CONTRIBUIÇÃO À BIOGRAFIA DE HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA

CONTRIBUIÇÃO À BIOGRAFIA DE HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA

(por Martha Queiroz)

 

                                       EIS A LUZ DO OCIDENTE

    Teria sido há séculos? Há milênios? Teria sido num lugar ermo do longínquo Oriente? Não. Foi aqui mesmo. Foi neste século da ciência, da experimentação, do racionalismo. Faz pouco tempo. Foi na madrugada de 9 de setembro de 1963, Segundafeira, lunedia, na capital de São Paulo, que se extinguiu uma vida humana, uma personalidade das mais estranhas, na atualidade. Permanece viva, entretanto, uma individualidade ímpar, por isso que vida e morte nada mais são que etapas de atividade em planos diferentes. Às 18 horas daquele triste dia era sepultado no cemitério de São Lourenço, Henrique José de Souza. A multiplicidade de aspectos da personalidade era o que mais o diferenciava dos demais. A 15 de setembro de 1883 a família Souza recebeu, na capital da Bahia, mais um ilustre membro. Não era uma criança que surgia. Era um dínamo em potencial para o brasil, para o mundo. A lei de causa e efeito, assim o determinara. Ex Occidente Lux substituía o Ex Oriente Lux. Sim, a luz do Oriente mudara-se para o Ocidente. O berço dos Avataras, dos iluminados, dos mestres, dos Budas passara a ser a nova terra – a América, o Brasil! E aqui, uma formosa cidade chamada do SALVADOR, por lei de causalidade, porque todo efeito tem uma causa e toda causa gera um efeito. O efeito, o grande efeito estava realizado: nascera, viera ao mundo das lutas um gênio, um mestre, um ser de compaixão, e portanto um incompreendido. Até então coubera ao Oriente a missão de emitir ciclicamente fachos de luz espiritual, centelhas do grande fogo cósmico gerador da inteligência, através de representantes humanos dos mais elevados planos de consciência. Quem são esses homens geniais que marcam pelo brilho de suas prodigiosas mentes a noite de nossas ignorância? A História pouco sabe a respeito deles. A Doutrina esotérica fala-nos que procedem da Ilha Imperecível, da Agarta, situada no Coração da Terra; de certo ponto cósmico, refletido no centro de nosso planeta, vêm ao mundo para trabalhar com a Lei, pelos seres humanos. Surgiam pelas terras do Oriente. Hoje mudou o sentido. De certo ponto cósmico, refletido em outra zona geográfica continuam a brotar as sementes divinas que se apresentam agora no Ocidente. A humanidade é uma sucessão de etapas de um grande programa cósmico, para cuja realização a Lei envia periodicamente mestres, manus e avataras. A História da evolução do homem, a que se aprende nas escolas e se lê nos livros, é falha imperfeita, porque organizada à base de dados exteriores pela aparência de fatos, sem conhecimento das verdadeiras causas. Raros estudiosos, os mais intuídos, alcançam parte da verdade, a respeito das origens do globo terrestre e dos seres que nele habitam.

                                                 MENINO PRODÍGIO

Mas, voltemos à criança que viera ao mundo em 1883 e que regressou aos seus penates em 1963, após intensos 80 anos de vertiginosa atividade. Desde cedo, apresentou peculiares características, observadas a princípio com estranheza pelos que o cercavam, tornando-se com o tempo, habituais aos seus parentes e pessoas mais chegadas. Prever fatos, curar doenças pelo toque de suas mãos, perfumar os objetos que tocava, ver o que não vê, pelo sentido da vista, eram manifestações do seu poder, repetidamente verificadas por amigos e membros de sua família. Essas , porém, eram apenas manifestações exteriores, acessíveis aos olhos de todos. Faziam parte do impulso vital que trazia, da centelha de vontade que nele brilhava como característica mais importante de sua individualidade.

                                           HOMEM – FENÔMENO

Muito tem sido dito a esse respeito. Preferimos hoje citar outras manifestações acontecidas em hora de sua maturidade, do período em que, com meus próprios olhos, com ouvidos atentos, pude observar a criatura que conheci sob o nome de Henrique José de Souza. E não só na personalidade se observava a diferença: os ensinamentos que nos dava, aparentemente desordenados, ora intempestivos, sob uma didática toda especial, ocasionavam impactos mentais e emocionais que indigestaram muita gente e maravilhavam seus discípulos. Todavia, era natural no falar, humilde no fazer, gentil no ensinar, amável quando precisava reclamar, espontâneo para perdoar. Iniciava a palestra a propósito de um assunto em evidência nos jornais ou de simples conversa e, repentinamente lampejava suas maravilhosas revelações, em qualquer ramo do conhecimento, conforme a tônica do ambiente. Essas revelações explicavam sua personalidade, definiam sua individualidade, tornando-a inteligível para seus discípulos, a quem, com a humildade que ra peculiar, chamava de “irmãos”, incentivando-os à ação, ao estudo, estimulando o discernimento. Sempre desejei aprender mais e mais. A oportunidade de conviver 26 anos com um Mestre e que era antes de tudo um paradoxo, um feixe de problemas e, como ele próprio dizia, “O maior dos absurdos”, estimulava minha mente. Apreciava eu os fenômenos, os fatos estranhos que se sucediam dia a dia, meses e anos. Imprevisíveis, diferentes, numa faixa que se alargava cada vez mais, um caleidoscópio que apresentasse combinações inesperadas e novas. Aprendia pelos ensinamentos e pela vivência extraordinária, e anotava em meu subconsciente, para explicação posterior, tudo que, no momento, não pudesse compreender.

                                       CAMINHO DA INICIAÇÃO

Deixara eu o Catolicismo, em cujos dogmas não encontrara explicações para meus problemas interiores. Caíra nos caos da dúvida. Reagia, entretanto, contra a idéia da falta de continuidade da vida humana, tal como os materialistas a consideram. Não admitia que a mente, característica do ser humano, terminasse com a morte. Apresentavam-me algumas pessoas, nessa época, aspectos do espiritismo, mas sua ideologia não me bastava e muito menos suas práticas. Debatia-me nessa ânsia interior, quando alguns sonhos, algumas manifestações psíquicas, desdobramentos (que eu desconhecia por completo) endereçaram-me para a grande porta que se abriria pouco depois para mim. Era uma verdadeira iniciação que eu recebia sem o entender. Eis que certo dia, no Rio, convidaram-me para uma conferência, exaltando-me o assunto e o conferencista. Era na Sociedade Teosófica Brasileira, na Rua Buenos Aires, 81, onde ainda hoje funciona. Hesitei em ir, mas a afirmativa de que essa associação desaconselhava a provocação de fenômenos anímicos, erroneamente chamados espíritas, tão comuns às sessões dessa natureza e que repugnavam a meu modo de pensar, decidiu-me. Fui e lá fiquei até hoje. Era o que eu sempre tinha procurado. Era a resposta a meus problemas, senão hoje, mas amanhã ou depois, quando o amadurecimento, progressiva e normalmente, se processasse em minha evolução pessoal. Primeiro, o conferencista de escol Cuja memória exalto neste momento – Antonio Castaño Ferreira.

Depois, finalmente, o Homem-Fenômeno: Henrique José de Souza, o Professor, como o chamavam e como o chamei até o fim. Bastava-lhe esse título, sob o qual se ocultavam todos os demais. Títulos imensos para funções transcendentes. Na Sociedade Teosófica brasileira, nome que recordava a Grécia, e que dela trazia o impulso da beleza e sabedoria, aprendi o que fosse a verdadeira reencarnação, vulgarmente citada mas pouco entendida e que explica a maior parte dos fatos da vida dos homens. Tomei conhecimento da lei da causalidade que encadeia as coisas do passado em seu itinerário para um futuro. Recebi o “conhece-te a ti mesmo”, como única chave de progresso pessoal. Ensinaram-nos métodos específicos de evolução e, como a infantes, nosso Mestre nos ia levando pela mão, orientando-nos, avisando-nos, protegendo-nos, defendendo-nos, corrigindo-nos. E dele, como instrumento ímpar, irradiavam-se vários aspectos da sabedoria integral ou Teosofia, atualizada, adequada à era vigente. Assim cheguei, por minhas próprias possibilidades, fortemente pressionadas pelos métodos singulares do Professor, à convicção de que estava lidando realmente com Seres que só de longe passam pela face da terra. E agora achava perfeitamente naturais todas as maravilhosas coisas a que assisti e que num ligeiro bosquejo passo a apresentar, talvez desordenadamente mas deixando-as fluírem espontaneamente de minha memória.

                                                FASE FENOMÊNICA

Henrique José de Souza possuía visão ampla e total das coisas, seres munidos, sistemas, universos. Descrevia-os constantemente e o que nos deixava mais perplexos é que do seu ponto de vista, sintético, apresentava-nos o que via, como se todos nós pudéssemos acompanhá-lo integralmente nessa percepção. Dispunha, é claro, de outros órgãos de percepção além dos cinco sentidos. Aplicava-nos métodos para que desenvolvêssemos os outros dois que caracterizarão o futuro da humanidade. Métodos que utilizavam cores, formas, sons, perfumes, palavras, atitudes, idéias. Manejava as matérias física, astral e mental como um desenhista experimentado utilizava seu lápis, com a perícia e a paciência do escultor que modela sua obra prima. Dominava as leis da matéria mas só exercia esse poder em proveito da Lei. Era-lhe inato esse conhecimento, mas não devia infringir o estabelecido, sem razões muito fortes, e somente para favorecer a evolução. Trazia um programa que deveria cumprir a todo custo. Não tinha horário. Pouco dormia, pois era curto o tempo para cumprir seus deveres, transmitindo lições, oralmente e por escrito. Gostava de Ter perto de si alguém esclarecido para transmitir certas comunicações a determinados irmãos. Diariamente escrevia à máquina para registrar no papel o que precisava dizer. Muito sofreu também por dificuldades financeiras. Certa vez, no rio, acompanhado de sua esposa e de um instrutor, sua Coluna, parou em frente de uma casa de câmbio. Na vitrina reluziam várias moedas de ouro. Olhou-as e logo duas delas sumiram por encanto. Então, apresentou uma delas à d. Helena e outra ao TAG. Obteve-as pelo processo de desmaterialização e posterior materialização, através do espesso vidro protetor. Entretanto, avisou: Vão lá pagar, porque senão é roubo. Possuía o poder, não o direito de realizar tal coisa.

                            TRÊS ESPÉCIES DE MATERIALIZAÇÕES

No campo das materializações, que a ciência hoje ou amanhã explicará devidamente, longa é a relação das que presenciei: flores, medalhas, livros, pedras de vários locais e aspectos, perfumes, fitas de graus e ordens, cruzes cristãs, pétalas de lótus, brinquedos, leques, comendas, areia de Itaparica e de outras praias, pomadas para determinadas doenças, pregos, parafusos, bandeiras brasileiras. As mais belas e freqüentes, o que bem demonstravam o valor que atribuía ao brasil, era as da bandeira nacional. Uma delas estava guardada em sua escrivaninha, e dela saia várias vezes em manifestações de caráter cívico, quando se tratava de homenagear nossa Pátria e os que por ela trabalham. Arrancou-a cera vez de sua carne, de seu peito, num esforço e entusiasmo que impressionaram todos que a isso assistíamos. E éramos muitos, em época de uma de nossas Convenções, realizadas aqui em São Lourenço. Parecia que a bandeira saía do interior de sua própria carne, como um filho se desprende de sua origem materna. Era uma exaltação integral ao Brasil, Pátria do Avatara Maitréia. Havia materializações de três espécies: as que ele mesmo provocava; as que se processavam espontaneamente, quando em curso algum ritual em que isso viesse patentear alguma coisa, documentando-a; e aquelas que eram apenas o transporte de objetos que seres de categorias diferentes lhe vinham trazer. Cita-se a devolução de objetos perdidos: canetas, jóias, chaves, óculos, papéis, passagens, documentos, retratos, medalhas. Abrir portas sem a chave fazia parte desse tipo de fenômenos. Pessoa muito conhecida em São Lourenço e já falecida, precisou certa vez retirar de um cofre algo de importância. A chave estava com alguém que viajara. Havia imediata necessidade dessa abertura. Veio implorar ao Professor que a ajudasse nessa emergência. Pois bem, ele foi atendê-la e abriu naturalmente o cofre. “Não vá agora trancá-lo de novo”, avisou. A senhora emocionada e nervosa, agiu por impulso contrário: fechou-o novamente. Sem perder a paciência, o Professor abriu-o um Segunda vez, dizendo que não abriria uma terceira vez. Tudo isso, entretanto não me espantava. Sabia porque ele realizar tais fatos. Estavam dentro de uma ordem preestabelecida. Algumas das materializações se revestiram de circunstâncias de maior significação emocional. Um momento mais solene, uma hora de maior aplicação, um instante imprevisto, e a emoção se apoderava dos assistentes causando pranto coletivo inexplicável. Muitas dúvidas também derivaram da constatação desses fenômenos, provocando afastamento de membros da S.T.B.

                              MAGIA MENTAL – MANAS TAIJASI

Algumas pessoas curiosas e indiscretas vinham pedir-lhe que realizasse fenômenos ou materializações para que sua curiosidade fosse satisfeita. A uma delas, mais impertinente, respondeu: “Não sou saltimbanco, não vivo de fazer mágicas”. Certa vez, estudávamos, na sede do Rio, um assunto histórico. Havia dúvidas e algum debate. Nosso Dirigente observava-nos um pouco de longe, sem opinar. De repente os mais sensíveis sentiram algo diferente no ar que nos envolvia e o olhar agudo do mestre acompanhou qualquer coisa para nós invisível. Esta pousou, ou antes foi posta no alto de um quadro, na parede da sala, representando o Buda. Era um pequeno rolo amarrado com uma fita amarela. Com autorização do Professor, alguém subiu a uma mesa e retirou o rolo. Era uma página de livro, não existente em nossas bibliotecas, esclarecendo o assunto discutido. Livro do mundo dos jinas, outro tipo de , a sementeira aproveitável, desta, em preparo para a nova civilização. A referida página permanece em nossos arquivos, destinados aos que cursam nossa escola iniciática, nos seus quatro graus. Há um livro chamado a “Imitação de Cristo”, de autor desconhecido. O Professor dizia-nos lamentar não possuir um exemplar dessa obra, reputava de grande mérito. O assunto fora trazido à baila por um dos presentes naquela tarde, na sede do rio. Nem fora o Professor quem iniciara. Fez uma pausa, a que já nos acostumáramos , obrigando-nos a ficar atentos. Abriu as duas mãos, juntado-as… e o livro, que tanto desejara estava sobre elas, com uma dedicatória comovente e respeitosa de certo Ser de nosso conhecimento. Passou-o a um dos discípulos presentes e pediu que o guardasse após Ter sido devidamente examinado por todos nós. Morrera uma irmã dedicadíssima à Obra, e figura de relevo em nosso Movimento. Era o dia de uma homenagem e não quisemos avisar nosso Mestre para não entristecêlo, Santa ingenuidade! A mesa da diretoria estava ornamentada com uma cesta de flores em forma de coração. Ao iniciar a sessão, o professor que sempre a abria retirou de dentro das flores uma medalha e mandou que determinados membros presentes fossem levá-la à Irmã falecida, para que acompanhasse nessa despedida. Foi uma hora de emoção. E assim se fez. Essa medalha voltaria a aparecer, entre nós, várias vezes depois, veiculada sempre pela irmã que a levara para o túmulo e que, apresentando-a documentava sua viva presença. Essa medalha estava muito ligada à vida do Padre Anchieta, à falecida, à nossa Obra e ao Brasil.

                JHS RECEBE A VISITA DO PASTOR ANGELICUS

Uma das passagens mais curiosas é a que se refere a fatos da vida de Eugênio Pacelli. Nosso Dirigente vaticinou que ele seria eleito Papa. Durante seu papado, desencadeou-se a Segunda grande guerra. Seu trabalho foi muito dificultado pela conturbação mundial. A despeito de sua sabedoria e descortínio, muitas questões sociais e religiosas permaneceram sem solução. Os jornais noticiavam passagens da vida do Pontífice. Nós a sabíamos com antecedência, dadas pelo Professor As suas comunicações ocorriam graças à capacidade recíproca da percepção direta. Tivemos ciência da famosa manifestação do Cristo a Pio XII muito antes de ser divulgada pelos jornais de todo o mundo. Morrera Pio XII. Então deu-se o fato mais notável: em presença de algumas pessoas da terra, bem conhecidas, e de membros da família de Henrique José de Souza, materializou-se uma esplêndida cruz, das usadas por eminentes autoridades eclesiásticas. O próprio Papa falecido viera trazê-la. Também sua augusta presença foi constatada pelos circunstantes. Essa cruz é uma das relíquias de nosso museu. Depois, um belo terço foi materializado e oferecido à nossa dirigente d. Helena Jefferson de Souza. Como se explicariam tais relações entre um ilustre desconhecido cidadão brasileiro, chefe de uma quase desconhecida Sociedade Teosófica Brasileira, e o poderoso Chefe da Igreja de Roma? É tema para profunda meditação.

                         PREDIÇÃO DO REINADO DE PAULO VI

Depois de Pacelli, disse-nos o Professor, deverá ser eleito Montini. Não fora feito cardeal, não poderia ser candidato. Veio então, como transição, Angelo Roncalli, sob o nome de João XXIII, que preparou o caminho para Paulo VI. Muito poderíamos dizer acerca desses pontífices em relação com os primeiros Apóstolos Pedro e Paulo. Mas é assunto de nossas aulas internas. Há homens que renascem para ocupar seus lugares de guias espirituais da humanidade em suas horas mais difíceis.

 

 

 

                          ASCENÇÃO E DERROTA DO NAZISMO

1940-1944. A guerra ia acesa. A Alemanha avassalava o mundo. Hitler era o ídolo das multidões. Que era o gênio destruidor, sabíamos. Sua superioridade militar era cada vez mais nítida. O massacre dos judeus era a ordem do dia. O pretenso anjo vingador castigava um povo atribulado. Nossa confiança na democracia estava se tornando mais fraca a despeito dos avisos que recebíamos de longo em longe, como se merecêssemos sofrer as angústias da dúvida. Certo dia o Professor informou-nos: “A situação vai melhorar. Reparem o noticiário da imprensa nos próximos dias”. Curiosos, novamente animados em uns quinze dias constatávamos radical mudança nos quadros da guerra. Hitler, antes todo poderoso, agora hesitava. Ficamos sabendo que mesmo em guerra há leis. Anunciou-nos depois o Professor: “Aparecerão seres diferentes , em certa parte do mundo e auxiliarão os aliados”. E logo após os jornais publicavam que “Homens altos e estranhos, em massa, devastaram as hostes inimigas”. Graças a eles, os Aliados puderam vencer a épica batalha de Stalingrado. Sobreveio daí a total derrota do Nazismo. A propósito da moderna arrancada do homem rumo aos planetas, muitas lições recebemos do Professor. Algumas já forma comprovadas pela ciência, outras restam à margem para futuras verificações. Dizia Ele que o homem não devia buscar a lua. E explicava: Ela é o passado da Terra. È um cadáver sideral.

 

 

 

               TRANSFIGURAÇÃO – RADIANTE “BUDDHI TAIJASI”

Fala-se muito em iluminação. Teosoficamente, quando por meio de processos de ioga, o homem vulgar se transforma em homem integral, ilumina os sete princípios. A mente se ilumina. Mas, o que aconteceu em certa época, não muito remota, com nosso Mestre, foi diferente. Ele se iluminou tangivelmente aos nossos humanos sentidos. Ora se iluminava por dentro, como se fosse uma imagem dessas que vemos no meio de objetos religiosos; ora se iluminava em determinadas partes do corpo: mãos, coração, cabeça. No coração rutilava uma jóia, um grande rubi, meio púrpura, meio dourado. E durante vários dias, uma auréola circundou a cabeça do homem simples, prosaicamente sentado de pernas cruzadas, conversando, por vezes assuntos caseiros, sociais, do mundo humano em que vivia. Não era sobrenatural, acessível só aos videntes. Era visão física. Todos os presentes entendessem ou não do assunto, percebiam-no nitidamente. Cheguei a fazer em casa um “croquis”, um rudimentar desenho daquela visão maravilhosa. Ele só se apercebia disso pelos olhares estupefatos dos circunstantes. Queixava-se às vezes de que sua pela ficava queimada, como se estivera exposta ao sol. Não foi um dia ou dois; o fenômeno durou semanas, meses, sem ritmo certo, mas sempre, relacionado com a evolução da Obra nessa etapa. Sua luminosidade empolgavanos a todos.

         REPERCUSSÃO HIPERFÍSICA DOS MARTÍRIOS DA CRUZ

Quando, porém, nos dias tristes de sua vida e da Obra lhe sangravam a testa, as mãos e o coração, como inúmeras vezes se deu, a angústia nos envolvia. Entristecia-nos vê-lo a porejar sangue da fronte, das palmas das mãos ou avermelhando a camisa que vestia, à altura da ferida aberta em seu peito de menino pela ponta de uma lança de gradil, quando brincava n jardim de sua casa. O fenômeno sangrante, acompanhado de angústia, coincidia sempre com fatos graves, obstáculos difíceis no caminho. O mal estar que Ele sentia era tão intenso que nos contagiava e não sabíamos o que dizer ou fazer. Era esperar que passasse. Os motivos, ele os explicaria depois. Tudo isso acontecia em ritmo correspondente às várias fases da Obra. Tudo estava relacionado, embora os discípulos só mais tarde viessem a saber o porquê daqueles acontecimentos de múltiplos aspectos.

                                             CURAS MILAGROSAS

Curas de pessoas à morte, avisos de acidentes a que estivéssemos sujeitos, músicas que ele compunha conforme a hora e o que precisasse ser feito sem que nunca houvesse estudado música: letras para suas composições; talismãs protetores com indicação do material de que deveriam ser executados, hora e dia; levitações e sempre aulas e conselhos e recomendações.

 

 

 

                                                          LABOR

Mas horário para cumprir aquilo que considerava como determinação de Lei, não tinha , ou antes, o horário a que obedecia era regulado pelas leis cósmicas e não pelos nossos relógios. Assim, de repente, às duas ou três da madrugada, ou a qualquer hora, resolvia viajar, e o fazia de carro, com quem pudesse conduzi-lo naquele momento. Não viajava por prazer; sim por dever. Então, mesmo doente, passando mal, realizava a viagem que estava no seu programa, a despeito dos transtornos que isso pudesse causar na administração da família, que girava , aliás, em torno de sua Missão. E os motoristas que corressem, porque Ele tinha pressa! Era-lhe habitual interromper o sono para ir à sua máquina de escrever, ficando longas horas a datilografar os ensinamentos e as instruções que nos queria dar. Muitas vezes eram epístolas de difícil interpretação, que Ele dirigia ao instrutor mais graduado, a quem chamava de “Eco de Sua Voz”, para que este as transmitisse e as comentasse com esclarecimentos verbais aos discípulos de cada casa capitular.

                              SILÊNCIO PARA CONCENTRAÇÃO

Entre milhares de fatos curiosos, vejamos mais um: Realizava-se uma sessão interna que chamamos de ritual. Rio de Janeiro, vésperas de Carnaval. Lá fora, enchia os ares um pandemônio de gritos, buzinas, pandeiros, gargalhadas, cantorias, apitos. Nossa concentração se tornara impossível. Com um simples gesto, para nós inédito, e no momento apenas constatado, o silêncio se fez, e pudemos realizar a reunião tranqüilamente até o final. Depois então explicou-nos o que fizera. Tão simples, para Ele!

 

 

 

                                        MUNDOS SUBTERRÂNEOS

Ao falar-nos sobre os mundos subterrâneos, ilustrava-nos acerca dos Seres de várias hierarquias que os habitam e de suas modalidades de vida. Mundos em outras dimensões, onde nossos corpos físicos não poderiam ir. Grande preparo se fazia necessário e nossas condições de vida não o permitiam. Ele, entretanto, foi algumas vezes, em corpo físico, às regiões de Duat, Agarta e Shamballah – e dessas viagens fazia-nos relatos impressionantes. Para quem vive a três dimensões, respirando o ar que envolve a superfície da Terra, sabiam-nos à Ficção e pareciam-nos absurdos. Ele mesmo não podia permanecer lá muito tempo e na volta apresentava alterações em seu físico. Então relatava-nos o sucedido, aos poucos, como quem nos dá um remédio forte, em doses gradativamente crescentes. Mesmo com essas precauções, e apesar da viva autenticidade desses e de outros fatos maravilhosos, muitos alunos duvidaram e abandonaram a Escola. Alguns passaram até a combatê-la. Todos foram por Ele perdoados. Da aparente confusão do início da Obra, “um círculo com um ponto de interrogação no meio”, como Ele próprio dizia, as noções foram se tornando mais lógicas e claras até formar-se a história integral que era seu dever deixar para os que o acompanhassem até o fim de sua vida na face da Terra, lugar que Ele denominava “Região das tormentas”.

                                              

                                                DISCOS VOADORES

Quando começaram a aparecer Discos Voadores, objetos aéreos não identificados, como os técnicos preferiram chamar, o Professor silenciou a princípio, revelando-nos depois sua origem e finalidade. Eles são originários da Atlântida, continente desaparecido sob as águas, antes da nossa pré-história. Os atlantes já dominavam a energia atômica, que em nossos dias está sendo conhecida e manejada, e que movimentava tais veículos, denominados naquela época “vimanas”. Trazem mensagens e advertências de outros mundos, mas relacionados com diversos estados de consciência, de evoluções, de adiantemente. São seres dessas regiões a que nos referimos como subterrâneas, embora tal nome não possa expressar realmente “uma localização”. Poder-se-ia aceitar que procedam de Marte, de Vênus, de outro planeta, mas como “seus reflexos” internos na Terra. Há relação entre os planetas conhecidos por esses nomes e o Sistema geográfico oculto nos espaços vazios dentro do nosso Globo. Talvez os Discos estejam tentando evitar que os detentores dos governos das grandes potências se desequilibrem e percam o senso da Responsabilidade. Seria uma grande esperança de prevenir a terceira grande guerra. Então, diríamos que eles são os Emissários da Paz. Esta cidade de São Lourenço, por diversas ocasiões, recebeu e recebe visitas dos misteriosos Discos voadores, vistos por grande número de pessoas daqui. Um deles, em fevereiro de 1955, numa tarde ensolarada, veio e permaneceu longo tempo na colina fronteira à Vila Helena, residência de nossos Dirigentes. Em dado momento três seres, de humana aparência, porém muito maiores, se fizeram notar, fora do engenho, e os saudaram à moda teosófica da S.T.B…

                                    A REDENÇÃO DOS JUDEUS

Henrique José de Souza dedicou muitas de suas epístolas ao povo hebreu. Afirmava que não mais deveria ser perseguido por acusações do passado. A Lei de causa e efeito eximira esse povo de todas as culpas que porventura, coletivamente tivesse cometido. Chegava a hora da redenção dos judeus. Revelou-nos sua história oculta desde a divisão da tribos, em lógica seqüência. Falou-nos de Melki-Tsedek; Rei de Salém e sacerdote do Altíssimo, nome sacrossanto exaltado na Bíblia, como Senhor da Paz e da Justiça, a quem Abraão pagava Dízimos cármicos e o próprio Cristo reverenciava. Rei e Sacerdote autogerado, o único Ser que poderia julgar os homens e que não poderia deixar de tomar forma humana na hora predestinada. 1956 foi o ano do Julgamento. Os trabalhos para eximir os judeus do crime de deicídio que lhes fora imputado, iniciaram-se com Pio XII e João XXIII. Agora, após a votação do Concílio, Paulo VI proclamou a absolvição.Com isso, vimos realizado mais um vaticínio de nosso Mestre.

 

                                               A ERA DE MAITRÉIA

Henrique José de Souza é tema para ser desenvolvido nos livros da futura Doutrina Secreta. É a espada que luta contra a ignorância e separa o joio do trigo. É o báculo que encerra o poder de evolução da espécie humana. Ele escreve no Livro das Vidas o programa a ser realizado e determina suas etapas. É Chefe Espiritual mas reveste-se necessariamente de corpo material, sofrendo as angústias da constrição de uma forma imperfeita. Ao despedir-se aqui em Vila Helena, em julho de 1963, a caminho da capital paulista, de onde não mais voltaria com vida, advertiu-nos: “Mudanças radicais se darão na Terra em pouco tempo e mesmo aqui em São Lourenço. Breve não mais reconhecereis esta cidade. Nosso trabalho foi vitorioso, em sua estrutura interna. Vosso trabalho é apenas difundir e construir externamente. Contar ao nosso país e ao mundo o que vistes, ouvistes, aprendestes. Não 12 discípulos apenas, mas número muito maior, com a missão de divulgadores da Era de Aquário, em que um Ser Integral, representando o verdadeiro valor humano, virá ao mundo. Ser que conhecemos pelo nome de AVATARA MAITRÉIA , mas que terá um nome bem dentro da sagrada língua portuguesa. “Ser que encerrará em si próprio o amor da Mãe, a sabedoria do Pai, a onipotência do eterno; palavras ainda incompreensíveis. “Ser que, nascido a 24 de fevereiro de 1949, trará para a Terra, renascida das cinzas, a idade de paz, felicidade, tão desejada e profetizada desde longos séculos, como a Idade de Ouro”.

 

in Revista Dhâranâ nº s 28 – 29 – Janeiro a Dezembro de 1966 – Ano XLI

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