, discretas, entaipadas, divisamos. Ou as lajes, de argolas, como nas histórias dos tesouros.

Lisboa dos 12 bairros – o Universo por inteiro, com as 12 moradas do Zodíaco – e
das sete colinas (em Astrologia os sete planetas que regem os signos), reconstruída por um húngaro, Carlos Mardel, o homem escolhido por Pombal, que chefiou toda a equipa de arquitectos que ergueu a cidade dos escombros do terramoto de 1755.

De modo que os pormenores das figuras da Praça do Comércio têm a ver com “a `Casa dos 24´e com a Maçonaria Operativa, essa a Maçonaria Primitiva ou Arte Real. O 22.º Arcano está ao centro, com Apolo e Minerva, coroados pelo Triunfo, este o de todas as imagens que preenchem o Arco: Ulisses, o Tejo e o Douro, Viriato, Nun´Álvares, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal.”
Ainda há o pórtico da igreja da Conceição-a-Velha. Ainda falta a Abadia. É preciso ir a São Roque. E há que não esquecer os corvos. E os subterrâneos, aonde já não é possível ir, sob esta praça assente sobre estacas, por onde a maré reflui. Os comerciantes da Praça da Figueira queixam-se muitas vezes da água salgada que lhes inunda as caves nas marés vivas.

Mas que Quinto Império é esse, afinal? É o Reino de Bandarra, de Pessoa, de Vieira.
O do Terceiro Milénio. O Império do Espírito Santo, entrevisto por Joaquim de Flora, no limiar da heresia, acolhido por Diniz e Isabel, dita “a Rainha Santa”, que instituiu as festas em que se coroa o Imperador-Menino, vai para oito séculos, revivido em Alenquer, em Tomar, em Sintra, nos Açores, no Brasil.

Porquê “Quinto”, e para mais “Império”? Histórias tão antigas. O sonho de um rei, Nabucodonosor, interpretado por um profeta, Daniel, registado num livro do Antigo Testamento. Uma estátua. Cabeça de ouro, peito e braços de prata, ancas de bronze, as pernas metade de ferro, metade de barro, e logo destruídas por uma pedra que se transformou numa montanha. A cada um dos metais corresponde um Império. A pedra que os destrói é o último, o Quinto, a irromper no Extremo Ocidente, o Reinado que, na inversão dos metais, corresponde à Idade do Ouro, à vinda do Desejado, a Parúsia universal, para instituir o Reino do Pai e do Filho incarnados no Espírito Santo.

E é este sonho, não delirante mas mágico, que tem polarizado há séculos pensadores, poetas, nautas, filósofos, sapateiros profetas, num ideal que une seres tão díspares como um quase santo, António Vieira, e um déspota iluminado, Sebastião José de Carvalho e Melo.

Diante do portal de uma igreja esquecida, Vitor Adrião conta: “Era aqui a sinagoga de Lisboa, depois consagrada Conceição-a-Velha, a Virgem Negra do Restelo trazida em procissão solene, há séculos reinando D. Manuel I, da Ermida do Infante Henrique de Sagres. Os antigos sabiam que Lisboa está sob a égide Vénus, a Boa Mãe, a Senhora das Águas, a Lusina, a Venusina, a Varina.”

E ali está ela, Vénus de espada e balança, com roupas de varina lisboeta, na coluna central de Santa Maria no pórtico frontal, e o único, deste templo quase abandonado, rodeada de símbolos alquímicos, grifos e águias, anjos e livros abertos e fechados, o
menino, a lebre e o cão.

Esperam-nos na Abadia. Sob as caves do Palácio Foz jaz um tesouro maravilhoso. Limpo de entulho, recuperado passo a passo, eis o antigo restaurante maçónico, onde se repetem os símbo- los de todo este percurso, numa arquitectura interior dividida em três partes: o Claustro, o Refeitório e o Coro.

Ali estão 24 bustos, entre os quais uma senhora, ali estão esquadros, compassos, insígnias. As colunas. O Adepto, com o barrete frígio, carregando a Sabedoria Divina. Os elefantes, as andorinhas e as pombas saindo em cruzeiro dum pombal em esquina. “O Pombal do Cruzeiro Mágico de Portugal”. Os cachos de uvas e a raposa que as olha cobiçosa sem lhes puder chegar, arrancando a desculpa mal resignada: “Estão verdes, não prestam.” E a fonte de corais – fingidos, evidentemente – que liga pela escadaria do poço anexo aos subterrâneos de Lisboa. E a laje que dava para o túnel que
desembocaria muitos metros acima, numa outra entrada num edifício junto à
Trindade. Essa entrada está agora gradeada e entaipada, selada também com o leão
de bronze. Mas aqui está a Dragona, iconográfica da Rainha dos Mundos Subterrâneos, grávida, “simbolizando o parto de uma Nova Era”.

E salta à vista um outro pormenor. É tudo falso neste extinto restaurante, falso
porque a madeira parece pedra, a pedra parece madeira, e as únicas coisas em material pétreo indiscutível são as colunas. Verde e vermelha:

“Significa matar a ilusão das aparências que quase sempre enganam. Significa
desvelar Ísis, e tomar posse da outra e verdadeira leitura, a real. Trata-se do conhecimento iniciático que não vem nos livros nem em quaisquer outros meios
públicos de informação, mas que se deixa perpetuar com muito fingimento, isto é,
sabendo ocultar.”

E entramos outra vez no domínio do oculto: Ordens Secretas. Vitor Adrião: “Há uma, a Ordem do Santo Graal, à qual todas devem Obediência.”

Faz lembrar de novo as especulações à volta de Fernando Pessoa: seria ele templário? Maçom? E se sim, de qual das Obediências?

A viagem está quase no fim. Encerramo-la na igreja de São Roque. Onde toda uma outra história ainda fica por contar.

Remata Vitor Adrião: “Por detrás de minha pessoa e da Obra Teúrgica de que faço
parte, existe a Ordem do Santo Graal.”

A partir daqui o seu discurso introduz umas palavras que não são de uso corrente, estranhas e de sonoridade bizarra, mas quando lhe pedimos para as repetir ele diz: “Não vale a pena.”

A profecia do rei do mundo

A profecia do rei do mundo

 

PRIMEIRA PARTE

O termo Mundos Internos é uma expressão  frequente na Sabedoria Iniciática das Idades. Utiliza-se, contudo, na  maioria das escolas tradicionalistas que facultam uma preparação básica,  para designar certos graus de interiorização da consciência alcançáveis  especialmente através de práticas de meditação ou outras afins que  levem ao mesmo resultado. No entanto, em algumas dessas mesmas escolas,  nos seus graus mais avançados, o discípulo é instruído de modo a  identificar e conotar a expressão de forma diversa. Conhecem-se indícios  e afirmações que o demonstram sem que, todavia, se lhes dê dimensão e  divulgação suficientes que permitam o seu inter-relacionamento e levem,  só por si, à pesquisa e aprofundamento deste tema pelos que não se  encontrem nos graus estipulados para o estudo dessas realidades.

Antanho e hoje, os discípulos integrados  nos graus mais avançados de alguma das Confrarias Iniciáticas a que se  afiliavam, à medida que se interiorizavam nos seus Mundos Internos da  Alma, através de práticas espirituais estipuladas para o efeito, iam  estabelecendo, por analogia simbiótica, um contacto mais íntimo e  directo com as realidades interiores da Mãe-Terra, isto por o Sol  Espiritual Interior (Atmã) do discípulo ser parcela individualizada  (Jiva) do Grande Sol Espiritual que palpita no Centro do Globo, qual  seja o Criador Único ante a criatura diversa.

Mas os “Mistérios da Terra Oca” eram uma  inviolável da Sabedoria Iniciática das Idades, intransmissível a todos  menos ao que a “lesse”, isto é, penetrasse a sua realidade pela  Iniciação e consequente Iluminação, dando a morte antecipada a quem  tivesse a ousadia de os divulgar prematura e publicamente, logo os  profanando, não tendo nenhuma autoridade autorizada para tanto. Esta  regra mantêm-se hoje mesmo, e por muito e impensável que aqui venha a  escrever para o público geral, não tendo eu morrido, então é mais que  prova cabal de estar autorizado a tanto!…

Autoridade concedida aos seus mais  próximos pela maior eminência do assunto, ou seja, o Professor Henrique  José de Souza, o principal promotor das verdades da “Terra Oca” e  da realidade da mesma a quem a queira integrar ingressando o Caminho da  Verdadeira Iniciação, o qual é, no fim de conta, o da transformação da  Vida-Energia em Vida-Consciência.

Todavia e apesar do silêncio cerrado  envolvendo o assunto, o que é absolutamente compreensível atendendo a  quanto está em jogo, um estudo atento da história das religiões e dos  cultos através dos tempos, dá a perceber que sempre houve uma  interrelação estreita entre a Humanidade aparente e uma outra ausente,  melhor dita, oculta, escondida. É assim que se fala em homens  misteriosos vivendo em não menos misteriosos castelos ou mansões plenas  de enigmas (quase sempre de localização imprecisa), ou então em torres  labirínticas em lugar incerto ou em grutas profundas de difícil ou  impossível acesso, etc., etc., variando as narrativas de tradição para  tradição local, mas todas de acordo quanto a situar esses Retiros  Privados no interior de concavidades sitas num Norte mais magnético que  geográfico!…

É assim que os textos sagrados hindus, o  Mahabharata e o Ramayana,  por exemplo, falam da “Guerra nos Céus” entre “os Filhos da Lua e os do  Sol”, os Chendra-Barishads e os Surya-Agnisvattas, adiantando a  tradição literária conservada nessa Biblioteca verdadeiramente  planetária que é o chamado Mundo de Duat, como Alma da Terra, que isso  tem sobretudo a ver com o estado andrógino do Homem Perfeito mas que era  comum ao estado primordial da Humanidade, e que agora o comum homem  imperfeito guerreia ou demanda no ciclo infindável da “Roda das  Reencarnações”, ora como mulher (Lua), ora como homem (Sol), na meta  fixa, primeiro inconsciente e depois consciente, de unir em perfeito  equilíbrio as duas polaridades.

Ainda abordando as escrituras hindus,  estas também referem a aparição de misteriosos engenhos voadores em  diversas ocasiões, especialmente aquando das grandes bodas (místicas,  sobretudo) dos maiores Reis e Condutores da Índia, a primitiva  Ariavartha. Pode ler-se no Ramayana e no Drona  Parva:

«As máquinas voadoras vimanas tinham  a forma de uma esfera e navegavam no espaço devido ao mercúrio, que  provocava um grande vento propulsor. Desta forma, os homens alojados nos  vimanas podiam percorrer enormes distâncias num tempo  maravilhosamente limitado. Os vimanas eram conduzidos segundo a vontade  do piloto, voando de cima para baixo, para a frente e para trás, segundo  a disposição do motor e a sua inclinação.»

Convém não esquecer que os textos  védicos datam de 3.000 a 10.000 anos e que, como todos sabem, a aviação  só começou a tomar forma definida ao início do século XX…

Mas em muitas outras obras ancestrais se  depara com um sem-número de referências àquilo que os hindus apelidam  de vimanas, os chineses poeticamente de dragões de fogo,  e os mongóis de vaidorges. O Popul-Voh dos queshuas e as obras tibetanas Tantjua e Kantjua, não esquecendo a própria Bíblia,  também se referem ao assunto, que deve ser encarado não da maneira  fenoménica usual no “espiritualismo sensacionalista” mas com as bases  que a Ciência Iniciática propicia, pois, em contrário, “é pisar um ninho  de vespas”…

Aparição de vimana em antigo  mural relevado de pagode hindu

O Tibete também possui o seu historial  acerca dos Mundos Subterrâneos, dizendo-se que é aí, em vales  maravilhosos acessíveis unicamente por passagens subterrâneas, que vive  boa parte dos Mestres Ocultos da Humanidade, e ser daí que promanam as  suas directrizes para a governação do Mundo. A extraordinária Helena  Petrovna Fadeev Von Blavatsky fala disso, apesar dum tanto  nebulosamente, nos seus fascinantes livros Pelas Grutas e  Selvas do Hindustão e O País  das Montanhas Azuis, e mesmo ao longo dos volumes de Ísis  Sem Véu e A Doutrina Secreta são vastas as referências aos Mahatmas e Lamas Perfeitos da Índia e do  Tibete, como também às guptas lokas, isto é, “criptas secretas” que  levam ao País de Shamballah, esta cuja existência é a base doutrinal do Kala-Chakra Tantra, obra antiquíssima do Budismo Tibetano.

Desenho de H. P. Blavatsky  mostrando um templo subterrâneo

Posteriormente Charles Webster  Leadbeater, o famoso teósofo, também referiu o interior da Terra e ao  seu Centro como Laboratório do Espírito Santo, e igualmente as  Bibliotecas ocultas no interior de vastas cavernas, nos seus livros Os  Chakras e Os Mestres e o Caminho.

O grande viajante e ocultista russo,  Ferdinand Ossendowsky, do início do século XX, no seu livro Animais,  Homens e Deuses fornece um importante relato da ligação  dos dignitários superiores do Clero Lamaísta com o Rei do Mundo e o  Reino de Agharta, vindo confirmar o que dissera antes, no século XIX, o  Marquês Saint-Yves d’Alveydre na sua Missão da Índia na  Europa, sobre o “Colégio de Agharta” e os “Templários de  Agharta”.

Precioso testemunho igualmente o dá esse  outro explorador russo do começo do século XX, Nicholas Roerich, no  seu valoroso tomo Shamballah, a Resplandecente.

N. Rerich no Tibete com a  Bandeira ou Tanka de Shamballah

René Guénon, baseado nos testemunhos de  Saint-Yves e de Ossendowsky, escreveu a meio do século passado uma obra  tanto interessante como importante levando de título O Rei  do Mundo, mas temendo dar forma viva ao símbolo estático  em repúdio aberto à Teosofia, esquecendo ou ignorando que os autores em  que se baseou eram… teósofos, um ligado a Loja inglesa e outro a Loja  russa. Seja como for é obra que merece ser consultada, tanto que o  próprio Professor Henrique José de Souza a traduziu da língua francesa  com comentários seus.

Também a meio da centúria transacta  aparece um Mestre Tibetano, Djwal Khul Mavalankar, ditando informações a  uma sua condiscípula, Alice Ann Bailey, fundadora da Escola Arcana, com  bases claramente teosóficas de cuja Sociedade ela saíra, falando ele  dum modo discreto mas claro de comunidades subterrâneas, principalmente  nas obras, assinadas pela autora, Iniciação, Humana e SolarTratado sobre Magia Branca e Tratado  sobre o Fogo Cósmico.

Já referi os testemunhos de H. P.  Blavatsky, de Ossendowsky, de Saint-Yves d´Alveydre (iniciado em 1885  por um “misterioso emissário” que dizia ser príncipe afegão e chamar-se  Hadji Scharipf), de Roerich, de Leadbeater, de Guénon e de D. K. – A.  Bailey. Poderei ainda apontar as referências aos Mundos Subterrâneos  pelo Mestre Koot Hoomi Lal Sing na obra Cartas dos Mahatmas,  Carta IV, e pelo ocultista Papus no seu Tratado Elementar  de Ocultismo. Já o grande Ateneísta ibérico Mário Roso de  Luna, com a sua eloquente intuição e clarividência, desvela páginas  maravilhosas do Mundo Jina em seu Libro que Mata a la Muerte  o El Libro de los Jinas, este que era o seu livro de  cabeceira onde “encontrava sempre coisas novas”, como confessava ao seu  Mestre Henrique José de SouzaEl Cabrero (o Caprino ou Kumara), como o apelidava respeitosa e reconhecidamente,  tanto mais que sabia ser o seu 7.º Filho Espiritual e Membro N.º 7 da Sociedade  Teosófica Brasileira.

Também o rosacruciano Raymond Bernard  fala dos seus encontros com os Mestres Soberanos do Mundo em lugares  secretos ou criptas ferratas da Europa, inclusive em Lisboa e  arredores, nos seus livros Encontros Insólitos e As Mansões Secretas da Rosacruz. Igualmente  o esoterista Omraam Mikhael Aivanhov falou em diversas palestras suas  do Reino de Agharta, segundo indicou a sua discípula Agnés Lejbowicz. E  Peter Deunov, fundador da organização espiritualista “Fraternidade  Branca Universal”, na Bulgária, também se referiu a esse Mundo Interdito  em vários livros seus: O Mestre Fala e A  Palavra da Augusta Fraternidade Universal, onde alude à  Irmandade Secreta dos Senhores do Sol.

Nos círculos adiantados da Maçonaria  Especulativa, oficialmente fundada em 1717, há um Grau que merece  particular atenção por ter a ver com este tema: trata-se do 30.º Grau do  “Ilustre Chefe Grande Comendador da Águia Branca e Negra, Grande Eleito  Kadosh”. Este Grau relaciona-se com a “Pedra Cúbica” Kah´Bah disposta ao Norte da Loja dos Soberanos Kadosh, o que indica o  trabalho directo com as Forças Primordiais ou Polares da Terra, e por  Pólo se subentende a Agharta Primordial, na linguagem cifrada dos  hermetistas ocidentais. Mais ainda: este Grau é auspiciado por Júpiter e por Saturno, o que dá a conjunção planetária Asga-Laxa,  donde os Kadosh ou Sabaoth herdam o nome e a “Escada  d´Ouro” a Oeste da Loja, necessária para descer (hoje tão-só de maneira  figurada e, vale dizer, não raro desfigurada) ao mundo ctónico de  Saturno e realizar o Shabattai ou Sabat,  a “Festa da Luz” promanada do mesmo Júpiter a Saturno, seu aspecto  inferior ou interior.

Com efeito, a águia bicéfala, simbólica  deste Grau, era atribuída pela Antiguidade clássica a Júpiter pelos romanos e a Vishnu pelos hindus. A “Escada d´Ouro” do Kadosh (do hebreu, “consagrado”) está adiante de Tsedek (em hebreu,  “Justo” e “Júpiter”), sendo, pois, o lugar ocidental por onde se desce, e  sendo a descida ao mesmo tempo uma subida, sim, desce o corpo de  consciência subida, elevada, e para tanto serve a “Escada d’ Ouro”,  metal do Sol, designativa da verdadeira Iluminação. Por isto, os Kadosh são os Príncipes Sabaoth ou os Principais expressivos da  Divindade no Seio mesma da Mãe-Terra. Muito mais poderia ainda dizer,  mas creio que o que aí está já basta, principalmente para quem, hoje em  dia, se apregoando muito maçom, em boa verdade de Maçonaria raramente  sabe coisa alguma…

Júpiter tem ainda a ver com Portugal e  essa misteriosa Plêiade Jina no Passado agregando-se em São Lourenço dos  Ansiães, Trás-os-Montes, como Milícia Secreta ou de Sigilo sob o nome Ordem  de Mariz, os mesmos “Barões Assinalados” por Camões em Os  Lusíadas.

Já na tradição alquímica medieval o seu  maior mistério é aquele ocultado na fórmula VITRIOL (cuja sete iniciais  são as da frase latina Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies  Occultum Lapidem – “Visita o Interior da Terra, rectificando  descobrirás a Pedra oculta”), adoptada como sigla para santo-e-senha  pela Maçonaria do século XVIII.

Paracelso denominava o Vitriol de “Panaceia Universal” e Basílio Valentim associava-o ao terceiro  princípio, o “Sal Rectificado” ou passado pelo lume brando do athanor ou forno filosófico. É a Matéria Purificada pelo Fogo do Sol Central da  Terra, esse mesmo “Laboratório do Espírito Santo” da Tradição  Iniciática das Idades. Aliás, Henrich Kunrath, no seu Amphitheatrum  Sapientiae Aeternae, ilustra em doze figuras que o Vitriol só será realizado quando o candidato transpuser a Mina da Vida (Vitae  Mina, donde “Vitamina”), deixando para trás o medo e a dúvida, e  chegar finalmente à “Cidadela da Alquimia”, ela mesma soerguida no  ventre lapidar da Mater-Rhea ou Mãe-Terra como Matéria, como  corporificação do Terceiro Logos ou Espírito Santo.

Consequentemente, ao contrário do que  hoje muitos julgam, a “descida maçónica” ao “Interior da Terra” não é  somente o confronto psicológico com o subconsciente, pois tal é uma  condição puramente profana e até exterior, o que desdiz tanto a Tradição  Iniciática quanto o sentido original que lhe conferiram os próprios  progenitores da Maçonaria Especulativa, sob a direcção invisível dos  seus Superiores Incógnitos.

Esse Vitriol alquímico  identificado ao Azoto ou “Mercúrio” dos Filósofos, é a Luz  Astral dos Magos, o Fluído Etérico dos Ocultistas, a Luz  Akáshica dos Orientais, o Vril referido pelo Rosacruciano  Bulwer Lytton no seu livro consagrado aos Mundos Subterrâneos, A  Raça Futura, como o mesmo Mash-Mask dos  Atlantes. É esta Energia Vital a “Alavanca de Arquimedes” que faz mover o  Universo e… os vimanas dos Mundos Interiores. É esta Energia,  direccionada pelo Pensamento (Vril+Manas…), quem abre o Portal  do Mundo Jina ao selecto Peregrino da Vida. Sem ela, sem a sua justa  conquista e controle interno-externo, afirmo que é infrutiferamente  tempo perdido e mais que isso, perigosamente gasto!

Enfim, são muitos os testemunhos da  realidade dos Mundos Subterrâneos que a Tradição Iniciática das Idades  reconhece e logo dá avalo (por haver meios para o fazer…), mesmo que a  Ciência oficial, ou seja, a Academia intelectualmente preconceituosa,  teime na pretensão de conhecer melhor a crosta lunar, cadáver psíquico  da Terra, que o Globo em que todos vivemos, indo limitar-se a teorizar,  por vezes usando de experimentalismo sobre experimentalismo logo à partida viciado por teorias preconcebidas, geralmente redundando  em erros sobre desenganos, assim cometendo as maiores “barbaridades” que  vulgariza por meio dos manuais de carteira, e para as quais não faltam  exemplos, como o de não saber destrinçar correctamente a ambiguidade da  duplicidade magnética/geográfica das calotas polares, situando com  exactidão a sua posição, como ainda não saber explicar o que têm a ver  as auroras boreais com os pólos magnéticos, as embocaduras que se abrem  periodicamente nos pólos geográficos por influência da cintura magnética  do subsolo e do núcleo central da Terra, coisas que não sabe explicar  devidamente… como também não sabe ou não quer saber ou, pior ainda, não  deixa saber um número infindável de outros factos capazes de darem um  entendimento mais exacto do Mundo em vivemos. Mesmo assim, a Ciência  Iniciática nunca deixou de apelar à sua ensurdecida e desavinda filha, a  Ciência Académica, demonstrando hoje e sempre que, afinal, nos  “absurdos” preconceituosos do racionalismo dialéctico está, como sempre  esteve, a solução, a luz.

Foto feita pela NASA  mostrando a dilatação da calota polar

Com tudo, ainda assim abundam por todo o  Mundo alusões a uma misteriosa Civilização Intraterrena. Se toda a  tradição asiática faz referência à Asgardi dos tibetanos, como o  mesmo Asgard dos Edas dos povos eslavos, e à Ermedi dos  mongóis, se nos Vedas hindus se menciona Hemâdri, a Montanha  de Ouro, se as escrituras persas a citam como sendo a Alberdi ou Aryana-Vaejo e os hebreus como a Canaan, igualmente  os povos do Novo Continente faziam referências frequentes à Cidade  Sagrada, oculta, morada original donde dimanavam ciclicamente os Grandes  Iluminados e Renovadores da Humanidade, os Manco-Capacs, os Bochicqs,  os Quetzal-Coatls, os Viracochas, os Sumés, os Osíris, os Budas, os  Cristos, os Lao-Tseus, os Zoroastros, enfim, os Supremos Instrutores de  todas as raças e em todos os tempos. Os aztecas referenciavam-na como a Tulân,  os mayas como a Maya-Pan, a cidade que os conquistadores  espanhóis, mais tarde, procuraram freneticamente na miragem do ouro, o El-Dorado,  que os autóctones chamavam de Manoa, a cidade dos tectos de  prata cujo rei usava vestes de ouro.

Ela é o País de Tertres, a  pátria de Lug, o Iniciador de face resplandecente dos Celtas e Lusitanos  e Herói dos Tuatha de Danand, estes que um dia, tão subitamente como  tinha vindo da Ibéria à Hibérnia, a Irlanda ou verde Terra de Erim,  abandonaram esta de regresso a Duat, à região misteriosa. É tanto a Cidade  dos Doze Ases dos Edas escandinavos quanto a Ilha  de São Brandão dos argonautas lusitanos, como a Shamballah transhimalaia ou a mesma Walhallah germânica, em quem Richard  Wagner se inspirou para compor as figuras de Parcifal e Lohengrin,  heróis cuja Pátria inacessível era o Mons Salvat, em cujo pico  estava o templo guardião do precioso cálice, o Santo Graal, algures nos  confins do Ocidente, junto ao mar oceano, portanto, nos confins da  Ibéria…

E é assim que em todo o ciclo literário  da Bretanha, ou Arturiano, perpassa o sentimento de nostalgia pela  Belovedye, a Bela Aurora, Pátria dos Galaazes imortais e aspiração  suprema na demanda do Santo Vaso.

«Adeus, Belovedye, parto para a terra  onde não cai granizo, onde não chove, onde não existe a doença nem a  morte, para o país da eterna juventude.» – diz o Rei Artur,  despedindo-se de um dos Cavaleiros da Távola Redonda.

Na tradição cristã, são inúmeras as  referências a Agharta, palavra páli significando “Terra da Suprema  Bem-Aventurança”. Quem não se recordará das famosas epístolas de São  Paulo, conforme o texto grego: Agharta-al-Ephesim, Agharta-al-GalatimAgharta-al-Romin, isto é, de Agharta aos Efésios, de Agharta  aos Gálatas e de Agharta aos Romanos…

Sempre a misteriosa Mansão dos Eleitos  cuja memória ou inconsciente colectivo da Raça retém como exigência  primordial e necessária, postulada à sobrevivência do seu próprio ser.  Daí a permanência do Mito em toda a Europa face ao lendário Reino do  Pai ou Preste João, já que frequentemente considerado na sua dupla  função de Rei e Sacerdote, como símbolo e realidade, mas jamais  surpreendido em seu enigma profundo, fugidio, pois está localizado no  seio mesmo do Terra, no Sanctum-Sanctorum da mesma, como Aquele  a quem Abraão tributou o seu dízimo e rendeu culto celebrado com vinho e  pão – Melki-Tsedek, o Ancião dos Dias, sem genealogia terrena.

Pintura grega antiga  mostrando uma cidade subterrânea

Mas foi sem dúvida a insigne figura  magistral do Professor Henrique José de Souza quem mais e  melhor aprofundou e desvelou o tema dos Mundos Subterrâneos, em seu  livro A Verdadeira Iniciação, em inúmeros  artigos publicados na revista Dhâranâ – órgão  oficial da Sociedade Teosófica Brasileira – e, sobretudo, no  material reservado que compendiou em forma de Livros de Revelações para os membros mais adiantados do seu Colégio e os da Ordem do  Santo Graal, que ele (re)fundou no dia 28 de Dezembro de 1951 como o  Grande-Ocidente Ibero-Ameríndio.

Segundo a tese de Henrique José de  Souza, de resto confirmada pela antiquíssima tradição inserta, por  exemplo, no Vishnu-Purana, através do diálogo  metafórico entre Parasava e Maitri, o Globo terrestre divide-se em três  zonas diferenciadas e dispostas concentricamente, ainda que se deva  compreender esta distinção mais quanto ao nível relativo à evolução da  consciência do que ao aspecto geológico propriamente dito.

Verifica-se uma dada correlação entre os  diversos estratos nos quais se situam os vários universos hominais e os  seus níveis de evolução respectivos. Há como que uma convergência que  vai do mais externo para o mais interno. Quanto mais o mundo está  interiorizado, mais elevado se apresenta o seu padrão evolucional, mais  privilegiado o nível das suas instituições culturais, sociais,  científicas e tecnológicas. Por isso, a Humanidade evoluindo à face da  Terra constitui o núcleo menos civilizado.

Um pouco por todo o planeta, entre o  mundo exterior e o mundo interior, indo até 60-90 km de profundidade,  situa-se o Mundo de Badagas: é uma zona intermediária que tem o  nome de um povo Sedote o qual, como os Todes, Xavantes, Jívaros e  outras tribos, guarda as Embocaduras para os Mundos Interiores.

Badagas é um Mundo já muito  superior ao da superfície caracterizando-se, contudo, pela tónica do  desenvolvimento tecnológico, o que mais surpreende o visitante vindo de  cima.

De Badagas, onde estão  instalados os Retiros Privados dos Adeptos Perfeitos da Humanidade e as  verdadeiras Moradas físicas das 7+1 Ordens Iniciáticas secretamente  dirigindo o Mundo, dentre elas a de Mariz, no todo perfazendo a  Grande Fraternidade Branca reunida na Capital deste mesmo Mundo  Subterrâneo, Meka-Tulan, dizia, de Badagas tem-se  acesso ao Mundo de Duat onde se encontram Seres ainda mais  espiritualizados, parte dos quais possui fisiologia semelhante à do  homem da superfície. E se o visitante da superfície tiver o privilégio  de deslocar-se a Duat, primeiro terá de passar um período de  treino e preparação de cerca de três meses em Badagas, para que  o seu veículo de consciência não sofra perturbações irremediáveis.

Faço agora um pequeno interregno para  demonstrar o mais que óbvio: a descida ao Mundo dos Deuses não é coisa  fácil nem acessível a qualquer um por muito douto e instruído em  espiritualidade que acaso seja, e muitíssimo menos é comparável às  facilidades de viajar de metropolitano, seja física, seja emocional,  seja mentalmente! Não. Tal implica Iniciação Real e, em  boa verdade, só um Chrestus, um Arhat se poderá vangloriar de tal…  Quanto ao resto, tampouco comento, e só voto que os meus eternos  plagiadores não venham a induzir outros menos avisados em maus e  perigosos caminhos a que fantasia desregrada, ausente de conhecimento  verdadeiro, leva. Posto isto, resta-me prosseguir a descrição geral e  genérica do Mundo Jina, por motivo exclusivamente didáctico e  reservando-me de enunciar outros pormenores de teor mais reservado.

Em Duat existem imensas  Bibliotecas e Museus impressionantes, contendo todo o tesouro literário e  artístico dos ciclos anteriores. Essas Bibliotecas subterrâneas são  acessíveis apenas a certos Iniciados, e somente Senhor do Mundo e os  seus principais Acessores (Rigden-Djyepo e Polidorus Isurenus – Mama  Sahib) detêm a chave total do catálogo dessa Biblioteca verdadeiramente  Planetária. É aqui que se encontram os Devas-Lipikas, os  Senhores do Karma Planetário, que como Excelsos Escribas (Lipika quer  dizer isto mesmo em sânscrito, “Escriba”) registam todos os actos,  pensamentos e palavras no Livro das Vidas, o Kamapa,  conforme os ensinamentos do Venerável Mestre JHS. Os registos daqueles  que se encontram na Corrente Iniciática são conservados no Livro das  Consciências, o Manapa, em posse dos Divinos Maharajas,  os Senhores do Karma Universal.

O Mundo de Duat é  constituído por sete enormes anfractuosidades subterrâneas que se ligam  a uma oitava central por enormes galerias. Nessa última encontra-se a  sua Capital e Templo Supremo de nome Caijah, frequentado por  Cavaleiros trajando de dourado e Damas de azul. Caijah, ligado  directamente em linha vertical ao Templo de Maitreya, em S.  Lourenço, representa em Duat o Oitavo Princípio ou Atmã  Universal.

Mais interiorizado ainda está o Mundo  de Agharta com as suas sete Cidades chamadas Dwipas,  governadas pelos Santíssimos Sete Reis de Edom ou do Éden, que é ela  mesma. Como se fora um Oitavo Chakra, a sua Oitava Cidade e Capital é Shamballah,  governada pelo Rei e Senhor do Mundo, o Soberano, o Eterno Jovem das 16  Primaveras – Sanat Kumara, apoiado lateralmente por seus dois  Ministros da Pax e da Lex. Esse é o Mundo do Silêncio  Móvel, onde só aquele que por direito próprio tem assento no Conselho do  Rei, pode morar. Daí o dizer-se que é a Morada dos Deuses, o Reino dos  Imortais.

Três dos Dwipas de Agharta relacionam-se com a evolução passada do Homem, outros três com a sua  evolução futura, e um quarto com o seu actual desenvolvimento, e é por  isto que Agharta é o “Celeiro das Civilizações e das Mónadas,  ou Civilizações Monádicas”, no dizer de JHS. De maneira que no momento  em que o Iluminado da superfície se une aos seus Princípios Superiores,  de imediato se liga aos Princípios Superiores do Logos Planetário e se  transporta ao Mundo de Agharta, na qual esses mesmos Princípios  Divinos estavam como “Sementes em sono paranispânico, paranirvânico ou monádico” no seio mesmo do Divino Logos, e daí os ir “resgatar” para  manifestá-los à superfície como Iluminado Perfeito, para sempre e  ininterruptamente mantendo a sua Consciência Imortal ligada à mesma Agharta.  Este é o estado puro de Jina, de Génio divino. Donde o  paradoxo aparente da descida ser simultaneamente uma subida…  consciencial.

Nos subúrbios de Agharta existem  cinco milhões de Dwijas e Yoguis, Sábios e Místicos  montando guarda ao Reino possuidores dos 8 Poderes Místicos e Mágicos,  antes, Teúrgicos da Yoga, com os quais soerguem uma muralha  intransponível de forças cósmicas que só os Eleitos no mesmo diapasão  vibratório conseguem transpor. Seguem-se os cinco mil Pundits, Panditas ou Pandavan, o Corpo de Instrutores, correspondentes ao  número de raízes herméticas da Língua Védica, ou melhor, Devanagari.  Depois destes e mais para centro estão os 365 Bagawandas,  Cardeais, representando os Génios dos dias do ano. Os 12 Membros do  Círculo Supremo, os Goros, relacionam-se, entre outras coisas,  com as 12 Hierarquias Universais representadas pelos signos do Zodíaco.

Muito mais haveria para dizer, mas creio  já ter dito o suficiente… tanto mais que o Mistério ao Silêncio obriga.  Só por Iniciação a Revelação completa é conferida.

Todavia, o conhecimento e divulgação dos  Mundos Subterrâneos é indispensável, pois, no contexto da crise mundial  hoje em dia varrendo todos os continentes, os Seres interiorizados têm  um papel fundamental a desempenhar, os Discípulos de Aquarius têm de os  expressar, trabalhando em grupo harmonicamente coeso, a fim de que se  cumpra o Desígnio Divino na face da Terra. Como tal, é de suma  importância que sejam lançadas sementes de forma a criar novas ideias,  capacitando-nos para acções e modos de encarar os problemas de forma  diversa da usual, profana, comprovadamente falível e falida em todos os  sectores da vida humana, a começar pelo educacional.

Tanto mais que a Nova Vinda do Cristo, o  Avatara de Aquarius, MAITREYA, está intrinsecamente ligada a este tão  sublime quão sibilino tema onde, à face da Terra, Portugal e Brasil  jogam papel preponderante na realização da Sinarquia Universal, que é  dizer, a Concórdia Universal da Humanidade.

Só unida a Humanidade vencerá nesta  derradeira Batalha de Tomada do Facho da Luz, do Tosão de Ouro, enfim,  do Santo Graal.

Spes messis in semine (a  esperança da colheita reside na semente).

Lance-se, pois, as sementes em solo bem  adubado, a fim de que floresça plena a Nova Era e o Reino do Pai se  dissemine por todo o Orbe.

ADVENIAT REGNUM TUUM

AT NIAT NIATAT

SEGUNDA PARTE

Passo a transcrever o capítulo “O  Mistério dos Mistérios – O Rei do Mundo” do livro Animais,  Homens e Deuses, de Ferdinand Ossendowsky, narrativa da  vivência do autor, em fuga ao bolchevismo soviético em 1920-1922, na  Mongólia e no Tibete junto das mais altas dignidades do seu clero,  estando o texto devidamente anotado e comentado no final por mim.  Repare-se que o que o Rei do Mundo profetizou há mais de 100 anos está  se cumprindo integralmente nos dias d´hoje. Isso traz-me à memória uma  outra Profecia do Rei do Mundo, feita em 1962, referente a Portugal e  Espanha, que diz em termos bem fatais: «PORTUGAL e ESPANHA, por si sós,  já de há muito foram condenados, por sua responsabilidade como Países da  origem da Nova Civilização, principalmente, para nós, PORTUGAL. A  ameaça para este pode chegar até a uma convulsão cósmica, por meio de um  TERRAMOTO em Lisboa, como já o teve há muito anos»…

Essa Profecia fatídica do Rei do Mundo (Melki-Tsedek)  respeitante a Portugal, cumpriu-se como sismo geológico e político. Com  efeito, em 1968 chuvas torrenciais inundaram o País causando milhares  de mortos, feridos e desalojados, o que a propaganda política, censora,  centrípeta ou tamásica de Salazar noticiou como caso de “somenos  importância”, mas que foi consequência kármica da proibição pelo ditador  da divulgação e expansão da Obra de JHS em Portugal, perseguindo os  seus membros, chegando a prender vários deles, de maneira que esse  caudal fatal foi o eco inverso, catastrófico ou destrutivo do  construtivo da Montanha Aquosa (APAVANA-DEVA – Fohat = Akasha – Apas) de  Itaparica, em 1899. Logo no ano seguinte, 1969, um fortíssimo tremor de  terra, quase redundando em terramoto, abalou o País de Norte a Sul,  causando inúmeros estragos e vítimas, e que foi o eco inverso,  catastrófico ou destrutivo do construtivo da Montanha Rochosa  (MITRA-DEVA – Kundalini = Tejas – Pritivi) de São Lourenço, em 1921. A  queda do regime político repressivo salazarista, a consequente abertura  do País ao Mundo e a divulgação e expansão livre da nossa Obra em  Portugal, a partir de 25 de Abril de 1974, o que tudo redunda em acção  sátvica ou centrífuga (VAYU em acção, como PRANA expansivo, numa fusão  harmónica ou equilibrada de Fohat – Kundalini) permanentemente  alimentada por toda a nossa acção Cultural-Espiritualista no País, veio a  afectar positivamente no ano imediato de 1975 a vizinha Espanha do  regime ditatorial de Franco, que viu a sua queda e extinção, vindo assim  permitir que a Profecia do Rei do Mundo ainda não se realizasse em  proporções maiores, dantescas. E, causalidade das causalidades, esta  mesma página escrita às 5 horas da madrugada de 29 de Dezembro de 2005,  agora mesmo a terra acaba de tremer em Portugal, ainda que por escassos  segundos mas de maneira bastante sensível. Mais uma prova incontestável  de que não há fantasia ou quimera nas palavras proféticas do Rei do  Mundo. O Munindra que medite…

O REINO SUBTERRÂNEO

– Parem! – murmurou o meu guia mongol  num dia que estávamos atravessando a planície perto de Tangan Luk. –  Parem!

Deixou-se cair do lombo do camelo; este  logo se deitou sem que fosse necessário dar-lhe ordem.

O mongol levantou as mãos à altura do  rosto em sinal de oração e começou a repetir a frase sagrada:

– Om Mani Padme Hum (1).

Outros mongóis também desceram de seus  camelos e começaram a rezar.

“Que será que aconteceu?” – perguntava a  mim mesmo enquanto observava em minha volta o verde brilhante do capim  que se estendia até ao horizonte, onde um céu sem nuvens recebia os  últimos raios do sol.

Os mongóis rezaram durante algum tempo,  conversaram entre si, e depois de apertar os arreios dos seus camelos,  prosseguiram a viagem.

– Você notou como os camelos remexiam as  orelhas de medo – perguntou-me o mongol – e como a manada de cavalos na  planície ficou imóvel? Você viu que até os carneiros e outro gado se  deitaram no chão? Você notou que as aves pararam de voar, as marmotas  pararam de correr e os cães emudeceram? O ar vibrava suavemente e  trazia, de longe, as notas de uma canção que penetravam no coração dos  homens, dos animais e das aves. O céu e a terra não se movem, o vento  não sopra e o sol pára a sua trajectória; num momento como esse, o lobo,  que se está aproximando sorrateiramente dos carneiros, não continua no  seu propósito de rapina, o rebanho de antílopes apavorados pára a sua  fuga precipitada; a faca cai da mão do pastor que está para sacrificar a  ovelha, e o voraz arminho deixa de perseguir a confiante perdiz salga.  Todos os seres vivos ficam assustados e rezam, esperando que se cumpra o  seu destino. Foi o que aconteceu agora. É o que acontece toda a vez que  o Rei do Mundo, em seu palácio subterrâneo, reza procurando saber o  destino dos povos da Terra.

Assim falou o velho mongol, que era um  simples pastor sem cultura.

A Mongólia, com as suas montanhas  terríveis e nuas, as suas planícies imensas cobertas pelas ossadas  esparsas dos seus antepassados, é o berço de um mistério. O seu povo,  apavorado pelas tempestuosas manifestações da Natureza ou acalentado  pela sua quietude de morte, sente a profundeza desse mistério. Os Lamas  amarelos o conservam e o celebram poeticamente, os Pontífices de Lhassa e  de Urga conhecem a sua explicação.

Durante a minha viagem pela Ásia Central  tomei conhecimento disso, pela primeira vez, o que não posso chamar de  outra forma: o Mistério dos Mistérios. No início não prestei realmente  muita atenção, porém percebi em seguida o quanto era importante quando  comparei e analisei alguns testemunhos esporádicos, que algumas vezes  estavam sujeitos a controvérsias.

Os anciãos das margens do Amyl  contaram-me uma lenda antiga a respeito de uma tribo mongol que,  querendo fugir das exigências de Gengis Khan, foi esconder-se num país  subterrâneo. Mais tarde, um soyote dos arredores do lago de Nogan Kul  mostrou-me a porta, envolta em neblina, pela qual se vai ao Reino de  Agharta. Por essa porta um caçador penetrou outrora no Reino, e quando  voltou contou tudo o que viu. Os Lamas cortaram a sua língua para que  nunca mais falasse do Mistério dos Mistérios. Quando ficou velho voltou à  entrada da caverna e desapareceu no Reino Subterrâneo, cuja memória  tinha alegrado imenso o seu coração de nómada.

Recebi informações mais minuciosas pela  boca do Hutuktu Lelyp Djamarap de Narabanchi Kure. Ele contou-me a  história da chegada do Rei do Mundo quando saiu do seu Reino  Subterrâneo, a sua aparição, os seus milagres e as suas profecias.  Compreendi então, pela primeira vez, que detrás dessa lenda, dessa  hipnose, dessa visão colectiva, da forma como ela seja interpretada,  ocultava-se não somente um mistério, mas uma força real e soberana que  tinha a capacidade de influenciar a vida política da Ásia. Foi a partir  desse instante que comecei a fazer as minhas pesquisas.

Pintura tibetana mostrando o  Rei do Mundo em Shamballah

O Lama Gelung, favorito do príncipe  Chultun-Beyli, e o próprio príncipe descreveram-me o Reino Subterrâneo.

– Neste mundo – disse-me Gelung – tudo  está em perene estado de transição e mudança: os povos, as religiões, as  leis e os costumes. Quantos impérios, quantas brilhantes civilizações  já desapareceram! Só não desaparece o Mal, instrumento dos maus  espíritos. Já faz mais de seis mil anos que um santo homem desapareceu  com toda uma tribo no interior da Terra e nunca mais reapareceram na  superfície. Depois disso, porém, muitas pessoas já visitaram esse Reino.  Sakia Muni, Undur Gheghen, Paspa, Baber e muitos outros estiveram lá.  Ninguém sabe onde realmente ele se encontra. Alguns dizem que é no  Afeganistão, e outros que na Índia. Todos os homens daquela região estão  protegidos do Mal, e o crime não existe no interior de suas fronteiras.  A Ciência conseguiu desenvolver-se ali com inteira tranquilidade, não  havendo ameaça alguma de destruição. O povo subterrâneo alcançou os mais  altos graus da Ciência. Agora é já um grande Reino que tem milhões de  súbditos governados pelo Rei do Mundo. Ele conhece todas as forças da  Natureza, lê em todas as almas humanas e no grande Livro do Destino. Ele  reina, invisível, e mais de oitocentos milhões de homens estão prontos a  executar as suas ordens.

O príncipe Chultun Beyli continuou a  explicação: – Esse Reino chama-se Agharta, e estende-se por todas as  passagens subterrâneas do mundo inteiro. Eu ouvi quando um sábio Lama  chinês disse ao Bogdo Khan que todas as cavernas da América são  habitadas pelo antigo povo que desapareceu debaixo da Terra. Existem  ainda vestígios seus na superfície. Esse povo e esse domínio subterrâneo  são governados por chefes que reconhecem a soberania do Rei do Mundo.  Nisso não há nada de extraordinário. Você sabe que nos dois maiores  oceanos do Leste e do Oeste haviam noutros tempos dois continentes (2).  Eles foram engolidos pelas águas, mas os seus habitantes foram levados  para o Reino Subterrâneo. Aquelas cavernas profundas são iluminadas por  uma luz especial que permite o crescimento dos cereais e dos vegetais e  proporciona aos seus habitantes uma vida longa e sem doenças. Estão lá  muitos povos, muitas tribos. Um velho Brahmane budista do Nepal estava  cumprindo a vontade dos Deuses, viajando para o antigo reino de Gengis  Khan, o Sião, quando encontrou um pescador que lhe pediu que entrasse no  seu barco e remou para o mar. No terceiro dia chegaram a uma ilha onde  viviam homens que tinham duas línguas e podiam falar, separadamente,  dois idiomas diferentes. Mostraram-lhe animais curiosos: tartarugas com  dezasseis patas e um só olho (3), enormes cobras que  tinham a carne muito saborosa, aves que tinham dentes e que apanhavam no  mar os peixes que depois levavam aos seus amos. Esses homens  disseram-lhe que tinham vindo do Reino Subterrâneo e descreveram algumas  das suas regiões.

O Lama Turgut que me acompanhou durante a  viagem de Urga a Pequim, deu-me mais informações.

– A capital de Agharta é contornada de  cidades onde moram os grandes Sacerdotes e os Sábios. Ela se parece com  Lhassa, onde o palácio do Dalai-Lama, o Potala, se encontra no topo de  uma montanha toda coberta de templos e mosteiros. O Reino do Rei do  Mundo está cercado por dois milhões de deuses encarnados. Eles são os  Santos Panditas (4). O próprio palácio está cercado  pelos palácios dos Goros (5) que possuem todas as  forças visíveis e invisíveis do Inferno, da Terra e do Céu, e que tudo  podem fazer pela vida e pela morte dos homens. Se a nossa Humanidade  tresloucada quisesse uma guerra contra eles, eles seriam capazes de  fazer explodir a superfície do nosso planeta, e reduzi-lo a um deserto.  Eles podem ressecar os mares, transformar os continentes em oceanos ou  reduzir montanhas a areias do deserto. Eles podem criar as árvores, os  canaviais e fazer com que a relva brote; sabem transformar em moços  viris homens velhos e fracos, e até conseguem ressuscitar os mortos. Sem  que saibamos e vejamos, eles transportam-se, em estranhos e  velocíssimos veículos, através dos estreitos corredores do interior do  nosso planeta. Alguns Brahmanes da Índia e vários Dalai-Lamas do Tibete  chegaram a escalar cumes de montanhas jamais pisados por pés humanos, e  encontraram inscrições gravadas nas rochas, restos de passos na neve ou  as marcas deixadas pelos rodados de viaturas. O Bem-Aventurado Sakya  Muni encontrou no topo de uma montanha estelas de pedra com palavras  inscritas que não conseguiu decifrar senão quando já tinha uma idade  avançada, tendo em seguida penetrado no Reino de Agharta, de onde voltou  trazendo algumas migalhas da Ciência Sagrada que a sua memória  conseguira reter. Aí, em maravilhosos palácios de cristal moram os  Chefes Invisíveis dos fiéis, o Rei do Mundo Brahytma (6),  que pode falar com Deus como estou falando consigo, e os seus dois  Auxiliares, Mahytma (7), que conhece os lances do  futuro, e Mahynga (8), que conhece as causas dos  eventos.

Os santos Panditas estudam o mundo e  suas forças. Ocasionalmente os mais sábios dentre eles se reúnem, e  enviam delegados a um lugar que os olhos humanos jamais viram. Isso foi  descrito pelo Tashi-Lama que viveu há oitocentos e cinquenta anos atrás.  Os mais altos Panditas, pondo uma mão sobre os olhos e outra sobre a  nuca dos sacerdotes mais jovens, adormecem-nos profundamente, lavam os  seus corpos com uma infusão de ervas tornando-os imunes à dor,  endurecendo-os como pedras, e após tê-los envolvido em faixas mágicas,  oram a Deus. Os moços, deitados e petrificados, mas de olhos e ouvidos  alerta vêem, ouvem, entendem e observam todo o passado, todo o presente,  todo o futuro. Seguidamente um Goro aproxima-se e fita-os longamente.  Os seus corpos astrais soltam-se da carne desaparecendo em seguida. Mas o  Goro fica sentado, junto dos corpos inertes, de olhar fixo no ponto  para onde os enviou. Por fios invisíveis eles ficam subordinados à sua  vontade; alguns deles viajam como estrelas, observando acontecimentos e  povos desconhecidos, suas vidas e suas leis. Por lá eles ouvem as  conversas, lêem os livros, conhecem a sorte e a miséria, a santidade e o  pecado, a piedade e o vício. Alguns misturam-se às chamas e conhecem a  criatura do fogo, viva e voraz, e encetam labuta incessante fundindo e  martelando os metais nas profundezas do planeta, fazendo ferver as águas  dos “geysers” e das nascentes térmicas. Fundem as rochas e enviam as  massas em fusão à superfície da Terra pelas bocas dos vulcões. Outros,  ainda, juntam-se às criaturas do ar, infinitamente pequenas,  evanescentes e transparentes, e estudam o mistério e a razão de sua  existência. Outros mais deslizam até aos abismos do mar observando e  estudando o reino das sábias criaturas das águas, as quais transportam e  disseminam o alento vital por toda a Terra, fazendo mover os ventos, as  ondas e as tempestades (9). Noutros tempos, viveu no  mosteiro de Erdeni Dzu o Pandita Hutuktu que veio de Agharta. Quando  estava para morrer, falou do tempo em que, pela vontade de um Goro, ele  viveu numa estrela vermelha a Leste, onde flutuou sobre um oceano  coberto de gelo e voou entre os fogos acesos no interior da Terra (10).

Ouvi essas histórias nas “yurtas” dos  príncipes e nos mosteiros lamaístas. Pela maneira como elas me foram  contadas, não tive a possibilidade de deixar transparecer a menor  dúvida.

Mistérios…

O REI DO MUNDO PERANTE DEUS

Durante a minha estadia em Urga  esforcei-me por encontrar uma explicação para a lenda do Rei do Mundo.  Por muitas razões a pessoa mais indicada para me dar qualquer informação  nesse sentido era o Buda Encarnado, e procurei interrogá-lo sobre o  assunto. Durante uma conversa, citei o nome do Rei do Mundo. O velho  Pontífice virou bruscamente a cabeça para o meu lado e fixou-me com os  seus olhos sem vida. Mantive-me calado contra a minha própria vontade. O  silêncio foi-se prolongando e o Pontífice voltou a falar de uma tal  maneira que percebi não desejar abordar o assunto. Pude ver nos rostos  das outras pessoas presentes, especialmente no bibliotecário do Bogdo  Khan, uma expressão de admiração e medo. É, portanto, bem compreensível  como esse incidente só contribuiu para aumentar a minha impaciência e a  vontade de obter maiores informações.

Quando estava saindo do gabinete de  trabalho do Bogdo Khan encontrei o bibliotecário que saíra antes de mim,  e perguntei-lhe se me daria autorização de visitar a biblioteca do Buda  Encarnado. Utilizei uma táctica muito simples.

– Sabe, caro Lama – disse-lhe – um dia  estava eu numa planície, na hora em que o Rei do Mundo falava com Deus, e  fiquei impressionado com a majestosa solenidade daquele momento.

Foi enorme a minha surpresa quando o  velho Lama me respondeu calmamente:

– Não acho certo que o Budismo e o  Lamaísmo o ocultem. O reconhecimento do mais Santo e Poderoso dos  Homens, do Bem-Aventurado Reino, do Grande Templo da Santa Ciência, é de  tamanho conforto para os nossos corações de pecadores e para as nossas  vidas corruptas, que escondê-lo é uma lástima.

Ouça – continuou ele – durante o ano  inteiro o Rei do Mundo dirige as tarefas dos Panditas e dos Goros de  Agharta. Só em momentos determinados Ele penetra na cripta do Templo  onde repousa o corpo embalsamado de seu predecessor, num ataúde de pedra  negra. A cripta está sempre sombria, mas quando o Rei do Mundo penetra  nela as suas paredes ficam rajadas de fogo, e da tampa do ataúde  irrompem longas chamas. O decano dos Goros fica erecto à sua frente, com  a cabeça e o rosto cobertos e as mãos cruzadas sobre o peito. O Goro  também nunca retira o capuz ensombrando a sua face, por sua cabeça ser  uma caveira nua com olhos purpúreos e uma língua que fala,  comunicando-se com as almas daqueles que já se foram (11).

O Rei do Mundo fala longamente e em  seguida aproxima-se do ataúde e estende a destra. As chamas resplandecem  então com maior vivacidade; as rajadas de fogo nas paredes aumentam e  crepitam, entrelaçando-se e formando as letras misteriosas do alfabeto  “Vatanã” (12). Do ataúde irrompem espirais  transparentes de luz quase invisíveis: são os pensamentos de seu  predecessor. Logo o Rei do Mundo fica envolto nessa aura luminosa e as  letras de fogo escrevem, escrevem sem cessar sobre a pedra críptica o  desejo e a vontade de Deus. Nesse momento o Rei do Mundo comunica-se com  todos aqueles que dirigem os destinos da Humanidade: os reis, os  czares, os khans, os chefes guerreiros, os grandes sacerdotes, os sábios  e os homens poderosos. Ele conhece todas as intenções e ideias deles.  Se elas agradarem a Deus, Ele favorecerá a sua realização com o seu  auxílio invisível; mas se elas desagradarem a Deus, o Rei do Mundo  providenciará o seu fracasso. É a Ciência misteriosa do Om que dá esse  poder a Agharta, e é com essa palavra que iniciamos as nossas orações.  Om é o nome de um antigo Santo, do primeiro Goro, o qual viveu há  trezentos mil anos. Ele foi o primeiro Homem que conheceu a Deus, o  primeiro que ensinou à Humanidade a acreditar, a esperar, a lutar contra  o Mal; então Deus deu-lhe o poder de dominar todas as forças do mundo  visível (13).

Após conversar com o predecessor, o Rei  do Mundo reúne o Grande Conselho de Deus e julga as acções e os  pensamentos dos grandes homens, e ora os auxilia ou aniquila. Mahytma e  Mahynga encontram o lugar dessas acções e desses pensamentos entre as  causas que governam o mundo. Finalmente, o Rei do Mundo entra no Grande  Templo e reza na sua solidão. O fogo irrompe sobre o altar e comunica-se  aos altares próximos (14), e na chama ardente  desenha-se o Rosto de Deus. Respeitosamente o Rei do Mundo anuncia a  Deus as decisões do Conselho, e o Todo-Poderoso lhe comunica os Seus  Mandamentos. Quando sai do Templo, o Rei do Mundo irradia a Luz Divina (15).

REALIDADE OU FICÇÃO MÍSTICA?

– Alguém já viu o Rei do Mundo? –  perguntei.

– Sim – respondeu o Lama –, o Rei do  Mundo apareceu por cinco vezes consecutivas durante os períodos dos  festejos do Budismo Antigo no Sião e na Índia. Ele vinha instalado num  esplêndido carro puxado por elefantes brancos, enfeitados de ouro,  pedras preciosas e seda; trajava uma túnica branca e coroava-lhe a  cabeça uma tiara púrpura, da qual pendiam franjas de diamantes  ocultando-lhe o rosto. Abençoava o povo com uma maçã de ouro encimada  por um cordeiro (16). Os cegos voltaram a ver, os  surdos voltaram a ouvir, os paralíticos voltaram a andar e os mortos  ressuscitaram em todos os lugares por onde o Rei do Mundo passou. Faz  cento e quarenta anos que Ele apareceu em Erdeni Dzu, tendo depois  também visitado os mosteiros de Sakia e Narabanchi Kure.

Um dos nossos Budas Encarnados e o  Tashi-Lama receberam Dele uma mensagem escrita em letras desconhecidas  sobre estelas de ouro. Ninguém sabia decifrar a escrita. O Tashi-Lama  entrou no templo, colocou as estelas sobre a sua cabeça e começou a  orar. Por intermédio da oração, os pensamentos do Rei do Mundo  penetraram no seu cérebro e ele conseguiu compreender e executar a  mensagem do Rei do Mundo, apesar de antes não ter compreendido aquelas  letras.

– Quantas pessoas conseguiram chegar a  Agharta? – perguntei-lhe.

– Muita gente já lá foi. – disse-me o  Lama – Todos, porém, mantiveram segredo sobre as coisas que viram.  Quando os Olets destruíram Lhassa, um dos seus destacamentos que estava  nas montanhas a sudoeste, chegou até onde começa a Agharta. Eles  aprenderam algumas coisas das ciências misteriosas e trouxeram esse  conhecimento para a superfície da Terra.

Isso explica porque os Olets e os  Calmucos são bons magos e profetas. Algumas tribos escuras do Leste  também conseguiram chegar a Agharta e lá viveram alguns séculos. Mais  tarde, porém, foram escorraçadas do Reino e voltaram à face da Terra,  mas trouxeram consigo a ciência misteriosa de prever o futuro nas  cartas, nas ervas e nas linhas das mãos. Estou falando dos ciganos (17).  Em determinada região, ao Norte da Ásia, existe uma tribo em vias de  extinção e que veio das cavernas de Agharta. Os membros dessa tribo  sabem invocar as almas dos mortos que povoam o espaço (18).

O Lama ficou calado durante algum tempo.  Mas voltou a falar como se adivinhasse os meus pensamentos.

– Em Agharta, os sábios Panditas  escrevem sobre estelas de pedra toda a Ciência do nosso planeta e dos  outros mundos. A sua Ciência é a mais elevada e pura. Em cada século cem  Sábios da China reúnem-se num lugar secreto, à beira-mar, e cem  tartarugas imortais saem das profundezas do oceano. Sobre as suas  carapaças, os Sábios escrevem as conclusões a que chegou a Ciência nesse  século.

Lembro-me, a esse respeito, de uma  história que me foi contada por um Bonzo chinês no Templo do Céu, em  Pequim: disse que as tartarugas vivem mais de três mil anos, sem ar e  sem alimento, e que por essa razão todas as colunas azuis do Templo  estavam apoiadas em tartarugas vivas, e dessa forma a madeira jamais  apodrecia (19).

– Muitas vezes os pontífices de Lhassa e  de Urga enviaram mensageiros ao Rei do Mundo – disse o Lama  bibliotecário – mas nunca O conseguiram encontrar. Um dia um chefe  tibetano, depois de combater contra os Olets, encontrou a caverna que  leva a inscrição: “Esta porta conduz a Agharta”. Um homem de bela  aparência saiu da embocadura e ofereceu-lhe uma estela de ouro com uma  escrita misteriosa, dizendo: “O Rei do Mundo aparecerá a todos os homens  quando chegar o tempo de conduzir os homens bons na guerra contra os  homens maus. O tempo, porém, ainda não chegou. Os piores da Humanidade  ainda não nasceram”.

O “chiang-chun” Barão Ungern enviou o  jovem príncipe ao Rei do Mundo com uma mensagem, mas ele regressou com  uma carta do Dalai-Lama. O Barão voltou a enviá-lo, e o jovem príncipe  não mais voltou.

A PROFECIA DO REI DO MUNDO – EM 1890

Quando visitei o mosteiro de Narabanchi,  no começo de 1921, o Hutuktu contou-me o seguinte:

– Quando o Rei do Mundo apareceu, aqui  no mosteiro, aos Lamas favoritos de Deus – e já se passaram trinta anos –  Ele fez uma profecia respeitante aos tempos futuros. Eis o que Ele  disse:

«Os homens, cada vez mais, esquecerão as  suas almas para se ocuparem apenas dos seus corpos. A maior corrupção  irá reinar sobre a Terra. Os homens assemelhar-se-ão a animais ferozes,  sedentos do sangue de seus irmãos. O Crescente apagar-se-á, caindo os  seus adeptos na guerra perpétua. Cairão sobre eles as maiores desgraças e  acabarão por degladiar-se entre si. As coroas dos reis, grandes e  pequenos, cairão: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito…  Eclodirá uma guerra terrível entre todos os povos. Os oceanos rugirão… A  terra e o fundo dos mares cobrir-se-ão de ossadas… desaparecerão  reinos, morrerão povos inteiros… haverá a fome, a doença, crimes não  previstos pelas leis, nem vistos nem sonhados ainda pelos homens. Virão,  então, os inimigos de Deus e do Espírito Divino, os quais jazem nos  próprios homens. Aqueles que levantarem a mão sobre outro também  perecerão. Os esquecidos, os perseguidos, erguer-se-ão depois e atrairão  a atenção do mundo inteiro. Haverá nevoeiros espessos, tempestades  horríveis. Montanhas até então escalvadas se cobrirão de florestas. A  Terra inteira tremerá… Milhões de homens trocarão as correntes da  escravidão e das humilhações pela fome, a peste e a morte. As estradas  se encherão de multidões de pessoas caminhando ao acaso de um lado para o  outro. As maiores, as mais belas cidades desaparecerão pelo fogo… uma,  duas, três… O pai erguer-se-á contra o filho, o irmão contra o irmão, a  mãe contra a filha. O vício, o crime, a destruição dos corpos e das  almas seguir-se-ão a tantas calamidades. As famílias serão dispersas… A  fidelidade e o amor desaparecerão… Por cada dez mil homens sobreviverá  um, o qual ficará nu, destituído de todo o entendimento, sem forças para  construir a sua habitação ou procurar alimentos. E estes homens  sobreviventes uivarão como lobos ferozes, devorarão cadáveres e,  mordendo a sua própria carne, desafiarão Deus para combate. A Terra  inteira ficará deserta e até Deus fugirá dela. Sobre a Terra vazia a  noite e a morte. Então Eu enviarei um Povo, desconhecido até agora, o  qual, com mão forte, arrancará as ervas daninhas da loucura e do vício, e  conduzirá aos poucos que restarem fiéis ao Espírito no Homem na batalha  contra o Mal. Fundarão uma Nova Vida sobre a Terra purificada pela  morte das nações. Dentro dos cinquenta anos que se seguem, somente três  grandes reinos brilharão, vivendo felizes durante setenta e um anos. Em  seguida, haverá dezoito anos de guerra e destruição. Então os Povos de  Agharta sairão das suas cavernas e aparecerão à face da Terra.»

Mais tarde, quando em viagem para  Pequim, eu perguntava frequentemente a mim mesmo:

– Que aconteceria se realmente povos  inteiros, raças, religiões, tribos diferentes começassem a emigrar para  Oeste?

Agora, enquanto escrevo estas últimas  linhas, os meus olhos viram-se involuntariamente na direcção do coração  infinito da Ásia, por onde tanto andei em minhas peregrinações. Vejo,  através de um torvelinho de neve ou de uma tempestade de areia no Gobi, o  rosto do Hutuktu de Narabanchi quando, em voz pausada e a mão apontando  o horizonte, me revelava o segredo dos seus pensamentos mais íntimos.

Vejo, nas margens do Ubsa-Nof, os  imensos campos coloridos, as manadas de cavalos e de gado, as “yurtas”  azuis dos chefes. Acima delas vejo as bandeiras de Gengis Khan, dos reis  do Tibete, do Sião, do Afeganistão e dos príncipes indianos; os  emblemas sagrados dos pontífices lamaístas; os brasões dos Khans e dos  Olets, e os pendões mais simples das tribos mongóis do Norte. Não ouço o  burburinho das multidões agitadas. Os cantores já não cantam as  melodias nostálgicas das montanhas, das planícies e do deserto. Os  jovens cavaleiros já não galopam velozmente as suas briosas montadas… Há  somente multidões infindáveis de velhos, mulheres e crianças, e, mais  além, para Norte e para Leste, até onde os meus olhos alcançam, o céu é  vermelho como fogo, ouvindo-se o rugido crepitante do incêndio e o eco  da batalha onde os guerreiros, sob um céu vermelháceo, derramam o seu  próprio sangue e o dos outros! Quem conduz essas multidões de  desgraçados desamparados? Vejo uma ordem austera, uma compreensão  profunda do ideal, da paciência e da tenacidade; uma nova emigração dos  povos, a última marcha dos mongóis (20).

Talvez o Karma tenha aberto uma nova  página na História.

Que sucederá se o Rei do Mundo estiver  com eles?

Mas, contudo, o maior Mistério de todos  os Mistérios continua sem resposta.

NOTAS (V.M.A.)

1) O mantram-oração  principal do Budismo Tibetano que sintetiza toda a doutrina lamaísta,  tanto a exotérica (pública) como a esotérica (privada). Om Mani  Padme Hum, significa: “Salve, ó Jóia do Lótus Sagrado”, sendo a  Jóia o Buda Místico na Morada do Coração (o Lótus); daí também possuir o  significado de: “Ó Deus que estais em Mim”. Este mantram, consagrado ao  Dhyani-Buda Avalokitesvara, designa o Atmã ou Espírito  Universal, e com isso o Caminho da  Universalidade.

Om Mani Padme Hum

2) Respectivamente, o  continente da Lemúria a Leste, onde floresceu a 3.ª Raça-Raiz, e o  continente da Atlântida a Oeste, berço da 4.ª Raça-Raiz, progenitora da  actual 5.ª, a Ariana.

3) Ou o autor “fumou e  pirou”, ou então, e é o mais provável, trata-se de uma alegoria  carregada de forte simbolismo, junta à alusão a espécimes animais acaso  sobreviventes à última Era Glaciar, possivelmente ainda subsistindo  restos esparsos nas profundezas de certas cavernas sitas no que se  consideram regiões badagas. Como símbolo esotérico, a tartaruga é a imagem zoomórfica perfeita do Universo com o único e só “Olho  que tudo Vê” (Olho de Druva) no seu centro, designando o Sol  Central. As “16 patas” é referência velada ao Arcano 16 do Tarot, o  Arcano dos Atlantes, e que cosmogonicamente expressa “A Queda do  Espírito na Matéria”, ou seja, a manifestação objectiva do Universo, a  sua “encarnação” como Espaço Com Limites.

4) Ossendowsky fala em  “dois milhões de deuses encarnados” montando guarda ao Reino do Senhor  do Mundo. Creio haver aqui uma imprecisão numérica, pois tanto o  Professor Henrique José de Souza quanto a referência de  Saint-Yves d´Alveydre, na sua Missão da Índia na Europa,  que o autor certamente conheceu e consultou, indicam o número preciso  de Dwijas, Yoguis e Pandavans como de cinco milhões e cinco mil, isto é, repartidos em dois milhões e  meio de Dwijas (“Nascidos duas vezes”, isto é, pelo Corpo ou Maternidade e pelo Espírito ou Iniciação), dois milhões e meio de Yoguis (“Unidos com Deus”, pela mais elevada Mística) e cinco mil Pandavans ou Panditas (“Instrutores” na Sabedoria dos Deuses, tanto  valendo por Teosofia).

5) Goros,  “Sacerdotes de Deus”. O Palácio do Rei do Mundo, em que está o seu trono  onde resplandece um Sol de 32 raios, sendo Ele próprio o 33.º  sintético, é um 13.º cercado em Shamballah (antes, à sua volta)  por 12 outros, cada qual assessorado por um Goro relacionado a  determinada Hierarquia Criadora do Universo encarnada num signo zodiacal  específico.

6) Ou Brahmatmã,  “O Apoio dos Espíritos no Espírito de Deus” – o Rei do Mundo em sua  dupla função de Monarca e Pontífice Universal, indo corresponder ao Chakra-Varti védico e ao Melki-Tsedek bíblico. É Sua Majestade Rigden-Dyepo,  isto é, “Rei dos Jivas”, que está para o seu sucessor Akdorge.  Dirige o Governo Oculto Espiritual e Temporal do Mundo.

7) Ou Mahanga,  “A Expressão de toda a Organização Material do Cosmos” – o Poder  Temporal ou Real identificado ao Adonay-Tsedek hebraico. É o  Excelso Polidorus Isurenus, em ligação directa ao seu sucessor Kadir.  Dirige o Governo Oculto Temporal do Mundo.

oito) Ou Mahinga,  ou ainda Mahima e Mahatma, “O Representante da Alma  Universal” – a Autoridade Espiritual ou Sacerdotal relacionada ao Kohen-Tsedek hebreu. É a Excelsa Mama-Sahib ligada ao seu sucessor Akadir.  Dirige o Governo Oculto Espiritual do Mundo.

9) Esta Iniciação  Real feita de Escola – Teatro – Templo e  conferida pelos Panditas aos instruendos, possibilita o  conhecimento e domínio perfeitos dos quatros elementos naturais e  respectivas essências ou “espíritos”, a partir do quinto, com isso  podendo dirigir a massa energética da Terra e do Universo cuja  quintessência é o próprio Akasha ou Éter sob o domínio da Força  Mental, logo sendo também o Pater Aether Omnipotens.

10) Referência velada à  “Estrela Baal” e aos seus mistérios fatídicos que agora revelo  parcialmente: quando há milhões de anos atrás a parte salina ou  cristalizada da Terra foi separada de si, dela nasceu a Lua que  principiou uma órbita muito diferente da actual em torno da progenitora,  fragmentando-se em duas que vieram a iluminar as noites da Lemúria e da  Atlântida. Uma das Luas, a existente ainda hoje, estabeleceu a sua  rotação sazonal nos meados da terceira Raça; a outra, mais pequena,  passou a orbitar em torno da maior, fragmentando-se lentamente até  acabar por desprender-se dela um gigantesco fragmento incandescente que  precipitou-se sobre a Terra, na região do Yukatan (que quer  dizer precisamente “pedaço lunar”), alterando fatalmente o metabolismo  desta e com isso provocando a extinção de grande parte da sua vida  hominal, animal e vegetal. Isto nos finais da Lemúria, o que coincidiu  com a morte dos dinossauros e o início da Era Glaciar provocada pela  queda da “Estrela Baal”, esse mesmo fragmento selenita. Por  fim, já perto do final da Raça Atlante, despenhou-se no mar oceano (que  assim ficou salitrificado…) da Terra um outro fragmento da mesma Lua (o  retorno da “Estrela Baal”…), tendo então se desintegrado por  completo. Esse fragmento foi a “mola” impulsionadora dos cataclismos que  destruíram por completo o Continente Vermelho (chamado assim por causa  da cor epidérmica dos seus naturais).

11) Os abnegados e  heróicos Antepassados, os Progenitores ou Pitris, os Santos Jinas baluartes imortais da Ciência Iniciática das Idades como Padres, Pais,  Mentores ou Manus dirigentes da mesma Humanidade.

12) Ou Vatan, a  Língua dos Dwijas, órgão simbolicamente bifurcado nestes por  falarem simultaneamente a Linguagem do Céu e a da Terra. O Vatan é também conhecido como Senzar, a Fala Búdhica, a do Silêncio  (de Shamballah…), do Coração ou Intuicional vibrando em toda a  Natureza. Um dia, a dar-se a ressurreição à face da Terra dos Povos de  Agharta, ela decerto será o idioma universal por que se entenderão todos  os povos como som e objecto perfeitamente unidos numa exteriorização  vocal proveniente do Mundo da Pura Intuição. Sim, é como se canta no Mantram  Búdhico: “Senzar é minha vida, vive em meu coração”…  Raciocine-se sobre o fenómeno da linguagem, pense-se um pouco sobre o  fenómeno da palavra. Alguém tem uma ideia, uma imagem vem-lhe ao  cérebro, os órgãos vocais são movimentados e pronuncia-se um som  convencional. A vibração transmite-se pelo ar, atinge o ouvido de outra  pessoa, dá-se uma série de fenómenos ainda não bem explicados pela  ciência académica e aquela vibração, aquele som é interpretado pela  outra pessoa com a mesma ideia que havia surgido no cérebro da primeira.  Assim nas línguas sagradas, nas línguas primevas, havia uma correlação  directa entre os sons e os objectos, isto é, os sons eram a expressão  sonora dos objectos ou dos pensamentos. As línguas foram-se deturpando,  corrompendo e, hoje em dia, raros idiomas ainda mantêm essa ligação. O  Tupi, o Latim, o Luso-Galaico e o Hebraico são alguns dos que ainda  detêm algo desse poder. Daí a razão da Kaballah, do estudo das letras do  idioma hebraico. Combinam-se as letras hebraicas como se combinam os  símbolos da Química e obtêm-se sentidos e ideias. Todos estes idiomas  são oriundos do Aghartino, da Linguagem Universal de Agharta. Segundo a  Tradição, esta é a futura Linguagem que será ouvida e compreendida por  todos os homens por exprimir directamente as ideias. Logicamente, cada  qual terá a impressão de que está a ouvir o seu próprio idioma natal.

13) OM escreve-se por  extenso AUM. Como sílaba sagrada é o Nome do próprio Logos Planetário,  da Divindade “em quem todos somos e temos o nosso ser”, parafraseando  Santo Agostinho. Quanto à definição de mantram, é a seguinte:  composição em que harmonia, melodia e ritmo estão combinados de acordo  com as leis da Natureza.

14) Agni, o  Fogo Sagrado, “ardendo em chamas brilhantes sobre o Altar… A Alma  Gloriosa do Sol”.

15) No seu livro Missão  da Índia na Europa, Saint-Yves d´Alveydre fala do Ritual  do Brahmatmã actual (ou seja, o Planetário da Ronda vigente, a 4.ª)  sobre a tumba (isto é, Shamballah, o Mundo do Silêncio Móvel, Morada dos  Adormecidos passados e futuros) do anterior Rei do Mundo (ou da 3.ª  Ronda Lunar), usando de uma terminologia profundamente simbólica, que  não interpretarei aqui, a qual se aproxima muitíssimo da descrição feita  por Ferdinand Ossendowsky. Passo a citar:

– O traje cerimonial do Brahmatmã resume  todos os símbolos da Organização Aghartina e a Síntese Mágica, fundada  no Verbo Eterno, de quem é a Imagem Viva.

E assim, as suas sucessivas roupagens  até à cintura levam os grupos de todas as letras que são os elementos do  Grande Aum.

Sobre o seu peito, brilha o racional com  todos os fogos das pedras simbólicas consagradas às celestes  Inteligências zodiacais, podendo o Pontífice renovar à-vontade o  prodígio de acender espontaneamente a Chama Sagrada do Altar, como Aarão  e seus sucessores.

A sua tiara de sete coroas, rematada  pelos santos hieróglifos, expressa os sete graus de descenso e ascenso  das Almas através desses Esplendores divinos que os Kabalistas chamam Sefirots.

Porém este Alto Sacerdote parece-me  ainda mais elevado quando, despojado das suas insígnias, entra sozinha  na Cripta sagrada onde jaze o seu predecessor e, longe da pompa  cerimonial, de todo o adorno, de todo o metal, se oferece ao Anjo da  Morte com a mais absoluta humildade.

Terrível e bem estranho Mistério  Teúrgico!

Ali, sobre a tumba do Brahmatmã, há um  catafalco cujas franjas indicam o número de séculos e de Pontífices que  se sucederam.

A esta ara fúnebre, sobre a qual  repousam certas alfaias da Magia Sagrada, sobe lentamente o Brahmatmã  com as rezas e gestos de seu antigo ritual.

É um Ancião, descendente da belíssima  Raça Etíope, de tipo caucásico, Raça que depois da Vermelha e antes da  Branca susteve o Ceptro do Governo Central da Terra, e levantou em todas  as montanhas essas cidades e esses edifícios prodigiosos que  encontramos em toda a parte, desde o Egipto e a Índia até ao Cáucaso.

Nesta cripta fúnebre em que ninguém  senão Ele penetra, está o Brahmatmã completamente desadornado, desnudo  da cabeça até à cintura; e esta humilde desnudez é o sinal mágico da  Morte.

Ainda que ascético, o seu corpo é  elegante e com uma musculatura forte.

No extremo superior do seu braço, chamam  a atenção três delgadas argolas simbólicas.

Por cima do rosário e da capa branca  ressaltando sobre o negro de sua pele e que cai dos ombros até aos  joelhos, ergue-se uma cabeça de notável dignidade.

Os seus traços são muito finos.

A boca, apesar dos dentes apertados pelo  hábito da concentração intelectual e da vontade, mostra uns lábios  bondosos nos quais flutua a luz interior de uma inalterável caridade.

A barba é pequena, porém bastante  saliente para indicar uma grande energia, confirmada pelo nariz  aquilino.

As sobrancelhas deixam antever uns olhos  bem delineados, fixos e tão profundos quanto bondosos.

Essas últimas, que geralmente costumam  endurecer qualquer fisionomia, deixam intactas nesse rosto uma grande  doçura unida a uma inabalável força.

A fronte é enorme, e o crânio  desguarnecido em parte.

No conjunto, este Mago-Pontífice  representa uma tipologia absolutamente fora do comum.

É certamente o Emblema Vivo do cume de  uma Hierarquia por sua vez Sacerdotal e Universitária, unindo nela de  modo indivisível a Religião e a Ciência.

Quando, concentrado na santidade do seu  acto interior e da sua vontade, o Pontífice une as suas mãos, notáveis  por sua pequenez, na base do catafalco, o ataúde de seu predecessor  corre por um encaixe e sai por si mesmo.

À medida que o Brahmatmã prossegue as  suas orações mágicas, a Alma que evoca age desde o alto dos Céus através  de sete lâminas, ou melhor, sete condutores metálicos que, partindo do  cadáver embalsamado, reúnem-se ante o Pontífice dos Magos em dois tubos  verticais.

Um é de ouro, o outro é de prata, e  correspondem, o primeiro ao Sol, a Cristo e ao Arcanjo Mikael, e o  segundo à Lua, a Maomé e ao Arcanjo Gabriel.

Ante o Soberano Pontífice, porém a certa  distância, estão colocadas as suas varas mágicas e dois objectos  simbólicos: um é uma Romã de ouro, símbolo do Judaico-Cristianismo; o  outro, um Crescente lunar, símbolo do Islamismo.

Pois a oração, em Agharta, reúne num  mesmo Amor e numa mesma Sabedoria todas as Religiões que preparam na  Humanidade as condições do retorno cíclico à Lei Divina de sua  Organização.

Quando o Brahmatmã reza pela União,  coloca a Romã sobre o Crescente e evoca juntamente o Arcanjo Solar,  Mikael, e o Arcanjo Lunar, Gabriel.

À medida que a evocação misteriosa do  Brahmatmã prossegue, as Potências vão aparecendo ante os seus olhos.

Sente ou ouve a Alma a quem clama, sendo  esta atraída espiritualmente por suas evocações e magicamente pelo  corpo que abandonou e por sua armadura metálica que corresponde à escala  diatónica dos sete Céus.

Então, na Língua Universal de que falei,  estabelece-se um diálogo teúrgico entre o Soberano Pontífice evocador e  os Arcanjos que trazem até Ele, desde o cume dos Céus, as respostas às  suas perguntas.

Os signos sagrados desenham no ar as  letras absolutas do Verbo.

Enquanto se desenrolam estes Mistérios,  enquanto se ouve a Música das Esferas celestes, um fenómeno  surpreendente, ainda que semi-físico, sucede na tumba.

Do corpo embalsamado sobe lentamente  para o Brahmatmã que está orando uma espécie de bruma perfumada, em que  se podem ver numerosos filamentos e arborescências estranhas,  semi-fluidicas e semi-tangíveis.

É o sinal que indica que, desde o  longínquo Mundo que habita, a Alma do Pontífice anterior lança, através  da Hierarquia dos Céus e de suas Potências celestes, os raios  concentrados de todas as suas memórias sobre a Cripta sagrada onde  repousa o seu corpo.

Assim se confirma, ainda hoje, tudo  quanto Ram predisse sobre a animação sucessiva que dele receberiam os  seus sucessores que conservassem santa e sabiamente a Tradição do Ciclo  do Cordeiro e a Sinarquia do Carneiro.

Assim é em Agharta, assim foi nas  pirâmides do Egipto, em Creta, na Trácia e até no templo druídico de  Ísis na própria Paris, onde agora se eleva Notre-Dame, o Mistério  Supremo do Culto dos Antepassados.

16) Símbolo andrógino  por excelência do Sexto Luzeiro de Mercúrio, o Senhor dos “Fogos de São  João” como Agnus Castu e Agni Dei resplandecente. Além de assinalar a ressurreição da Igreja Secreta de  João, assinala igualmente a união do Trono (Poder Temporal – Pomo  d’Ouro) com o Altar (Autoridade Espiritual – Cordeiro Pascal).

17) Os Ciganos,  a cuja casta pertencem o que resta das 12 tribos de Israel e algumas  tribos shivaítas idólatras e feiticistas da Índia, são os Bohami,  “apartados de Mim” (o Manu), donde Boémios. A sua  origem obscura remonta há cinco mil anos, ao Mundo de Badagas donde foram expulsos por desrespeito às ordens do mesmo Legislador  Supremo. Como Kara-Maras, em aghartino, são o Povo que negou a  Eleição divina para se condenar a errar pela face da Terra qual “Édipo  de pés inchados”, enfim, qual “Judeu errante”…

18) Refere-se aos Badagas e Todes da Nilguíria e do  Ceilão, apontados por H. P. Blavatsky no seu livro O País  das Montanhas Azuis. Alguns Todes são de compleição  semi-humana, mas, para todos os efeitos, tanto uns como outros são na  face da Terra guardiões de Embocaduras para os Retiros Privados dos  Adeptos Independentes. Quando os lugares onde se acham essas Embocaduras  se tornam públicos, do conhecimento geral, já antes os seus guardiões  se recolheram fechando atrás de si “as portas a sete chaves”,  tornando-as completamente imperceptíveis, somente deixando para trás a  tradição mítica e esotérica do lugar, que o vulgo se encarregará de  cobrir de lenda e superstição. Só o raríssimo Iniciado saberá flanquear  depois, se méritos e préstimos tiver para tanto, o umbral de tão  encantada e decantada porta… E não será por excitação anímica e  fantasias fantasmagóricas auto-criadas e auto-induzidas, mais ou menos  conscientemente para cobrir um eventual “vazio existencial”, que se  chegará a lado algum de mais-valia. Ademais, só quando o discípulo  está pronto o Mestre aparece!

Aprofundando mais o tema do Mundo Jina e  dos Seres Viventes nele, fazendo uso da Linguagem de Akbel que é a das  Revelações do Futuro, tive ocasião de proferir numa carta privada de que  respigo o seguinte trecho que ofereço ao respeitável leitor, muito  especialmente aos condiscípulos da Obra de JHS em Portugal e no Brasil,  indo demonstrar que este tema nada tem de afim com as especulações  oníricas e fantásticas do propagado “espiritualismo sensacionalista”…  auto-suficiente na pobreza da sua ignorância cega:

Já falei sobre os Mundos  Subterrâneos de sobejo, e inclusive no meu livro Os Mestres e  a Iniciação, no capítulo “Sinais de Shamballah”, descrevo  em traços gerais a fisionomia dos habitantes do Mundo de Badagas. Mais  não é possível por diversas razões, uma delas a do juramento de  silêncio. Ainda assim, e como as duas classes TODES E MUNIS são  constantemente evocadas pela nossa Obra em sua mecânica interna, posso  adiante que tanto os Munis como os Todes são SERES ETÉRICOS de uma  Evolução paralela: saíram do Reino Elemental para adentrar o Angélica ou  Barishad sob a direcção directa dos Kumaras. Eles são as Forças Marutas  da Natureza que desde os Mundos de Duat e Badagas actuam sobre a Face  da Terra e nesta, nos lugares altos ou baixos próximos a Embocaduras,  sendo dirigidos pelos Sete Reis de Edom ou Agharta que são os mesmos  Kumaras. Quando actuam na Face da Terra a sua Consciência pode tomar o  corpo físico de alguém, vivo ou morto (cujo corpo não esteja corrompido  pela putrefacção), e assim agir «fantasticamente» junto dos chamados  «vivos». Isto chegou a acontecer com o Roberto Lucíola (mas não só…) e  com o próprio Professor Henrique José de Souza que  nos anos 30-40 do  século XX andou de intimidades com o “Eremita do Parque das Águas” de  São Lourenço (MG), com o seu nome profano ocultando o verdadeiro de  RABI-MUNI! Não vale a pena perguntar-me desse nome profano do PAI JOÃO  que deve permanecer na ignorância do vulgo… e por isso ninguém soube  responder-me sobre o mesmo. Eu só queria ver até onde ia o conhecimento  iniciático de certas e destacadas pessoas… mas tal resultou infrutífero.

V.M.A. no Horto Florestal de  São Lourenço (MG), próximo dum Retiro Jina

Os MUNIS são Seres de compleição branca  aloirada, de aparência «angélica» (FOHAT) e estão sob a direcção de  RABI-MUNI e TARA-MUNI, pelos quais se manifesta a Consciência Cósmica de  AKBEL e ALLAMIRAH ou AKBELINA (6.ª Sistema, 6.ª Cadeia, 6.ª Ronda). São  os Guardiões do “Cone do Sol” e das Embocaduras Sagradas. Representam o  Prémio da Evolução das Almas Salvas… por seus próprios esforços e  méritos. Os TODES são Seres de compleição morena ruiva, de aparência  «diáblica» (KUNDALINI) e estão sob a direcção de SAMAEL e LILITH, pelos  quais se manifesta a Consciência Cósmica de ARABEL e ALGOL ou ARABELINA  (5.º Sistema, 5.ª Cadeia, 5.ª Ronda). São os Guardiões do “Cone da Lua” e  das Talas Sinistras que para aí levam. Representam o Castigo da  Involução das Almas Perdidas… por seus próprios ócios e deméritos.

Numa escala inter-relacional acontece  que o MUNI age através do TODE e este pelo BADAGA, portanto, o BADAGA é a  “personalidade” do TODE ou SEDOTE que, como “individualidade”, expressa  a Mónada Divina assinalada no MUNI.

A mitologia mexicana chama aos  “Homens-Serpentes”, isto é, Iluminados Perfeitos, de SEDOTES, que são os  mesmos BADAGAS da cultura religiosa na Nilguíria e Ceilão. São Seres  físicos densos e também etéricos, por o Plano Físico Denso e Etérico se  interpenetrar tal qual acontece com a Face da Terra interpenetrar o  Submundo até 60-90 kms de profundidade, entremesclando-se os dois níveis  do Plano Físico. Assim, temos:

PLANO FÍSICO

DENSO – MUNDO DA FACE DA TERRA (JIVAS) –  MARTE

ETÉRICO – SUBMUNDO DE BADAGAS (JINAS,  SEDOTES… TODES E MUNIS) – LUA

PLANO ASTRAL

MUNDO INTERMÉDIO DE DUAT (HADES, AMENTI…  MUNINDRAS) – VÉNUS

PLANO MENTAL

SUPRAMUNDO DE AGHARTA (ASGARDI, CANAÃ…  MAHATMAS) – MERCÚRIO

PLANO ESPIRITUAL

CENTRO DIVINO DO MUNDO (SHAMBALLAH,  WALHALLAH ou SALÉM… MANASAPUTRAS e MATRADEVAS) – JÚPITER

Mais ainda, sendo os TODES de natureza  KUNDALINI e os MUNIS de natureza FOHAT, tal qual os MANASA-PUTRAS (Anjos  Terrestres cor de fogo e ruivos) e os MATRA-DEVAS (Anjos Celestes cor  de branco e louros), representantes respectivos dos 3.º Trono ou Logos  (Terra) e 2.º Trono ou Logos (Céu), e sendo por isso SHAMBALLAH o Mundo  Divino plantado na Terra, ela acaba sendo na mesma o próprio Mundo  Celeste do 2.º Trono como “extensão” Dele, temos:

SEGUNDO TRONO

FOHAT

AKBEL

MAITREYA

777 MATRA-DEVAS

RABI-MUNI

777 MUNIS

777 LOKAS  (7 Físicas, 7 Astrais, 7  Mentais)

TERCEIRO TRONO

KUNDALINI

ARABEL

MALIAK

777 MANASA-PUTRAS

SAMAEL

777 TODES

777 TALAS (7 Físicas, 7 Astrais, 7  Mentais)

As TALAS são as Sombras das LOKAS  Luminosas. Razão de um Livro Jina da Biblioteca de Duat dizer a dado  passo: “Sobre as cavernas tenebrosas riam e confabulavam os Deuses”…

19) Novamente o símbolo  da tartaruga como insígnia dos “cem misteriosos Sábios  chineses”: os Traixus-Marutas, cuja Maçonaria Universal  Construtiva dos Três Mundos monta guarda aos 22 Templos  Luni-Solares de Agharta. A parte superior que cobre a tartaruga  corresponde ao Céu, por sua forma arredondada; a parte inferior que a  suporta corresponde à Terra, por sua forma achatada. A concha é,  portanto, uma imagem do Universo, e entre as suas partes o próprio  animal representa, naturalmente, a parte mediana da Tríade Humana: a  Alma, tendo “acima” o Espírito e “abaixo” o Corpo.

20) Trata-se de uma  alusão à transferência dos valores espirituais do ORIENTE PARA O  OCIDENTE, desde 1899, acelerando a decadência do que ainda resta do  “podre e gasto” Ciclo de Piscis, para que cada vez mais brilhe e  floresça o de Aquarius.

O Governo Oculto do Mundo, agindo de  Agharta, sempre necessitou de uma representação na face da Terra, de um  elo de ligação. Este elo estabeleceu-se nos últimos séculos por  intermédio de um Governo Trino existente no Tibete. No ponto mais  elevado desse Governo estava o Bogdo-Gheghen, o Buda-Vivo da  Mongólia, tendo como Colunas-Vivas um Chefe Temporal, o Dalai-Lama,  e um Chefe Espiritual, o Trachi-Lama. Esta  Tríade representou, até 1921, o Governo Oculto do Mundo. Dali irradiavam  as energias espirituais que, através de determinadas Organizações,  controlavam a evolução da Humanidade. Dizem as Revelações que em 1921 “o  Dragão voltou a cauda do Ocidente para o Oriente e a cabeça do Oriente  para o Ocidente”. Isto quer dizer que se iniciou o Ciclo do OcidenteEX OCCIDENS LUX, de acordo com outras profecias anteriores as  quais afirmavam que com o 31.º Buda-Vivo da Mongólia terminava o Ciclo  do Oriente. Ora, nesse mesmo ano o 31.º Buda-Vivo deixou de viver…  passando o seu Espírito a animar o 32.º Buda-Vivo Baal-Bey,  destarte nascido no Ocidente, em plagas virgens brasileiras fecundadas  pelo nobre sangue real lusitano.

E assim, de seu Templo Subterrâneo, o  Rei do Mundo, incansável e vigilante no silêncio do Mistério, do Coração  de Shamballah continua a fazer girar a Roda do tear da Evolução, como  Centro de todas as coisas sem que contudo comparticipe delas,  possibilitando a todos os seres viventes percepções cada vez mais  amplas, vivências cada vez mais rarefeitas no rumo à Grande Unidade  Universal, onde se é Um com Todos e Todos com Um, o que vale por, na  língua sagrada de Agharta, AT NIAT NIATAT.

Por Vitor Manuel Adrião

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Homenagem a Portugal

Homenagem a Portugal


de Maria Ferreira da Silva, em 09 Jun 2006

 

Evocando
Luís de Camões por mais uma passagem do dia 10 de Junho, prestamos homenagem a
Portugal com a Introdução do livro “O Avatāra” de Maria, obra dedicada a todos
aqueles que pela sua realização espiritual, se vão tornando mais conscientes da
responsabilidade universal que cabe a cada um, neste cantinho do mundo.

 

INTRODUÇÃO

Este livro é dedicado aos Discípulos do Senhor Maitreya em Portugal e em todo o mundo.

Este livro é uma narrativa sobre a descoberta dos excelsos e incomensuráveis
mundos interiores no qual, gradualmente, readquiri a consciência divina, numa
recriação de mim própria, aprofundando uma via de comunicação com os planos
invisíveis, e aceitei ser transmissora das missivas de Avataras. Num todo de
felicidade irrompeu a escrita inspirada para registo deste testemunho que o
tempo não apagará. Muitas coisas fizeram parte deste percurso, num plano
divinamente traçado pela Hierarquia Planetária em simultâneo com o Plano Divino
de Portugal, para o nascimento de um Avatāra e futuramente do Senhor Maitreya
no Tibete.

A descida de um Avatāra à Terra implica muito labor em dois níveis de actuação:
o do mundo material e o do mundo espiritual. Requer a preparação das melhores
condições possíveis materiais e físicas para a missão, que será feita por
aqueles que do “outro lado” se prontificaram a colaborar, mas que por vezes,
quando passam a viver no corpo físico na Terra se esquecem das suas ligações e
obrigações cármicas e espirituais. Engloba também a preparação nos planos
invisíveis da aproximação do Avatāra à esfera terrestre, preparando Ele
próprio, com as entidades congéneres, os seres que virão a reincarnar
futuramente, bem como a preparação através das Almas dos que, já reincarnados,
serão o sustentáculo da Sua missão na Terra: pais, professores, amigos e
inimigos e toda uma restante congregação de seres.

Nesta missão em que fui guiada pelos Mestres, tinha entre outras tarefas, a
incumbência de chamar a atenção dos seres que colaborarão um dia com o Avatāra
designado para nascer em Portugal. Alguns, renitentes, foram os espinhos da
missão, para a qual, e por este motivo, tive de manter-me firme, convicta da
minha pureza de intenções e de objectivos. Foi por isso necessário muito
recolhimento, meditação e renúncia ao mundo, para entrar em estados espirituais
que permitissem a comunicação com os Mestres e com Deus, sem interferências, a
fim de melhor confiar em mim, com tranquila e calma aceitação. O caminho é
tanto mais difícil, quanto mais se tem a noção duma missão.

Nos níveis ocultos há também outra congregação de seres actuando em simultâneo,
visível e invisivelmente para dificultar a irradiação da Luz e a descida de um
Avatāra que será a manifestação dessa Luz. É o eterno confronto da Luz com as
Trevas. Eles manobram e tentam por todos os meios, desviar os seres do seu
plano divino e arrastar as energias positivas para um sentido oposto àquele
para que foram precipitadas e canalizadas.

Deus fez-me esta pergunta: “Se a humanidade não se desviasse do seu propósito,
ou os seres do seu plano divino, como se justificaria a vinda de Messias ou
Avatares?

Há pois duas causas: uma, é o impulso evolutivo que um Avatāra vem dar através
de alguma iniciação colectiva e, como Poder manifestado, afectar a humanidade;
outra, é a necessidade de reconduzir essa mesma humanidade ou povos, para uma
atitude mais religiosa e pura de vida, pois aturdidos de tal forma na
frivolidade material, descuidam as suas aspirações espirituais.

Quanto aos seres que têm por missão ajudar um Avatāra directamente, ou os que
têm de preparar a Sua vinda, existe neles, como será evidente depreender,
avançada evolução e fortes personalidades, dificultando até por essa razão o
trabalho a realizar enquanto não atingirem a consciência mais nítida da missão,
tanto no nível físico, como no nível espiritual. Já aconteceu, que seres, sendo
mesmo Avataras, onde a Luz teria de manifestar-se conscientemente, encherem-se
de orgulho, independência e liberdade, numa rebelião contra a missão que
tinham, (pois sempre são espinhosas) e auto-convencerem-se de que têm livre
arbítrio, usando-o abusiva ou incorrectamente.

Um ser quando já tem consciência da manifestação Divina, deixa a ilusão do
livre arbítrio e só tem de preparar-se para cumprir o desígnio Divino, e já não
tem vontade própria, condição ainda inerente àqueles que não têm consciência da
sua divindade. Os que sabem quem são, só têm de aceitar a Vontade de Deus.

Os homens com o seu orgulho, independência e vaidade, abrem brechas que
facilitam a entrada de influências vindas dos inimigos da Luz. Outros ligam-se
a seres que por terem uma vibração menor e pouca evolução, facilmente os
desviam do Plano ou Desígnio Divino, por vezes apresentando-se com intenções
aparentemente nobres. Assim, para se trabalhar com os Mestres e Deus, e cumprir-se na totalidade a missão que
compete, seja como suporte para a descida dum Avatāra, seja mesmo um Avatāra, é
requerido um percurso espiritual intenso de meditação e afastamento da mediocridade
do mundo, o que conduz ao despojamento dos escolhos da personalidade sendo o
modo pelo qual se ouve a própria Alma e Deus. Temos de nos assemelhar na força
a uma árvore que, no meio do deserto se prendeu firmemente à terra e que, mesmo
abanada pela violência dos ventos, por nada será derrubada.

As forças do mal, todavia, são também necessárias à evolução a fim de que o
homem faça um esforço contínuo sobre si mesmo, exercitando a inteligência para
sobrepujá-las e prosseguir robustecido. Pelo seu lado elas também evoluem neste
combate com as forças do bem e isto restabelece o equilíbrio universal e faz
avançar a evolução. O mal existe para que o bem triunfe, e o mal, através do triunfo do bem, evolui. Um Avatāra vem sempre expor verdades espirituais, contudo vive incessantemente um drama, pois a humanidade afasta-se do seu propósito espiritual, ficando as mentes dos homens alheadas dessas linhas, acompanhando dificilmente um pensamento superior. Este drama transforma-se numa representação desempenhada no palco do mundo, sendo o Avatāra a figura principal entre as hostes de seres que o acompanham, (amigos e inimigos), que marca e regista historicamente a vida dum Avatāra.

Assim o objectivo deste livro é narrar um drama menor, numa antecipação e
preparação para um drama maior, que marcará obviamente a vida espiritual e
cultural de Portugal e que irradiará para o mundo a súmula da sabedoria
realizada por Ele nesse momento da vida portuguesa e que, ao transpor as
fronteiras, se tornará naturalmente sabedoria universal.

Este livro, feito a partir dos meus diários, abrange no tempo os anos de 1988 a
1993 e, no espaço para além de Portugal, a Inglaterra, Egipto, Índia, Nepal,
Israel, Itália, Tibete, Tailândia, Madeira e Açores aonde viajei em missão
espiritual.

Como já anunciei há alguns anos num pequeno livro intitulado “ Maitreya vem…”
está a preparar-se um acontecimento de extrema importância que é a vinda do
Senhor Maitreya (para os Cristãos é o Cristo), algures no tempo. Nesse livro conto, como tendo vivido casada e feliz vários anos, recebi inspirações espirituais que me indicavam ser necessário renunciar à família, ao mundo e ingressar num Mosteiro. Acabou por ser num Mosteiro Budista em Inglaterra, Amarāvati, onde aprofundei o desapego e a compreensão da ilusão do mundo e onde intensifiquei também a ligação com os Mestres, que por fim me deram uma missão para a qual tive de deixar também de ser monja e abandonar o Mosteiro, o que constitui agora a narrativa deste livro.

Quem são os Mestres, perguntarão?

Foram seres humanos que, pela sua alta evolução entraram já no Reino
Espiritual, ou são grandes seres de outras evoluções ou origens que não a
terrestre. Fazem parte de uma Hierarquia que liga a Divindade com a humanidade
e procuram realizar o Plano Divino, inspirando os seres humanos. Por todos os
povos têm passado ou surgido, e há narrativas por vezes extraordinárias dessas
protecções e inspirações.

 

Os Mestres da Hierarquia Planetária, da qual a Ordem de Mariz é o ramo
português, e com os quais trabalho são: o Mestre Jesus, que pela facilidade de
ligação, ou afinidade refiro apenas como Mestre; Maitreya (1) ou Cristo, Aquele
que se manifestou em Jesus na Palestina e que vem de novo; Mestre Morya; e
Sanat Kumara, a quem chamam o “Rei do Mundo”.

 

Tenho tentado alertar as pessoas para as realidades espirituais falando dos
Mestres, do Plano Divino e da ligação da nossa História com o trabalho da Ordem
de Mariz, a Ordem Espiritual invisível de Portugal. Afirmo pois a necessidade
de consciencialização de que no momento actual esta mesma Ordem Espiritual está
activa em Portugal, quer nos meios espirituais, quer nos meios culturais, ainda
que insuspeitada. Porém, há ainda muito a fazer-se nesses campos e, se na nossa
História a cultura esteve sempre muito ligada à religião, agora é a hora de dar
mais atenção à espiritualidade. Por isto se entende uma ligação directa com os
próprios Mestres e a Ordem de Mariz. Que a cultura dê as mãos à pura
espiritualidade, que obviamente também ainda se encontra nos ensinamentos e
ambientes religiosos e então teremos uma grande oportunidade de expandir a
nossa cultura, de realizar outros “descobrimentos” e de servir de novo o Plano
Divino.

 

Para compreender-se a importância do momento actual, no qual se prepara por um
lado, a vinda do Cristo ou Maitreya, por outro a do Avatāra nacional, convém saber que em Portugal têm reincarnado nas últimas décadas, muitos seres notáveis da nossa História, e que por dharma (2) ou karma (3), têm de continuar esta missão que vem sendo preparada há séculos. Posso mencionar alguns desses seres, conforme os tenho reconhecido ao longo destes anos. Aquele que foi D.Joäo I, tem feito um trabalho espiritual de ajuda a centenas ou milhares de pessoas. É um dos poucos seres que trabalha em grupo, com consciência de quem é, e da responsabilidade de ser membro da Ordem Espiritual Portuguesa. Também D.Duarte, filho de D.João I, inserido num grupo esotérico tem a consciência de quem foi e está a colaborar activamente, a seu nível com a Ordem de Mariz. Já o Infante Santo, assim como D.Afonso V, o Infante D.Pedro das Sete Partidas, D.João II, D.Afonso 1º Duque de Bragança, Infanta Santa Joana, etc, estão a trabalhar a sós ainda que se conheçam.

São seres de grande envergadura espiritual e trabalham com afinco na elevação
espiritual dos portugueses, preparando-os para aceitarem e aspirarem à vinda de
Cristo-Maitreya, de modo a que o campo astral e mental português e mundial
possa melhorar e permitir a descida desse grande Ser e o êxito da Sua missão.

 

Há muitos portugueses com responsabilidades diversas que foram no passado
Cavaleiros Templários, bem como da Ordem de Cristo e de Aviz. Há já algum tempo
que a Ordem de Mariz dizia, estarem em Portugal os seus membros trabalhando a
diferentes níveis. Hoje que os conheço verifico a veracidade de tal informação.
E porque se juntam de novo tantos seres neste momento? Porque assim como em
alguns momentos cruciais da História, eles se encontraram ligados entre si,
pelos mesmos ideais e lutas e pela ligação espiritual à Ordem de Mariz, assim
também hoje é uma hora importante de cooperação, pois as condições kármicas ou
evolutivas de Portugal requerem a descida de energias mais elevadas trazidas
por esses seres, para um evento tão importante como é, a descida de Avataras.

 

Portugal, por todo o seu passado histórico ou cultural, reuniu incansavelmente
as condições favoráveis para tal evento. Não é um privilégio, mas sim o fruto
de grande trabalho, diverso e muitas vezes até inconsciente. As diferenças dos
níveis de consciência de trabalho resumem-se no seguinte: os que trabalham em
grupos recebem as directrizes da Ordem de Mariz, através de intermediários; e
os mais avançados por intuições, e podendo ou não ter consciência da
proveniência das instruções, os isolados ou independentes, e não são muitos,
recebem conscientemente as instruções da Ordem a até directamente do Senhor
Maitreya, ou de outros Mestres seus colaboradores.

Ao ser um destes, tento agora com este livro feito de diários, ajudar os que se
sentem preparados para estarem sós a compreenderem quanto é necessária a
renúncia a nós próprios a aos outros para o Serviço dos Mestres, bem como os
nossos karmas ou estados evolutivos podem ser acelerados quando a máxima
aspiração brota e flui da nossa Alma. Os Mestres são exigentes e precisamos de
nos temperar com a ousadia da auto-abnegação, não esperando recompensa.
Precisamos de encher o nosso coração com a compreensão do Princípio e do Eterno
e então a felicidade do Amor dos Mestres e de Deus, virá gradual e
despercebidamente, como o crescimento das sementes e das flores.

Só então depois de despida a veste da personalidade, sem apegos e sem desejos
egoístas, é que nos iremos juntar, e tanto pode ser nos planos visíveis, como
invisíveis, trabalhando a um nível superior de consciência, directamente com
Maitreya, inseridos num grupo especial de discípulos, os Iniciados. Temos então
a consciência e a responsabilidade para O receber, ou para prepararmos
intensamente o campo de forças necessário à Sua vinda, quer agora, ou mais tarde.
O que interessa como Serviço é esta preparação energética, quer sejamos nós a
recebê-LO, quer sejam outros futuramente.

Nota (1) – Maitreya, nome que vem do adjectivo sânscrito, “Maitri”, Compassivo
e que é atribuído ao próximo iluminado divino ou Buddha. Corresponde ao Cristo,
esperado na Sua segunda vinda pelos ocidentais, ou a outros seres das profecias
de outras religiões.

(2) – Karma, palavra sânscrita, significativa da Lei de causa e efeito, “o que
semeias, colhes”. É o resultado das nossas acções levadas a cabo em existências
anteriores e nesta vida. Assim a nossa posição actual depende do karma. Os
Upanisads, um dos conjuntos mais sagrados de textos da Índia, dizem: “Consoante
a acção levada a efeito pelo homem, assim será a sua existência futura”.

(3) – Dharma- esta palavra sânscrita, significa lei, dever, missão própria de
cada ser. Dharma e karma não são dissociados, um faz parte do outro, o que vai
sendo construído de positivo em vidas sucessivas, acumula bom karma e é esse
bem adquirido que se transforma em norma ou conduta prescrita.

(4) – Avatar- em sânscrito: Avatāra. Manifestação divina na Terra, incarnação
total ou parcial num ser. Na religião Hindu, Krisna e Rāma são os mais
conhecidos. No Ocidente, Jesus foi um “Avatāra”.

 

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Impresso em 23/10/2011 às 23:17

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Samso – A Ilha Auto-suficiente em Energia não Poluente

Samso
– A Ilha Auto-suficiente em Energia não Poluente

O sonho de existirmos como uma civilização não-poluente
já está a acontecer em Samso, uma ilha dinamarquesa. A solução existe, não
precisa de destruir o meio ambiente, as culturas, etc… e só será colocada em
prática se a humanidade como um todo despertar, principalmente aqueles que
possuem o poder de investimento.Danish Island Is Energy
Self-Sufficient – o vídeo
http://www.cbsnews.com/stories/2007/03/08/eveningnews/main2549273.shtml

Samso: The energy self-sufficient
island – a notícia
http://www.ngpowereu.com/news/samso-energy-self-sufficient/

Samso Energy Agency, SEA – a
agência
http://www.seagency.dk/directions.html

 

 

Partilhado a partir de http://naturologiamiga.blogspot.com/

O Mundo a Despertar: um Pau de 2 Bicos

O
Mundo a Despertar: um Pau de 2 Bicos

O Povo precisa
revoltar-se, sair para as ruas. Isto é óbvio: já não dá para aguentar tanta
injustiça. Porém, por outro lado, é isto mesmo que a elite governante e
corporativa provocou deliberadamente: com o aumento das insurgências populares,
aumentam os níveis de controle e subjugação às populações (física e
tecnologicamente) e criam justificações para controlar (e até mesmo desligar) a
internet, com a desculpa de que os protestos estão a ser organizados pelas redes
sociais. É de registar que maior parte dos focos de violência nas manifestações
estão a ser criados por elementos policiais e de agencias governamentais
infiltrados nas próprias manifestações sob a aparência de cidadãos
comuns.
‘Occupy’ protest spreads to 82 nations
Hundredes of thusands protest internationally against social
inequality
A Fonte da Agenda Internacional para a
globalização tirânica pode ser encontrada em:
Council on Foreigner
Relations